Economia
Trégua da inflação

Massa salarial sobe e atinge patamar recorde de R$ 274,346 bilhões

Na comparação com o trimestre terminado em setembro, a massa de renda real subiu 2,1%, com R$ 5,603 bilhões a mais.

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28 de fevereiro de 2023
Vinicius Palermo
Massa salarial sobe e atinge patamar recorde de R$ 274,346 bilhões
Adriana Beringuy, coordenadora de Trabalho e Rendimento do IBGE, falou sobre o crescimento da massa salarial.

A massa salarial em circulação na economia do Brasil aumentou em R$ 31,224 bilhões no período de um ano, para um recorde de R$ 274,346 bilhões, uma alta de 12,8% no trimestre encerrado em dezembro de 2022 ante o trimestre terminado em dezembro de 2021.

Os dados sobre a massa salarial são da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Na comparação com o trimestre terminado em setembro, a massa de renda real subiu 2,1% no trimestre terminado em dezembro, com R$ 5,603 bilhões a mais.

“É a maior massa (da série histórica). Quem está puxando é o rendimento, porque a ocupação ficou estável, o que é diferente do que a gente via anteriormente”, lembrou Adriana Beringuy, coordenadora de Trabalho e Rendimento do IBGE.

O rendimento médio dos trabalhadores ocupados teve uma elevação real de 1,9% na comparação com o trimestre até setembro, R$ 51 a mais, para R$ 2.808. Em relação ao trimestre encerrado em dezembro do ano anterior, a renda média real de todos os trabalhadores ocupados subiu 8,3%, R$ 215 a mais.

O crescimento do rendimento médio real está relacionado à trégua da inflação registrada nos últimos meses, que proporciona ganhos reais, mas também à melhora na composição da ocupação, com recuperação da geração de vagas com carteira assinada no setor privado e um aumento nas contratações no setor público, que tendem a elevar o rendimento médio. Ao mesmo tempo, o número de trabalhadores atuando na informalidade diminuiu.

A renda nominal, ou seja, antes que seja descontada a inflação no período, cresceu 2,6% no trimestre terminado em dezembro ante o trimestre encerrado em setembro. Já na comparação com o trimestre terminado em dezembro de 2021, houve elevação de 14,8% na renda média nominal.

“A corrosão da renda pela inflação já foi maior”, apontou Beringuy. “Embora a gente tenha sim o efeito da inflação em 12 meses, ele não é forte o suficiente para impedir ganhos reais, como ocorrera na maior parte do ano de 2021 e primeiro semestre de 2022”, completou.

O ano de 2022 marcou a consolidação da recuperação do mercado de trabalho no País no pós-pandemia, avaliou Beringuy.

“O ano de 2022 foi um ano de consolidação do processo de recuperação iniciado em 2021. Enquanto em 2021 a gente tinha participação muito alta do trabalho informal no processo de recuperação, em 2022, houve consolidação da importância do informal, mas sinalizou recuperação da carteira assinada, contribuindo para a redução da taxa de informalidade no País”, apontou Adriana Beringuy, coordenadora de Trabalho e Rendimento do IBGE.

Em 2022, a taxa média anual de desocupação foi de 9,3%, a mais baixa desde 2015, quando ficou em 8,6%. Em 2021, a taxa de desemprego média era de 13,2%.Já a taxa de subutilização da força de trabalho foi de 20,8%, menor patamar desde 2015, quando estava em 17,4%.

A população desocupada média no ano totalizou 10,015 milhões de pessoas em 2022, 3,873 milhões a menos que em 2021, um recuo de 27,9%.

“No entanto, o número de pessoas em busca de trabalho está 46,4% mais alto que em 2014, quando o mercado de trabalho tinha o menor contingente de desocupados (6,8 milhões) da série histórica da Pnad Contínua”, ponderou o IBGE.

A população ocupada atingiu um recorde de 98,046 milhões de pessoas na média de 2022, 7,4% acima do resultado de 2021, 6,749 milhões de vagas a mais. O nível da ocupação médio – que mostra a proporção de ocupados na população em idade de trabalhar – aumentou de 53,2% em 2021 para 56,6% em 2022.

Além da população ocupada recorde, o mercado de trabalho também registrou as maiores médias da série histórica para o trabalho sem carteira assinada no setor privado e para o número de pessoas trabalhando por conta própria.

A média anual de empregados sem carteira assinada no setor privado aumentou 14,9%, passando de 11,2 milhões em 2021 para 12,9 milhões de pessoas em 2022. O número médio anual de trabalhadores por conta própria totalizou 25,5 milhões em 2022, alta de 2,6% ante 2021.

Já o número médio anual de empregados com carteira de trabalho aumentou em 9,2%, somando 35,9 milhões de pessoas.

“Em 2022, houve manutenção da importância do trabalho informal, mas também um processo de recuperação do emprego com carteira no País. Isso faz com que, associado a um panorama um pouco mais favorável do cenário de inflação, a gente tenha verificado dados que trazem melhoria do rendimento médio do trabalhador em termos reais, assim como redução da taxa de informalidade, e diversas atividades ultrapassando seus níveis de ocupação pré-pandemia. Então foi um ano bastante positivo para o mercado de trabalho”, afirmou Beringuy.