A Marfrig Global Foods encerrou o quarto trimestre de 2022 com prejuízo líquido de R$ 628 milhões, revertendo lucro líquido de R$ 650 milhões em igual período de 2021, informou a companhia, depois do fechamento do mercado. O Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações) foi de R$ 2,2 bilhões, recuo de 52,1% ante o quarto trimestre de 2021.
O Ebitda ajustado recuou 46,8%, de R$ 4,181 bilhões para R$ 2,225 bilhões no quarto trimestre de 2022, enquanto a margem do Ebitda ficou em 6% contra 17,5% um ano antes. Já a receita líquida aumentou 56,2% nos últimos três meses do ano, de R$ 23,94 bilhões em 2021 para R$ 37,38 bilhões em 2022.
De acordo com a empresa, a dívida líquida subiu 76,4%, de RS 21,92 bilhões para RS 38,68 bilhões no período. A alavancagem, medida pela relação entre dívida líquida e Ebitda ajustado, passou de 1,51 vez no quarto trimestre de 2021 para 2,99 vezes em reais e 2,95 vezes em dólares no quarto trimestre de 2022. O fluxo de caixa livre da companhia ficou em R$ 936 milhões no período. A Marfrig informou, ainda, que realizou pagamentos de mais de R$ 600 milhões em dividendos a seus acionistas.
A operação América do Norte, capitaneada pela National Beef, registrou receita líquida de R$ 16 bilhões (US$ 3 bilhões) no quarto trimestre, recuo de 10,3% em relação a igual período de 2021. O Ebitda ficou em RS 751 milhões (US$ 144 milhões), queda de 81,1% na mesma base comparativa. Além disso, o lucro bruto recuou 69,5% ante o ano anterior, para US$ 244 milhões.
Já a margem bruta foi de 8%, 17 pontos percentuais abaixo da registrada no mesmo período de 2021. A National Beef representa, atualmente, 43% da receita líquida total da Marfrig.
Nos últimos três meses do ano, o volume total comercializado pela unidade de negócio foi de 559 mil toneladas, aumento de 7,6% na comparação interanual. Do total, 487 mil toneladas foram destinadas ao mercado interno dos EUA, enquanto 72 mil toneladas foram para exportação.
No acumulado de 2022, a receita líquida da Operação América do Norte foi de US$ 11,9 bilhões, uma expansão de 1,7% em relação ao ano anterior. “Em razão do maior volume de vendas e maior preço médio de exportações (11,2% a mais do que em 2021), que compensaram o menor preço médio no mercado doméstico”, diz a empresa em comunicado.
O Ebitda ajustado atingiu US$ 1,3 bilhão e a margem Ebitda ajustada foi de 11,1%. No ano, o volume total de vendas da foi recorde, com 2,1 milhões de toneladas (+2,3% ante 2021). As vendas no mercado doméstico nos EUA representam 87% do total. Os principais mercados premium internacionais, como Japão e Coreia do Sul, foram destinos de aproximadamente 60% do volume de vendas.
“Até meados de 2022 o consumo de carne bovina e a oferta ajudaram no desempenho. No fim do último ano, a demanda pela proteína no mercado doméstico caiu e as margens ficaram levemente mais baixas. A queda se deu em razão da pressão inflacionária”, disse o CEO da Operação América do Norte da Marfrig, Tim Klein. “Para 2023, nós projetamos margens melhores, com desempenho sólido. Não há nada no horizonte que nos preocupe.”
Já a Operação América do Sul, que engloba Brasil, Argentina, Uruguai e Chile, teve desempenho melhor no período. A receita líquida da unidade subiu 9,5%, para R$ 6,6 bilhões no quarto trimestre de 2022. O lucro bruto da operação somou R$ 928 milhões nos três últimos meses de 2022, alta de 67,6% na comparação com o quarto trimestre de 2021.
O Ebitda alcançou R$ 529 milhões, com margem Ebitda de 8%. A operação representa 18% da receita líquida total da Marfrig, enquanto BRF abocanha 39%. O volume de vendas da foi de 377 mil toneladas, 10,7% maior na comparação anual.
No acumulado do ano, a receita líquida da Operação América do Sul bateu novo recorde, chegando a R$ 27,6 bilhões, uma expansão de 22,6% sobre 2021. O resultado é explicado pelo aumento de 14,2% no preço médio total de vendas e, principalmente, pelo incremento de 23,6% no preço médio, em dólares, das exportações.
O Ebitda ajustado da operação alcançou R$ 2,3 bilhões, avanço de 157% em bases anuais. A margem Ebitda ajustada ficou em 8,4%, e o lucro bruto foi de R$ 3,7 bilhões, 93% maior na mesma base comparativa. As exportações representaram 64% da receita total da América do Sul, alta de seis pontos porcentuais quando comparados ao desempenho de 2021, sendo que 75% das vendas internacionais tiveram como destino China e Hong Kong. A companhia possui 13 habilitações para a China, sendo 7 delas no Brasil, 2 na Argentina e 4 unidades no Uruguai.
Em comunicado, a companhia informou que a consolidação da BRF também propiciou o aumento do número e a maior diversificação dos mercados consumidores atendidos. No atual cenário, os Estados Unidos aparecem como o maior mercado da Marfrig, com uma participação de 42% das receitas líquidas totais. Na sequência, estão o Brasil, com 22%, a China e Hong Kong, com 11%, o Oriente Médio, com 6%, e o Japão e a Europa, cada um com 4%.
“A aquisição do controle da BRF foi um movimento estratégico importantíssimo, que evidencia nosso olhar de longo prazo”, diz, em nota, o controlador e presidente do Conselho de Administração da Marfrig, Marcos Molina dos Santos.