Economia
Moda casual

Mango, concorrente da Zara, volta ao Brasil para tentar conquistar classe média

Inicialmente, o e-commerce da Mango oferecerá apenas peças do universo feminino, mas a depender do desempenho, pode haver expansão.

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10 de março de 2023
Vinicius Palermo
Mango, concorrente da Zara, volta ao Brasil para tentar conquistar classe média
A operação da Mango será restrita ao e-commerce.

Dez anos depois de fechar sua última loja no Brasil, a marca espanhola de moda Mango voltará a ser comercializada no País – agora, no mundo virtual. O retorno da Mango ocorre em meio aos investimentos da empresa para ampliar a internacionalização e enfrentar a sua rival, também espanhola, Zara.

Por aqui, o retorno da Mango tem uma responsável: a Dafiti, que terá a exclusividade dos produtos da empresa. O e-commerce de moda adquiriu os direitos de revenda dos produtos da companhia espanhola e será a representante da fast fashion no País. O investimento não foi divulgado.

Fabio Fadel, diretor comercial da Dafiti, diz que os produtos da Mango chegam ao portfólio de itens do segmento premium do site depois de uma negociação que durou nove meses. O executivo afirma que a escolha da Mango se deu pela relevância internacional.

“Não é um produto difícil de digerir, porque ele tem informação de moda, mas é um produto comercial, casual e tradicional, o que é de fácil entrada no público feminino e no da Dafiti”, diz Fadel.

Inicialmente, o e-commerce da Mango oferecerá apenas peças do universo feminino, mas, segundo o executivo, no futuro, a depender do desempenho, a empresa deve ampliar a grade de produtos com itens masculinos e infantil.

Fadel afirma que, assim como na Espanha, por aqui a principal concorrente da nova etiqueta será a fast fashion Zara, empresa que desembarcou no Brasil pouco antes de a Mango fechar suas lojas aqui. “A nossa ideia é promover esse acesso dessa marca e brigar (por mercado) com a Zara”, diz.

O especialista em varejo e fundador da Varese Retail, Alberto Serrentino, explica que, assim como a Zara, a Mango está posicionada no mundo como um produto de fast fashion massificado, mas no Brasil, dado o custo de importação dos produtos, acaba sendo reposicionada no mercado local como um item premium. “Quem viaja conhece a Mango, porque a marca está no mundo todo”, diz. Por aqui, as peças chegam ao site de moda com tíquete médio das peças entre R$ 280 e R$ 300.

A Mango fechou 2022 com cifra de negócio de 2.688 milhões de euros, o que supõe um crescimento de 20,3% em relação a 2021 e de 13,2% em relação a 2019, quando a empresa alcançou sua cota anterior.

O incremento das vendas se produziu paralelamente a uma importante melhoria da rentabilidade, que marca a melhor cifra dos últimos dez anos. A Mango fechou 2022 com um resultado bruto de 103,3 milhões de euros, mais 26,2% que no ano anterior.

Toni Ruiz, conselheiro delegado de Mango, disse que a empresa teve um dos melhores exercícios, superando circunstâncias complexas de mercado e optando por realizar fortes investimentos com visão de futuro e ambição.

“Nos consolidamos como um dos principais grupos da Europa da indústria da moda e demonstramos a validade e fortaleza de nosso modelo de negócio, com base em um ecossistema único de canais e parceiros”, afirmou Toni Ruiz”.

Nos últimos anos, a empresa recuperou os fundamentos, com o design próprio como ponta de lança e a inovação como valor fundamental de todos os departamentos da empresa.

O resultado bruto finalizou 2022 em 436,6 milhões de euros, 14 milhões de euros acima do registrado em 2021. O resultado veio em meio a um cenário macroeconômico e geopolítico difícil, com a guerra da Ucrânia, suspensão das operações da Mango na Rússia, a alta da inflação e a valorização do dólar. A margem bruta chegou a 56,9%, ante 58,2% em 2021.

O cancelamento das operações diretas na Rússia teve um impacto negativo no resultado de aproximadamente 20 milhões de euros, correspondendo principalmente a penalidades por fechamento de lojas, desvalorização do rublo e cancelamento de operações diretas.

A empresa terminou 2022 com uma dívida líquida de 82 milhões de euros (face aos oito milhões negativos de 2021), no quadro do processo de expansão e investimentos.

Paralelamente, em 2022 a Mango assinou com o seu pool bancário um acordo de refinanciamento vinculado, pela primeira vez na história da empresa, a critérios ESG (ambiental, social e governança corporativa). A empresa alongou o cronograma de pagamento de seus compromissos financeiros, melhorou o preço de sua dívida, dobrou a disponibilidade de linhas rotativas de circulação e introduziu critérios de sustentabilidade, um dos vetores de desenvolvimento da indústria da moda.