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Mais duas cidades anunciam planos para enfrentar crise habitacional

Foshan, localizada na província de Guangdong, revelou, na segunda-feira, 13, que incentivará empresas estatais locais a comprar e finalizar projetos habitacionais inacabados.

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14 de maio de 2024
Vinicius Palermo
Mais duas cidades anunciam planos para enfrentar crise habitacional
O primeiro-ministro chinês, Li Qiang

As cidades chinesas de Foshan e Nanjing anunciaram planos para adquirir moradias não vendidas, inacabadas ou antigas. As iniciativas ocorrem no mesmo momento em que Pequim busca absorver o excesso de oferta de apartamentos, como solução para a atual crise imobiliária do país.

Foshan, localizada na província de Guangdong, revelou, na segunda-feira, 13, que incentivará empresas estatais locais a comprar e finalizar projetos habitacionais inacabados. A cidade também incentivará a participação em um programa de troca para renovar apartamentos antigos e transformá-los em moradias públicas. Foshan oferecerá ainda subsídios para encorajar residentes a venderem seus imóveis antigos e mudarem-se para novas habitações.

No sábado, 11, Nanjing, a capital da província de Jiangsu, anunciou que planeja reformar ou adquirir estoques de moradias e convertê-los em habitações públicas. Essas medidas seguem iniciativas similares adotadas por outras cidades chinesas nas últimas semanas.

Os anúncios foram feitos após os principais formuladores de políticas chineses expressarem preocupação com os projetos habitacionais não vendidos ou inacabados. A situação imobiliária chinesa reflete condições de liquidez mais restritas para empresas e menor consumo no país.

Especialistas do setor avaliam positivamente essas políticas. O economista-chefe da JLL para a China, Bruce Pang, considera que as medidas podem acelerar a desestocagem no setor imobiliário e oferecer moradias mais acessíveis. O analista da ANZ Research Zhaopeng Xing espera que mais cidades adotem abordagens semelhantes.

A China começará a vender nesta semana a primeira leva de um total planejado de 1 trilhão de yuans (US$ 138,37 bilhões) de bônus com vencimento ultralongo, no momento em que Pequim busca dar mais apoio à economia do país. A venda será realizada de maio a novembro, com um montante não especificado de títulos do Tesouro especiais de 30 anos a serem emitidos nesta sexta-feira, de acordo com uma publicação no site do Ministério das Finanças da China. Os títulos com prazos de 20 e 50 anos serão vendidos a partir de 24 de maio e 14 de junho, respectivamente.

O primeiro-ministro chinês, Li Qiang, anunciou o plano de venda de títulos em um relatório de março e disse que Pequim poderia continuar realizando vendas por vários anos para levantar fundos para apoiar megaprojetos e setores estratégicos.

No mesmo relatório, Li anunciou uma meta de crescimento econômico para 2024 de cerca de 5%, uma meta que os economistas consideraram ambiciosa, o que pode ajudar a explicar por que Pequim recorreu a títulos especiais do Tesouro para estimular o crescimento apenas pela quarta vez no último quarto de século.

A emissão dos títulos especiais do Tesouro era amplamente esperada, embora tenha ocorrido um pouco antes do previsto, disse o economista Becky Liu, chefe de estratégia macro da China no Standard Chartered. Liu acredita que há uma possibilidade cada vez maior de que sejam feitas novas emissões.