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Mauro Vieira diz que fluência em inglês não deve ser uma exigência

A proficiência na língua estrangeira ser uma exigência do regramento interno da Apex e que foi alterada para o petista Jorge Viana conseguisse assumir o posto

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24 de maio de 2023
Vinicius Palermo
Mauro Vieira diz que fluência em inglês não deve ser uma exigência
Ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, participa de reunião da Comissão de Relações Exteriores e de Defesa Nacional da Câmara. Foto Lula Marques/ Agência Brasil.

O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, afirmou na quarta-feira, 24, que a fluência em inglês não deve ser uma exigência para quem exerce a função de presidente da Apex-Brasil, a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos. Apesar de a proficiência na língua estrangeira ser uma exigência do regramento interno da Apex e que foi alterada para o petista Jorge Viana conseguisse assumir o posto, o chanceler brasileiro alega que o dirigente da agência que “vende” a imagem do País no exterior deveria ser dispensado de falar inglês.

No Itamaraty, Pasta chefiada por Vieira, dominar o inglês e outra língua estrangeira é exigido de quem quer ser diplomata. Mas para o chanceler, no caso de funções de representação, não haveria necessidade de dominar idiomas estrangeiros e que não poderia-se passar a exigir que fosse “poliglota”.

A Justiça Federal anulou na segunda-feira, 22, a nomeação do petista Jorge Viana para o cargo de presidente da agência, depois de o Estadão revelar que ele não tinha fluência em inglês, como exigia a norma vigente quando foi nomeado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em janeiro.

“Com relação à questão de falar inglês, sinceramente não acho que seja indispensável, de forma alguma”, afirmou o titular das Relações Exteriores. “Poderia-se dizer, então se não fala francês, se não fala alemão. Então, teria que ser poliglota. Teria que pedir, para ser presidente da República, que falasse línguas. O presidente Lula não fala inglês e tem contato e diálogo amplíssimo com todos os chefes de Estado.”

Mauro Vieira argumentou que a Apex-Brasil tem funcionários técnicos capazes de fazer a intermediação e contatos com estrangeiros. Ele citou o seminário organizado em Pequim, com mais de 500 empresários, no qual Viana discursou em português.

“A Apex é uma importante agência, tem um corpo funcional grande e muito preparado, que faz toda a intermediação. Não é o presidente da Apex quem faz isso no dia a dia”, afirmou Vieira.

O ministro afirmou ainda que o Brasil deve assinar, até o fim do ano, o acordo comercial entre Mercosul e União Europeia. Segundo o chanceler, o governo brasileiro está examinando um documento enviado pelos europeus com novos itens ambientais, que desequilibrariam as negociações.

“Desejamos um instrumento equilibrado, com ganhos concretos para ambos os lados, tanto em matéria de comércio como de investimentos. Ao mesmo tempo, não aceitamos que o meio ambiente – preocupação legítima e que compartilhamos – seja utilizado como pretexto para exigências despropositadas, para a adoção de medidas de viés protecionista ou, no limite, para retaliações descabidas”, afirmou durante audiência pública na Comissão de Relações Exteriores da Câmara dos Deputados.

O chanceler Mauro Vieira lembrou que o país já se reintegrou à Comunidade dos Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac) e defendeu a Unasul, dizendo que muitas crises foram resolvidas no âmbito do grupo. Ele lembrou o compromisso de Lula – durante a campanha eleitoral – de revalorizar a integração regional.

“Estamos cientes de que há diferentes expectativas e visões na região em relação à integração, mas estamos também convencidos de que há denominadores comuns, a começar pelo reconhecimento da necessidade de trabalhar conjuntamente com nossos vizinhos imediatos para fazer frente aos múltiplos desafios que compartilhamos”, disse Vieira.

Viera destacou ainda que o país adota um “equilíbrio construtivo” na posição sobre o conflito entre Rússia e Ucrânia, ao mesmo tempo condenando a invasão do território ucraniano e criticando o que chamou de “cancelamento” da Rússia pela comunidade internacional, o que dificultaria o diálogo pelo fim da guerra.

Durante a cúpula do G7, realizada no último fim de semana em Hiroshima, no Japão, havia previsão de que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva se encontrasse com o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky. O encontro não ocorreu. A organização de uma reuniãoentre Brasil e Ucrânia foi inicialmente um pedido do país europeu.

O ministro das Relações Exteriores disse que já se encontrou com 90 interlocutores estrangeiros e que o presidente Lula manteve conversas com representantes de 30 países. O chanceler citou ainda negociações com os países sul-americanos sobre segurança das fronteiras e com os Estados Unidos sobre mudanças climáticas.