Após mais uma semana de críticas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva à condução da política monetária pelo Banco Central, as expectativas de inflação voltaram a piorar no Boletim Focus.
A projeção para o IPCA – índice oficial de inflação – deste ano oscilou de 5,78% para 5,79%, contra 5,39% há um mês. Para 2024, horizonte cada vez mais relevante para a estratégia de convergência à inflação do BC, a projeção avançou de 3,93% para 4,00%, de 3,70% há quatro semanas.
Considerando somente as 69 estimativas atualizadas nos últimos 5 dias úteis, a mediana para 2023 passou de 5,78% para 5,77%. Para 2024, seguiu em 4,00%, considerando 65 atualizações no período.
Atualmente, o foco da política monetária está nos anos de 2023 e, com maior peso, de 2024. A mediana na Focus para a inflação oficial em 2023 está bem acima do teto da meta (4,75%), apontando para três anos de descumprimento do mandato principal do Banco Central, após 2021 e 2022. Para 2024, a mediana está acima do centro da meta (3,00%), mas ainda dentro do intervalo que vai de 1,50% a 4,50%.
Na Focus divulgado na segunda-feira, a mediana para o IPCA de 2025 aumentou de 3,50% para 3,60%, de 3,50% há um mês. Da mesma forma, a estimativa para o IPCA de 2026 se manteve em 3,50%, contra 3,22% um mês antes. A meta para 2025 é de 3,00% (margem de 1,50% a 4,50%). Ainda não há objetivo definido para 2026.
No Comitê de Política Monetária (Copom) deste mês, o BC atualizou suas projeções para a inflação no cenário de referência com estimativas de 5,6% em 2023 e 3,4% para 2024. O colegiado ainda inseriu um cenário alternativo, em que a Selic fica estável por todo o horizonte relevante. Nesse cenário, as projeções são de 5,5% para 2023 e 2,8% para 2024. O Copom manteve a Selic em 13,75% ao ano pela quarta vez seguida.
O Boletim Focus mostrou ligeira piora no cenário de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) em 2023. A mediana para a alta do PIB em 2023 passou de 0,79% para 0,76%, contra 0,77% há um mês. No entanto, considerando apenas as 42 respostas nos últimos cinco dias úteis, a estimativa para o PIB no fim de 2023 passou de 0,70% para 0,78%.
Apesar de não ter sido divulgado ainda, o PIB de 2022 não faz mais parte do boletim. Para 2024, o Relatório Focus mostrou estabilidade na perspectiva de crescimento do PIB em 1,50%, mesma projeção de um mês atrás.
Para 2025, a mediana passou de 1,89% para 1,85%, contra 1,90% de quatro semanas antes. O boletim ainda trouxe a estimativa para 2026, que está em 2,00% há 48 semanas.
A projeção para o déficit nominal em 2023 melhorou de uma semana para a outra no Boletim Focus. A mediana deficitária passou de 8,10% para 8,00% do PIB este ano. Há um mês, a mediana era negativa em 8,25% do PIB.
No relatório, a projeção de déficit primário em 2023 continuou em 1,10% do PIB, de 1,19% quatro semanas antes.
O resultado primário reflete o saldo entre receitas e despesas do governo, antes do pagamento dos juros da dívida pública. Já o resultado nominal reflete o saldo já após as despesas com juros.
Em relação ao indicador que mede a relação entre a dívida líquida do setor público e o PIB para 2023, a estimativa aumentou de 61,45% para 61,50% do PIB, de 61,85% há um mês.
Os economistas do mercado financeiro aumentaram a estimativa de déficit em conta corrente do balanço de pagamentos para 2023 no Boletim Focus. A mediana deficitária para este ano passou de US$ 47,00 bilhões para US$ 50,00 bilhões, de US$ 46,00 bilhões um mês atrás.
Para a balança comercial, a projeção passou de US$ 57,60 bilhões para US$ 57,20 bilhões, contra também US$ 57,20 bilhões há um mês.
Para os analistas consultados semanalmente pelo BC, o ingresso de Investimento Direto no País (IDP) será mais do que suficiente para cobrir o rombo nas transações correntes este ano. A mediana das previsões para o IDP em 2023 permaneceu em US$ 80,00 bilhões, mesmo valor esperado há quatro semanas.
O cenário da moeda norte-americana em 2023 e 2024 ficou estável nesta semana. A estimativa para o câmbio neste ano continuou em R$ 5,25. Há um mês, a mediana era de R$ 5,28. Para 2024, a mediana continuou em R$ 5,30, mesmo valor de quatro semanas antes.
A projeção anual de câmbio publicada no Relatório Focus é calculada com base na média para a taxa no mês de dezembro, e não mais no valor projetado para o último dia útil de cada ano, como era até 2020. Com isso, o Banco Central espera trazer maior precisão para as projeções cambiais do mercado financeiro.
Com a indicação do Banco Central (BC) de que deve manter a taxa Selic em 13,75% por ainda mais tempo, as expectativas para os juros básicos no fim de 2023 e 2024 ficaram maiores.
No Boletim Focus, a mediana para o fim de 2023 passou de 12,50% para 12,75% ao ano, enquanto para o término 2024 avançou de 9,75% para 10,00%. Há quatro semanas, as estimativas eram de 12,50% e 9,25%, nessa ordem.
Considerando apenas as 81 respostas dos últimos cinco dias úteis, a mediana para o fim de 2023 seguiu em 12,75%. Para o fim de 2024, passou de 9,75% para 10,00%, com 80 atualizações na última semana.