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Lula diz não ter problema com agronegócio e fala em resistência ideológica

O petista trava relação tensa com alguns segmentos do agronegócio, desde que tomou posse neste seu terceiro mandato.

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13 de junho de 2023
Vinicius Palermo
Lula diz não ter problema com agronegócio e fala em resistência ideológica
O presidente Lula falou sobre sua relação com o agronegócio. Foto: Ricardo Stuckert/PR

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou na terça-feira, 13, que “nunca teve problema” com o agronegócio e atribuiu uma possível resistência do setor ao seu governo a divergências ideológicas. O petista trava relação tensa com alguns segmentos do agronegócio, desde que tomou posse neste seu terceiro mandato.

“Governei oito anos esse País. Eles sabem tudo o que fizemos nesse País, eles sabem da responsabilidade com o salto de qualidade que tivemos no agronegócio por causa do financiamento que nós fazíamos. Eles sabem que, do ponto de vista econômico, eles não têm problema conosco, do ponto de vista de financiamento. O problema pode ser ideológico. Se for ideológico, paciência, nós vamos estar em campos ideológicos diferentes”, afirmou o petista durante a estreia do “Conversa com o Presidente”, live aos moldes da feita semanalmente pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) para divulgar medidas do governo.

“A gente vai caminhando. vamos anunciar o Plano Safra agora, e eles vão perceber que, da parte do governo, não há nenhuma objeção a eles”, reforçou o presidente. Lula trava relação tensa com o agro, que apoiou majoritariamente a malsucedida candidatura à reeleição de Bolsonaro.

O presidente voltou a pregar que não há incompatibilidade entre pequenos, médios e grandes produtores e disse que eles precisam viver em harmonia.

“Eu fiz questão de dizer na feira de Pernambuco (na verdade, o discurso foi feito na feira do agronegócio de Luís Eduardo Magalhães, na Bahia): não há incompatibilidade entre o pequeno e o médio produtor e o grande produtor. Isso está na cabeça de quem não quer pensar direito. O Brasil precisa dos dois, os dois ajudam o Brasil. Precisamos ajudar os dois, e eles têm que viver em paz porque cada um ajuda o outro.”

O presidente falou ainda sobre a repartição das atribuições da Conab entre os ministérios do Desenvolvimento Agrário e da Agricultura, feita pelo Congresso Nacional na MP da Reestruturação da Esplanada. “A gente agora repartiu a Conab com a agricultura familiar e agricultura empresarial. A gente precisa de estoque regulador. Se tiver crise no mundo, a gente precisa garantir de que não vai faltar nem o arroz e nem o feijão para o nosso povo.”

O presidente da República afirmou que o governo vai lançar, a partir de 2 de julho, um programa para “grandes obras de infraestrutura”. “A gente resolveu recriar essas políticas públicas, para, a partir de 2 de julho, lançar um programa de grandes obras de infraestrutura em todas as áreas”, disse.

O presidente não deu detalhes sobre o programa, mas a iniciativa tem sido chamada por integrantes do governo de Novo PAC. A ideia é lançar uma versão atualizada do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), uma das principais vitrines dos governos petistas anteriores.

O lançamento do Novo PAC é prometido desde o início do governo e estava previsto para ocorrer em maio. O anúncio, contudo, está travado até o momento. Conforme já afirmou o ministro da Casa Civil, Rui Costa, a reedição do programa funcionará por meio de Parcerias Público-Privadas (PPPs) e concessões.

O presidente afirmou também que é preciso ampliar o programa “Minha Casa, Minha Vida” para famílias de classe média. “Nós precisamos fazer não apenas o Minha Casa, Minha Vida para as pessoas mais pobres. Precisamos fazer o Minha Casa, Minha Vida para a classe média. O cara que ganha R$ 10 mil, R$ 12 mil, R$ 8 mil, esse cara também quer ter uma casa e esse cara quer ter uma casa melhor”, argumentou Lula. Para o petista, o governo precisará ter “capacidade de fazer uma quantidade enorme de casas”.

Durante a transmissão, o presidente também falou sobre o desempenho da economia. Ele voltou a dizer que as previsões do Fundo Monetário Internacional (FMI) sobre o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro para 2023 estão equivocadas. “Encontrei com a diretora do FMI e disse que a previsão do fundo está equivocada. Quando chegar no final do ano, vou provar”, disse, ao garantir que a alta do PIB brasileiro será maior que a esperada.

Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o PIB cresceu 1,9% no 1º trimestre deste ano, na comparação com os três meses imediatamente anteriores. O índice foi acima do projetado pelo mercado.