Economia
Divergências

Lula diz que nem sempre concorda com Haddad, mas fala que ministro tem 100% da sua confiança

Lula disse ser saudável ter esse tipo de divergência, como as que tem com Haddad. Apesar disso, afirmou que o ministro da Fazenda é “muito importante para o País”.

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27 de junho de 2024
Vinicius Palermo
Lula diz que nem sempre concorda com Haddad, mas fala que ministro tem 100% da sua confiança
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (e) e o ministro da Fazenda, Fernando Haddad (d)

O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, disse na quarta-feira, 26, em entrevista ao UOL, que nem sempre concorda com seu ministro da Fazenda, Fernando Haddad, nas discussões sobre a economia. Contudo, frisou: “Ele tem 100% da minha confiança.”

Lula disse ser saudável ter esse tipo de divergência, como as que tem com Haddad. Apesar disso, afirmou que o ministro da Fazenda é “muito importante para o País”.

“O Haddad é uma pessoa muito importante para mim, muito importante para o País. Quero muito bem ao Haddad. Obviamente nós temos divergência (eu e Haddad), mas isso é saudável. O Haddad tem 100% da minha confiança, o Rui (Costa) tem 100% da minha confiança. Os ministros todos têm minha confiança porque eu mantenho uma equipe boa”, afirmou o presidente da República.

Lula citou o ministro da Casa Civil, Rui Costa, por causa das divergências internas que o ex-governador da Bahia protagoniza no governo, especialmente com Haddad e outros integrantes da equipe econômica.

O presidente defendeu seu ministro da Casa Civil e disse que a sua função é a de “dizer não” a outros ministros, além de estar em conflito, em muitas oportunidades, com outras pastas.

“Temos que compreender o papel da Casa Civil, ele Rui Costa tem um papel que coloca ele em confronto com outros ministros. A primeira demanda à Presidência passa pela Casa Civil, que passa para mim ou com um acordo para eu referendar, ou quando há uma divergência crônica, aí eu decido”, afirmou.
Segundo Lula, cabe a ele “aconchegar” as pessoas depois dos embates internos com a Casa Civil. “Então o Rui faz o papel dele, de dizer não e eu aconchego as pessoas”, completou.

O presidente defendeu que possa haver uma diferenciação na reforma tributária em relação ao imposto que incidirá sobre as carnes. Lula defendeu que itens consumidos por pessoas ricas não sejam totalmente isentos, enquanto outros, sim.

A discussão envolve a diferenciação que alguns produtos terão com a reforma tributária. A proposta de emenda à Constituição (PEC) aprovada no ano passado – cuja regulamentação está em discussão no Congresso neste momento – estabelece a possibilidade de alguns produtos serem incluídos na cesta básica (e, portanto, totalmente isentos do CBS e IBS, impostos agregados que serão criados com a reforma). Outros itens terão 60% de redução.

“Nós estamos discutindo várias coisas. Vamos discutir na reforma tributária quais itens a gente quer que não pague imposto e quais a gente quer. Os empresários querem que a gente isente toda a carne. Acho que a gente tem que mediar. Tem carne consumida por gente de padrão alto e a carne que o povo consome. Pode fazer a separação. Não vamos taxar frango, é o que o povo come todo dia”, afirmou o presidente.

O presidente disse que a nova política tributária a ser regulamentada neste ano deve ser considerada para “resolver o problema da arrecadação”. Lula havia criticado novamente a desoneração da folha de pagamentos, cujo veto à prorrogação foi derrubado pelo Congresso Nacional.

Segundo ele, a política faz com que o Estado abra mão de recursos e que não pode ser perene. Na ocasião, o petista mencionou a reforma tributária como uma solução para a questão.

“Dá para consertar. Nós temos que ter em conta que nós vamos ter uma nova política tributária ainda neste ano, se Deus quiser, para a gente poder resolver o problema do pagamento do imposto e o problema da arrecadação”, afirmou o presidente.

Lula prosseguiu: “O Brasil muda de padrão a hora que a gente tiver aprovada a reforma tributária”.  O presidente também disse saber que “não se pode gastar mais do que se arrecada”.