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Lula diz que sociedade está precisando de mais Estado

Ao citar a violência policial e de gênero, o presidente Lula disse que a necessidade mais polícia significa que há menos Estado.

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16 de março de 2023
Vinicius Palermo
Lula diz que sociedade está precisando de mais Estado
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, durante lançamento do novo Programa Nacional de Segurança Pública com Cidadania (Pronasci II). Durante a cerimônia, houve a entrega de 270 viaturas para Patrulhas Maria da Penha. Foto: Jádson Alves/Agência Brasil

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou na quarta-feira, 15, que a sociedade brasileira precisa de mais Estado, o que, em sua visão, interfere na qualidade de vida dos cidadãos. Ao citar a violência, em especial a policial e de gênero, o chefe do Executivo disse que a necessidade mais polícia significa que há menos Estado.

“Quanto mais polícia você necessita, significa que menos Estado você tem”, declarou, em evento de lançamento do Programa Nacional de Segurança Pública com Cidadania (Pronasci), na quarta-feira, 15, no Palácio do Planalto. De acordo com ele, o Estado está presente com a saúde, educação, cultura, lazer e “em tudo aquilo que a sociedade precisa para viver”.

Lula citou que há uma imagem ruim da polícia no Brasil e, assim, como o povo tem “medo” da polícia, e ela também tem medo do povo. “Mais importante que prender o cidadão, é saber o que esse cidadão vai fazer quando estiver preso e for solto”, disse. Segundo ele, se não for dado a um jovem de 18 anos a esperança quando for preso, ao sair da cadeira o cidadão sairá “pior do que entrou”.

“O Estado brasileiro não pode continuar omisso aos problemas da sociedade”, disse, citando a importância de “salvar” a periferia e não aceitar a violência contra mulher. Em mais aceno ao combate à violência de gênero, ele pontuou que tal violência não está apenas restrita à periferia, mas existe também na classe média.

O presidente também destacou a diferença de trato policial nas diferentes classes sociais. “O que precisamos é mudar o papel do Estado brasileiro.”

Lula participou de uma megasolenidade no Palácio do Planalto de lançamento do novo Programa Nacional de Segurança Pública com Cidadania (Pronasci). No evento, o governo petista anuncia a entrega de 270 viaturas policiais para Estados que foram compradas por meio de licitação feitas no governo do ex-presidente Jair Bolsonaro.

Desde o início do mês, o ministro da Justiça, Flávio Dino, vinha alardeando a ação na área de segurança em suas redes sociais. O anúncio também foi propagandeado pela Secretaria de Comunicação (Secom) da Presidência da República. Os veículos serão destinados para ações de segurança contra violência perpetradas contra as mulheres. Mas o governo Lula omite que as viaturas foram compradas pela gestão do antecessor.

Durante o evento, Dino chegou a brincar que não precisará pedir ao ministro da Fazenda, Fernando Haddad, para a liberação de recursos para a compra de novos veículos. O governo pretende entregar mais 230 viaturas até o fim deste ano. O ministro, contudo, não informou à plateia no Palácio do Planalto que os carros já foram comprados e estão sob posse da União aguardando apenas a destinação.

A gestão do ex-ministro da Justiça e Segurança Pública Anderson Torres, que se encontra preso por suspeita de envolvimento na tentativa de golpe de 8 de janeiro, fez uma concorrência em dezembro do ano passado para comprar as viaturas policiais. No total, o pregão envolveu aquisições no valor de R$ 338 milhões na compra de uma fronta de 2806 veículos.

Os 270 veículos das marcas Toyota, Chrysler e Fiat entregues na quarta passaram por uma fábrica para serem convertidos em viaturas policiais e já receberam a logomarca do governo petista e do programa recriado Pronasci. Segundo Dino, embora os veículos tenham sido adquiridos pela gestão passada, o Ministério da Justiça não pretende desfazer a licitação.

O presidente teve também um almoço com o almirantado do Comando da Marinha. A reunião marca um gesto de Lula aos militares, relação que ficou estremecida com os atos antidemocráticos de 8 de janeiro, em Brasília, na invasão às sedes dos Três Poderes. Desde então, criou-se uma desconfiança em relação aos militares, que cultivavam estreita relação com o ex-presidente Jair Bolsonaro.

Dias antes de ser nomeado comandante do Exército por Lula, o general Tomás Miguel Miné Ribeiro Paiva afirmou que a vitória do petista nas urnas foi “indesejada” para “a maioria” dos fardados, mas “infelizmente” ocorreu.

As declarações foram feitas em 18 de janeiro e vieram a público no último dia 28. No encontro, foram apresentados os campos de atuação do Poder Naval e os programas estratégicos da Marinha, com ênfase no Programa Nuclear da Marinha (PNM) e no Programa de Submarinos (PROSUB). Além disso, também foram tratados o cronograma de entregas de novos meios e a situação orçamentária da Força.