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Lula embarca para G77 em Cuba

Este ano, sob a presidência de Cuba, o encontro do G77 + China terá o tema “Desafios Atuais do Desenvolvimento: Papel da Ciência, Tecnologia e Inovação”.

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16 de setembro de 2023
Vinicius Palermo
Lula embarca para G77 em Cuba
Presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva, se despede do Vice-presidente, Geraldo Alckmin, e embarca para Havana, Cuba, onde participa da Cúpula do G77. Foto: Ricardo Stuckert/PR

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva embarcou, na sexta-feira (15), para Havana, capital de Cuba, para participar da Cúpula do G77 + China. Na sequência, seguirá para Nova York, nos Estados Unidos, onde fará o primeiro discurso do debate geral de chefes de Estado da 78ª Assembleia Geral das Nações Unidas (ONU), na próxima terça-feira (19).

Este ano, sob a presidência de Cuba, o encontro do G77 + China terá o tema “Desafios Atuais do Desenvolvimento: Papel da Ciência, Tecnologia e Inovação”. O grupo criado em 1964, com 77 países-membros, foi ampliado e atualmente é composto por 134 nações em desenvolvimento do Sul global pertencentes à Ásia, África e América Latina. A união do bloco com a China ocorreu nos anos 1990. 

Em Havana, Lula também cumprirá agenda de trabalho com o presidente de Cuba, Miguel Diaz-Canel. Será a primeira viagem oficial de um mandatário brasileiro ao país caribenho em nove anos. A última foi em 2014, quando a ex-presidente Dilma Rousseff esteve em Havana. 

A ditadura de Cuba indicou ao governo brasileiro que não tem condições de pagar a dívida atrasada e vencida de US$ 490 milhões de Havana com Brasília, em atraso desde 2018. No total, a dívida chega a US$ 1,1 bilhão. Os cubanos também esperam “flexibilidade” do governo Lula (PT) para conseguir retomar os pagamentos.
O pedido de renegociação e flexibilidade aconteceu em conversas políticas informais entre a ditadura cubana e o governo brasileiro, mas ainda não há um documento oficial com o pedido, nem houve reunião dos dois lados em nível técnico para poder cobrar, segundo fontes ouvidas pela reportagem com conhecimento sobre as negociações.
Segundo uma fonte, a determinação do Brasil é de receber os valores e não há discussão sobre moratória ou calote. A intenção de Cuba é ´renegociar a dívida, até para “sair da situação de default, para poder ter acesso a novos empréstimos, porque países em débito não podem obter novos financiamentos”, disse uma das fontes.
Até o momento, autoridades ligadas à ditadura cubana disseram a representantes brasileiros que Cuba não possui meios para o pagamento das suas obrigações neste momento, e que pretendem renegociar a dívida em reuniões que ainda serão marcadas.
Os atrasos começaram em meados de 2016 e se agravaram a partir de junho de 2018, quando o país caribenho parou de pagar suas parcelas de financiamento às exportações brasileiras junto ao BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social). A maior parte dos recursos emprestados via BNDES foi para financiamento do projeto do Porto de Mariel, que fica a cerca de 40 km de Havana.

Em Nova York, cabe ao governo brasileiro fazer o primeiro discurso da Assembleia Geral da ONU, seguido do presidente dos Estados Unidos. Essa tradição vem desde os princípios da organização, no fim dos anos 1940.

Será a oitava vez que o presidente Lula abrirá o debate geral dos chefes de Estado. Nos oito anos em que governou o Brasil, em seus dois primeiros mandatos, ele deixou de comparecer apenas em 2010. 

Lula também participará do lançamento de uma iniciativa global para promoção do trabalho decente, juntamente com o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden. Ainda estão previstas outras reuniões bilaterais, multilaterais e ministeriais entre os países participantes e diversos organismos internacionais à margem da assembleia. 

O presidente viajará aos Estados Unidos acompanhado de ministros, que deverão participar de diversas reuniões temáticas nas áreas de direitos humanos, saúde e desarmamento.