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Crédito barato

Lula diz que Estado pode ser indutor de crescimento

Lula disse que o governo irá utilizar os bancos públicos não para prejudicar bancos privados, mas para trazer alternativas.

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07 de novembro de 2023
Vinicius Palermo
Lula diz que Estado pode ser indutor de crescimento
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva durante a abertura do 6º Brasil Investment Forum (BIF 2023), no Palácio Itamaraty. O evento reúne ministros e representantes do setor empresarial para discutir as oportunidades no Brasil para investidores estrangeiros. Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, afirmou que o governo federal não venderá ativos públicos, mas fará com que eles se tornem competitivos e compartilhem relação com a iniciativa privada. Ao enaltecer a importância do Estado e dizer que ele pode ser um indutor do crescimento, Lula disse que o governo irá utilizar os bancos públicos não para prejudicar bancos privados, mas para trazer alternativas.

Na avaliação do presidente, não é preciso diminuir o Estado para valorizar a iniciativa privada. Segundo ele, se o Estado se colocar como “indutor de desenvolvimento de um país”, é possível ter o Estado “fazendo investimento sadio para a gente crescer”.

“Tenho fé em Deus e tenho fé no nosso governo que nós vamos utilizar os bancos públicos não para prejudicar bancos privados, mas para oferecer alternativas e oportunidades de créditos a juros mais baratos, de longo prazo, para que a indústria brasileira se transforme definitivamente numa indústria competitiva”, disse Lula, em fala na abertura do 6º Brasil Investment Forum – BIF 2023 na terça-feira, 7, no Palácio do Itamaraty. “No nosso governo, a gente não vai tentar vender a cama para a gente dormir no chão, a gente não vai vender ativos públicos, vamos fazer com que eles se tornem tão competitivos e que compartilhem relação com iniciativa privada para que a gente possa melhorar.”

O chefe do Executivo comentou que os Estados Unidos estão tentando subsidiar a chamada indústria verde para financiar uma nova matriz energética. “Nós não vamos subsidiar, vamos apenas incentivar e, se depender da vontade do governo, quem quiser fazer investimento para produzir carro verde, bicicleta verde, carne verde, não precisa procurar, tem um lugar chamado Brasil”, afirmou.

Em fala direcionada ao vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Geraldo Alckmin, Lula questionou: “Ao invés de 600 e pouco bilhões de dólares de comercio exterior, por que a gente não estabelece meta de chegar a 1 trilhão de dólares de comércio exterior e vamos buscar isso?”

No acumulado do ano até outubro, o Brasil já acumula US$ 80,2 bilhões de saldo na balança comercial, e US$ 484,7 bilhões de corrente comercial, segundo dados do MDIC. A previsão é de que, ao final do ano, a corrente alcance o patamar de US$ 575,3 bilhões.

Aos empresários, Lula prometeu que o governo garantirá estabilidade política, fiscal e jurídica para investimentos e que os bancos públicos ofertarão crédito mais barato. Para o presidente, o Brasil tem uma janela de oportunidades e potencialidades para atrair novos investimentos. Ele defendeu a mudança do modelo de desenvolvimento para uma economia verde, com indústria e agricultura mais tecnológicas e negócios mais inteligentes.

O presidente prometeu também que o governo vai garantir estabilidade política, social, jurídica e fiscal. “Queremos garantir a possibilidade de vocês colocarem a inteligência empresarial para que este país cresça cada vez mais”, disse.

Lula deu o exemplo do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), que já reteve mais recursos para investimentos e que, no governo passado, foram devolvidos ao Tesouro Nacional. “O BNDES vai voltar a ser um banco de investimento e desenvolvimento para que possa restabelecer a possibilidade de emprestar dinheiro a taxa de juros baixos e de longo prazo.” Ele acrescentou que o governo não vai subsidiar negócios, apenas incentivar.

O presidente reafirmou que a economia vai crescer quando o dinheiro circular na mão da população e enfatizou que a questão climática é urgente. “A questão climática não é mais loucura de professor da Universidade de São Paulo, não é mais loucura de ambientalista, não é mais loucura de nenhum jovem desvairado. A questão do clima é muito séria, e o planeta está dando um aviso: ‘cuidem de mim, não me destruam, que vocês serão destruídos junto comigo.’ Este é o recado que estamos vendo nos ciclones, nos furacões, nas secas”, disse o presidente, citando a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva.

“Ao invés de alguém não gostar da Marina porque ela defende muito a Amazônia, precisa começar a gostar da Marina, porque ela começou a fazer por nós aquilo que já deveríamos fazer por nós mesmos”, destacou.

O presidente participou na manhã de terça-feira, no Palácio do Itamaraty, da abertura da sexta edição do Brasil Investment Forum, evento sobre as oportunidades no Brasil para investidores estrangeiros. O fórum é uma parceria entre o governo federal, o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil).

Lula foi acompanhando de um time de ministros, entre os quais, os da Fazenda, Fernando Haddad; do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet; do Meio Ambiente, Marina Silva; da Agricultura, Carlos Fávaro; e da Casa Civil, Rui Costa.

O evento ocorre terça-feira e quarta-feira (8), e a programação inclui painéis temáticos sobre a diversidade de iniciativas que podem atrair investimentos para o país. Os temas em discussão abrangerão transição energética, desenvolvimento sustentável, inovação e tecnologia, agronegócio e negócios de impacto.