Economia
Integração

Lula defende união de países latino-americanos

Ao lado do presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu a união de países latino-americanos.

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29 de maio de 2023
Vinicius Palermo
Lula defende união de países latino-americanos
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva recebe o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, no Palácio do Planalto. Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu na segunda-feira (29) a união de países latino-americanos durante entrevista coletiva de imprensa ao lado do presidente da Venezuela, Nicolás Maduro. 

“A América do Sul precisa trabalhar como bloco. Não dá pra imaginar que, sozinho, um país vai resolver os seus graves problemas que já perduram mais de 500 anos”, defendeu o presidente brasileiro.  

“Se a gente estiver junto, nós temos 450 milhões de pessoas, a gente tem um PIB de quase US$ 4,5 trilhões. A gente tem força no processo de negociação e é por isso que esse momento (cúpula) é importante”, completou. 

A partir de terça-feira (30), chefes de Estado de países da América do Sul se reúnem em Brasília, no Palácio Itamaraty. Os presidentes de Argentina, Bolívia, Chile, Colômbia, Equador, Guiana, Paraguai, Suriname, Uruguai e Venezuela confirmaram presença. Um encontro desse porte não ocorre há, pelo menos, sete anos.

“O principal objetivo desse encontro é retomar o diálogo com os países sul-americanos, que ficou muito truncado nos últimos anos, e é uma prioridade do governo Lula. Temos consciência que há diferença de visão e diferenças ideológicas entre os países, mas Lula quer reativar esse diálogo a partir de denominadores comuns com os países”, explicou a embaixadora Gisela Padovan, secretária de América Latina e Caribe do Ministério das Relações Exteriores (MRE), na última sexta-feira (26).

Embora o governo brasileiro evite apontar uma proposta específica, há a expectativa de que os presidentes discutam formas mais concretas de ampliar a integração, incluindo a possibilidade de criação ou reestruturação de um mecanismo sul-americano de cooperação, que reúna todas as nações da região. Atualmente, não existe nenhum bloco com essas características.

O governo brasileiro montou um forte esquema de segurança para recepcionar o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, na segunda-feira, dia 29, em Brasília. A proteção do líder chavista costuma ser reforçada e um dos motivos de preocupação do próprio governo. Maduro já alegou ter sido alvo de tentativas de atentado, com suposto uso de drones em Caracas, em 2018.

Além de seus próprios seguranças, Maduro vem sendo acompanhado por perto por agentes da Polícia Federal, até mesmo no comboio com que circula na capital federal, aberto por motociclistas militares.
Um carro do esquadrão antibomba faz varredura nos locais em que o venezuelano estará. O esquema montado para garantir a circulação de Maduro é ainda mais restrito que o comum, nas visitas de chefe de Estado ou de governo.

A Esplanada dos Ministérios foi totalmente bloqueada nas proximidades da Praça dos Três Poderes, que dá acesso ao Congresso Nacional, Palácio do Planalto e Supremo Tribunal Federal.

O trânsito permaneceu bloqueado em frente ao Palácio do Itamaraty, por uma barreira da Polícia Militar. Atrás deles, agentes do Gabinete de Segurança Institucional foram espalhados na pista, com mais barreiras impedindo a aproximação na entrada principal e na rampa do Planalto.

Em geral, o trânsito fica temporariamente vetado apenas nos momentos de chegada ou saída de autoridades estrangeiras recepcionadas pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, sendo liberado logo depois de entraram na sede da Presidência.

O presidente venezuelano não visitava o Brasil desde 2015, quando participou da posse da ex-presidente da República Dilma Rousseff. Ele foi convidado por Lula para participar de uma reunião restrita de presidentes sul-americanos, na terça-feira, dia 30, no Palácio do Itamaraty.

Primeiro a chegar a Brasília, Maduro se reuniu em privado com Lula no Planalto. Depois, ambos mantiveram uma audiência ampliada, com a presença de ministros e participaram de uma cerimônia de assinatura de atos bilaterais de cooperação.

No Salão Leste do Planalto, agentes do GSI se posicionaram próximo das vidraças, com pastas balísticas, que se abrem em formato de escudo para blindar Maduro em caso de disparos.

O encontro entre os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Nicolás Maduro foi adiado por duas vezes. Maduro tem cancelado viagens internacionais às vésperas. Em janeiro, ele deixou de vir a posse de Lula e à cúpula da Celac (Comunidade dos Estados Latino-americanos e Caribenhos), realizada em Buenos Aires.

O presidente da Venezuela afirmou que o país está de portas abertas a todo o empresariado brasileiro. “A Venezuela está de portas abertas com plenas garantias a todo empresariado para que voltemos ao tempo de trabalho conjunto e investimentos em crescimento econômico”, disse. “Temos pela frente a construção de novo mapa de colaboração conjunta entre Brasil e Venezuela”, afirmou. De acordo com Maduro, no período da manhã, ele, Lula e a equipe do governo brasileiro tiveram uma “boa, proveitosa e longa conversa”.

“Fizemos uma revisão de tudo o que diz respeito à época de ouro das nossas relações, onde o Brasil e a Venezuela se encontravam cara a cara e a partir de uma vontade comum, de construir uma América do Sul em paz”, declarou o líder venezuelano.

O presidente da Venezuela lamentou que a relação entre os países encolheu pelo que chamou de uma “ideologização extrema das relações internacionais” que surgiu a partir do fenômeno de fórmulas extremistas. “De repente, todas as portas e janelas com o Brasil foram fechadas, ainda que sejamos países vizinhos”, pontuou.

Nesta época, Maduro afirmou que houve a pretensão de invasão da embaixada da Venezuela no Brasil. “Hoje se abre uma nova época em termos de relações entre nossos povos e países”, declarou.
Segundo ele, nesta nova era, há a construção de um novo mapa de cooperação conjunta entre Brasil e Venezuela para abranger áreas da economia, comércio, agricultura e social.

“Este ano, temos prognóstico do FMI e outras instituições que teremos crescimento de 5%, espero que seja mais”, disse Maduro.