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Lula diz que Estado vai ser indutor do desenvolvimento

Durante a cerimônia de anúncio de empreendimentos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) no Piauí, Lula classificou o programa como o começo de uma história que já deu certo no Brasil.

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31 de agosto de 2023
Vinicius Palermo
Lula diz que Estado vai ser indutor do desenvolvimento
Presidente Lula anuncia, em Teresina, Empreendimentos do PAC no Estado do Piauí, no Centro de Convenções. Foto: Ricardo Stuckert/PR

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse na quinta-feira (31) que o Estado brasileiro vai ser indutor do desenvolvimento. “Se o governo não tiver credibilidade, se não oferecer garantias, estabilidade política, estabilidade jurídica, estabilidade social. Não é apenas ter mais energia ou menos energia. É preciso saber se as condições sociopolíticas e jurídicas estão garantindo que as pessoas coloquem o seu dinheiro e por aquele dinheiro recebam o resultado dele como lucro, para gerar os empregos”. 

Durante a cerimônia de anúncio de empreendimentos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) no Piauí, Lula classificou o programa como o começo de uma história que já deu certo no Brasil. “O que estamos fazendo aqui é provar que o Estado brasileiro, no nosso governo, vai ser indutor do desenvolvimento. É por isso que a gente quer saber, em cada região, o que é necessário”. 

No Piauí, a previsão é que o programa invista R$ 56,5 bilhões em obras e serviços – incluindo a duplicação da BR-343 (Teresina – Altos), a construção da BR-330, a adutora de Jaicós, a Barragem Nova Algodões e moradias do Minha Casa, Minha Vida. Segundo a Casa Civil, que coordena o Novo PAC, os investimentos para o estado foram distribuídos da seguinte forma: Educação, ciência e tecnologia – 14,6 bilhões, Cidades sustentáveis – R$ 11,5 bilhões, Transporte eficiente e sustentável – R$ 10,5 bilhões, Transição e segurança energética – R$ 7,3 bilhões, Água para todos – R$ 7,2 bilhões, Inclusão digital e conectividade – R$ 3 bilhões, Saúde – R$ 1,1 bilhão, Inovação para indústria da defesa – R$ 900 milhões e Infraestrutura social – R$ 300 milhões. 

Na prática, os recursos serão usados na construção de creches, unidades básicas de saúde, linhas de transmissão de energia elétrica, barragens, adutoras, moradias, por meio do programa Minha Casa Minha Vida, além de contemplar projetos em energias renováveis. Entre as obras aprovadas no Novo PAC também estão melhorias em algumas das principais rodovias do Piauí, como a BR-343, BR-316 e BR-330. 

O Novo PAC foi lançado pelo governo federal em 11 de agosto e prevê investimentos de R$ 1,7 trilhão em obras e projetos em todo o país, com foco em moradia, mobilidade urbana e energia.  

O ministro da Casa Civil, Rui Costa, visitará todos os estados do país, apresentando as obras do programa e buscando novos investimentos privados. O giro começou na semana passada, em São Paulo. Em alguns estados, como na quinta-feira no Piauí e na sexta-feira (1º) no Rio Grande do Norte, a agenda contará com a presença do presidente Lula. 

Lula afirmou ainda que que a desoneração de receitas do governo federal deve beneficiar os trabalhadores, não apenas os empresários. Além disso, segundo ele, medidas como essa devem prever o impacto nos demais entes da federação, especialmente os municípios. 

Em evento em Teresina, no Piauí, Lula comentou a aprovação do projeto de lei que prorroga a desoneração da folha de pagamentos para 17 setores da economia até 31 de dezembro de 2027. 

“Cada vez que for discutida desoneração, é preciso cuidar de colocar os empresários, colocar os trabalhadores e colocar o governo pra discutir, porque é preciso saber se a desoneração vai beneficiar só o empresário ou se ela vai beneficiar os trabalhadores que trabalham naquela empresa, que têm o direito de ganhar alguma coisa pelo benefício que o governo deu para aquele setor da economia”, disse Lula. 

O presidente lembrou que, durante a gestão de Dilma Rousseff, de 2011 a 2015, o governo federal desonerou R$ 540 bilhões, sem contrapartida. “Isso significa a gente não colocando os trabalhadores para negociar, só um lado ganha e nós queremos com os dois lados ganhando”. 

Segundo Lula, as prefeituras do país estão em crise financeira diante da queda de arrecadação do governo federal, em razão da consequente diminuição do compartilhamento de receitas. Ele destacou que o Executivo federal está preocupado com a situação dos governos municipais. 

“Cada vez que desonera, que o governo federal perde receita, no fundo, quem perde receita é o município que recebe do Fundo de Participação dos Municípios, que não tem dinheiro, não vai para ele”, disse. 

“É na cidade que está o problema da saúde, da educação, é na cidade que está a rua que não tem asfalto, que não tem esgoto, é na cidade que falta ônibus, então nós temos que tratar o prefeito com muito respeito sempre. Agora mesmo, nesse momento, que os prefeitos estão vivendo uma crise financeira muito séria. Na medida que cai arrecadação do governo federal, cai o Fundo de Participação dos Municípios e a gente vai sempre dando mais obrigatoriedade para os prefeitos sem repassar a quantidade de dinheiro equivalente às obrigações”, argumentou Lula. 

O presidente afirmou também que a ex-presidente Dilma Rousseff merece um pedido de desculpas pelo processo de impeachment que sofreu em 2016. Na semana passada, por unanimidade, o Tribunal Regional Federal (TRF) da 1ª Região, sediado em Brasília, manteve a decisão que arquivou uma ação de improbidade contra Dilma sobre o caso das “pedaladas fiscais”. As acusações serviram de base para o impeachment

“Eu acho que algum pedido de desculpas, em algum momento, alguém tem que fazer. Não é possível que você inventa uma mentira, você derruba uma presidente, você destrói parte do Brasil, depois a Justiça diz que aquele crime não existiu e ninguém pede desculpa. Fica uma coisa muito sem explicação para a sociedade, além do que da destruição da imagem das pessoas durante vários anos. Todo mundo sabe o que a Dilma passou”, disse Lula, durante evento em Teresina, no Piauí. 

“Eu não sei como é que fica a situação política brasileira, porque a Dilma foi condenada por uma pedalada e, agora, a Justiça Federal de Brasília absolveu a Dilma, diz que ela não cometeu o crime. Obviamente que ela não pode querer voltar para o governo, porque eu não vou sair para ela entrar, ela vai ter que esperar”, brincou o presidente. 

A 10ª Turma do TRF julgou uma apelação do Ministério Público Federal (MPF) contra decisão de primeira instância que, no ano passado, arquivou a ação contra os acusados. 

Dilma e os demais integrantes de seu governo foram acusados pelo MPF de improbidade pelo suposto uso de bancos públicos para “maquiar o resultado fiscal”, atrasando por parte da União repasse de valores às instituições, que ficou conhecido como “pedaladas fiscais”.