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Lula diz que não quer Forças Armadas em favelas e, que, enquanto for presidente

A questão no Rio de Janeiro, pontuou, deve ser feita com uma ação conjunta de todas as forças de segurança, mas cada uma dentro do seu limite.

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27 de outubro de 2023
Vinicius Palermo
Lula diz que não quer Forças Armadas em favelas e, que, enquanto for presidente
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou a falar do papel dos militares no seu governo.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou a falar do papel dos militares no seu governo. Com críticas à gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), Lula disse que o que houve no 8 de janeiro em Brasília foi um “desvio” de um governante “que achava que poderia utilizar as instituições como instrumento dele para fazer política”. Lula reforçou a ideia de distanciar militares na ativa da política, e afirmou que não pretende usar este efetivo para atuar nas questões de segurança do Rio de Janeiro.

“Eu não quero as Forças Armadas na favela, brigando com bandido. Não é esse o papel das Forças Armadas”, disse o presidente durante café da manhã com jornalistas na sexta-feira, 27. Lula também foi enfático ao declarar que não pretende acionar a o dispositivo de Garantia da Lei e da Ordem (GLO) durante sua gestão. “E, enquanto eu for presidente, não tem GLO. Eu fui eleito para governar esse país e vou governar esse País”, afirmou.

A questão no Rio de Janeiro, pontuou, deve ser feita com uma ação conjunta de todas as forças de segurança, mas cada uma dentro do seu limite. “Mas a gente não vai fazer nenhuma intervenção, como já foi feita há pouco tempo atrás, em que se gastou uma fortuna com o Exército do Rio de Janeiro e que não resolveu nada. Quando você faz uma intervenção abrupta, os bandidos tiram férias”, declarou o presidente.

Sobre militares, o presidente disse que seu governo está tentando mostrar para a sociedade que “que militar não é melhor que civil e civil não é melhor que militar”. “Os dois são brasileiros, os dois estão subordinados a uma Constituição”, disse.

Lula concluiu falando sobre a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que determina que o militar que quiser entrar na política deixe as Forças Armadas. “Ele não pode entrar na política e voltar para dentro da caserna”, afirmou o presidente.

Lula fez uma mea-culpa pela rejeição do advogado Igor Albuquerque Roque para comandar a Defensoria Pública da União (DPU) no Senado nesta semana. O presidente afirmou que “possivelmente” tem culpa por ter sido submetido a duas cirurgias e ficado ausente do debate nacional.

“O fato de eles não terem aprovado o Igor para a Defensoria Pública, possivelmente eu tenho culpa porque estava hospitalizado, não pude conversar com ninguém a respeito dele, não pude sequer avaliar se ele fosse ser votado ou não”, declarou o chefe do Executivo.

Lula disse não saber com quantos senadores ou líderes que Roque conversou, mas lamentou não ter conseguido falar com nenhum senador a respeito da indicação. A previsão, em sua visão, é que fosse uma votação tranquila, mas não foi o que aconteceu. “Vamos ter que ter mais cuidado ao conversar com quem vota.”

O petista afirmou que não é papel do Congresso Nacional dizer “amém” ao Executivo e que negociações com os partidos políticos fazem parte da democracia. Lula voltou a pontuar que o Congresso é conservador, mas que ele representa o voto da população. Segundo ele, será preciso então mudar a cara do Parlamento nas próximas eleições.

“Eu acho que é importante que o Parlamento se autorrespeite, que o Parlamento queira fazer as coisas e que a gente tenha capacidade de, nessa intervenção na relação com o Parlamento, convencer aquilo que é importante para o Executivo e aquilo que é importante para o Parlamento”, disse. “Eu não vejo nisso nenhum problema. Vejo nisso uma coisa própria da democracia, num país democrático.”

Em meio às críticas que o governo recebeu por anunciar políticos do Centrão nos ministérios, Lula voltou a negar que tenha negociado com o bloco. “Fiz negociação com partidos políticos”, pontuou. Segundo ele, é direito do PP e do Republicanos exigir espaço na gestão.