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Surpresa eleitoral

Macron rejeita pedido de renúncia do primeiro-ministro

Os resultados das eleições do último domingo (7) elevaram os riscos de paralisia na segunda maior economia da União Europeia.

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08 de julho de 2024
Vinicius Palermo
Macron rejeita pedido de renúncia do primeiro-ministro
O presidente da França, Emmanuel Macron

O presidente da França, Emmanuel Macron, rejeitou um pedido de renúncia do primeiro-ministro Gabriel Attal na segunda-feira, 8, e pediu que ele permaneça temporariamente no cargo, após o surpreendente resultado das eleições legislativas deixar o governo em um limbo político.

Os eleitores dividiram o Parlamento francês entre a esquerda, o centro e a extrema-direita, não deixando qualquer uma das facções sequer próxima de garantir a maioria absoluta para a formação de um governo. Os resultados das eleições de domingo (7) elevaram os riscos de paralisia na segunda maior economia da União Europeia.

O principal índice acionário francês abriu em queda nesta segunda, mas logo se recuperou, possivelmente porque os mercados temiam uma vitória absoluta da extrema direita ou da coligação esquerdista.

Attal disse que permaneceria no cargo se necessário, mas apresentou sua renúncia formal na manhã desta segunda. Macron, que o nomeou há apenas sete meses, pediu de imediato ao premiê que siga no cargo “para garantir a estabilidade do país”. Fonte: Associated Press.

Como nenhuma aliança conquistou maioria na eleição ao parlamento francês neste domingo, 7, a formação de um governo provavelmente será difícil, avalia o Commerzbank em relatório. Uma liderança de esquerda conseguirá implementar apenas algumas de suas promessas, mas, ainda assim, é esperado que o já elevado déficit do país aumente.

A coalizão Nova Frente Popular, formada há apenas algumas semanas, ganhou 182 dos 577 assentos, enquanto a frente de centro liderada por Emanuel Macron se saiu melhor do que o esperado e ainda tem 168 cadeiras. O Reunião Nacional (RN), de extrema direita, ficou com 143 vagas. “A razão para o resultado surpreendente é o comportamento tático dos partidos de esquerda e centro. Eles queriam evitar a qualquer custo a vitória do RN e, portanto, retiraram seus candidatos menos promissores para aumentar as chances de o candidato remanescente ser eleito”, aponta o texto.

Com 59,7%, a participação dos eleitores foi significativamente maior do que em 2022 (38,1%), o que provavelmente prejudicou o RN, avaliam os analistas do Commerzbank. “Embora o RN tenha ficado bem aquém de seu objetivo eleitoral de uma maioria absoluta, aumentou significativamente seu número de assentos no parlamento (2022: 89 assentos).”

Como nenhum bloco chega perto de alcançar a maioria (289 assentos), a estabilidade da Nova Frente Popular é questionável. O primeiro-ministro indicado pelos partidos dependerá “da tolerância do campo de Macron e talvez até dos Republicanos (LR), que poderiam derrubá-lo a qualquer momento junto com o RN em uma moção de desconfiança.” Este é um dispositivo da constituição francesa que permite o parlamento questionar o ocupante do cargo.

O líder do partido França Insubmissa (LFI), Jean-Luc Mélenchon, é crítico à União Europeia (UE). Do outro lado do espectro político, o mesmo se aplica ao RN. “Isso provavelmente tornará a cooperação dentro da UE mais difícil”, aponta o Commerzbank.