Economia
Retomada

Lula diz que PIB mostra que economia não cresceu nada no ano passado

Segundo ele, o compromisso agora é fazer a economia do País voltar a crescer e fazer investimentos, para gerar empregos e renda.

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02 de março de 2023
Vinicius Palermo
Lula diz que PIB mostra que economia não cresceu nada no ano passado
Lula e o ex-presidente do Uruguai, José Mujica: Trabalho para a economia voltar a crescer. Foto: Ricardo Stuckert/PR

O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, afirmou na quinta-feira, 2, que o resultado do Produto Interno Bruto (PIB) divulgado no período da manhã mostra que a economia brasileira não cresceu “nada” no ano passado. Segundo ele, o compromisso agora é fazer o País voltar a crescer e fazer investimentos, para gerar empregos e renda.

“Hoje (quinta-feira) foram publicados os dados do último trimestre do ano passado. A economia brasileira não cresceu nada, nada no ano passado. Então, o desafio que temos agora é fazer a economia voltar a crescer, e temos que fazer investimentos”, disse Lula, durante o lançamento do programa Bolsa Família.

Conforme informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o PIB brasileiro caiu 0,2% no quarto trimestre de 2022 ante o terceiro trimestre de 2022. O resultado veio abaixo da mediana (-0,1%) das estimativas dos analistas consultados pela reportagem, que esperavam desde um recuo de 0,9% a uma alta de 0,4%.

O presidente afirmou que o governo não está prometendo que o Bolsa Família “vai resolver todos os problemas da sociedade” e afirmou que é necessário, em paralelo, uma política econômica de geração de emprego e transferência de renda, através de salários.

Como uma das medidas, o presidente afirmou que não pode permitir que obras continuem paralisadas no País e que é necessário retomar todas que estão suspensas, de diferentes setores.

“Nos últimos quatro anos, o ex-presidente investiu apenas R$ 20 bilhões em obras de infraestrutura. Nós, somente este ano, já anunciamos R$ 23 bilhões, ou seja, em um ano, vamos colocar mais dinheiro do que eles colocaram em quatro. Isso deve valer para educação, pra saúde, pra casa, pra escola, pra creche, porque senão não gera o emprego que precisa gerar.”

Lula afirmou que, para economia crescer, é necessário investimentos privados, mas também ressaltou a importância de investimentos públicos.

Segundo ele, bancos públicos vão voltar a investir recursos para gerar emprego, desenvolvimento e distribuição de renda efetiva. “Só vai gerar emprego se a economia crescer e, é preciso, primeiro, que haja investimento privado e, se não houver investimento privado, que haja investimento público. Não é que a gente quer que o Estado faça as coisas que o privado tem que fazer, mas, se o governo federal não investir dinheiro como indutor do desenvolvimento, nada vai acontecer.”

O presidente da República sugeriu que o Ministério Público faça um convênio entre Estados e Ministério do Desenvolvimento Social para fiscalizar o recebimento do novo Bolsa Família, diante da alta de casos de fraude no sistema para receber o benefício. Segundo ele, o compromisso de todos é de fiscalizar programa para que dê certo.

“Esse não é um programa de um governo, de um presidente da República, é um programa da sociedade brasileira e que só vai dar certo se a sociedade assumir a responsabilidade de fiscalizar o cadastro único que estamos fazendo”, disse o chefe do Executivo. “O programa tem que chegar somente na mão de quem precisa”, completou, pedindo ajuda na fiscalização séria de todos, incluindo da imprensa brasileira.

“Não queremos intermediários”, destacou Lula. “Somente quem tem que saber quem vai receber são vocês e a Caixa Econômica Federal “

O presidente reforçou o anúncio já feito pela presidente da Caixa, Rita Serrano, no evento, dizendo que o pagamento do novo Bolsa Família começará no dia 20.

Lula afirmou que o programa é apenas um pedaço das coisas que o governo precisará fazer. “Não vai resolver todos os problemas”, disse.

Segundo ele, alinhado ao benefício, tem que vir política de crescimento econômica, geração de empregos e transferência de renda através dos salários.

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse que o resultado mais fraco sugere arrefecimento da atividade para este ano.

“A razão evidente é que houve uma reação do Banco Central às atitudes do governo anterior no período eleitoral, que ensejou o aumento da taxa de juros e que explica essa desaceleração. Tudo que nós estamos fazendo agora é para reverter esse quadro para que o Brasil possa retomar uma curva ascendente de crescimento do PIB. Nós estamos em uma curva descendente agora”, afirmou Haddad, ao chegar à sede da pasta.

O ministro disse que o governo não trabalha com perspectiva de recessão, mas ponderou que a manutenção da Selic em 13,75% ao ano enseja uma desaceleração da economia.

“As medidas que estamos tomando vêm justamente ao encontro do desejo do BC em reduzir as taxas de juros para que a economia não sofra os efeitos da política monetária”, repetiu o ministro da Fazenda.

Questionado sobre os ataques da presidente do PT, deputada Gleisi Hoffmann (PR), ao presidente do BC, Roberto Campos Neto, Haddad respondeu que respeita o posicionamento do partido, mas lembrou que a Fazenda se manifesta “de maneira institucional” em relação à autoridade monetária.

“Todo mundo conhece minhas opiniões sobre política fiscal e monetária. A cada entrevista reitero meu posicionamento. Há uma grande oportunidade neste ano de reverter esse quadro de desaceleração sem prejudicar a população de baixa renda”, completou.