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Lula defende indústria naval brasileira

A declaração foi dada na terça-feira (2) durante o anúncio do início das obras de dragagem do Canal de São Lourenço, em Niterói (RJ).

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02 de abril de 2024
Vinicius Palermo
Lula defende indústria naval brasileira
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva durante cerimônia de assinatura de atos e declaração à imprensa, juntamente com o Presidente do Governo da Espanha, Pedro Sánchez, no Palácio do Planalto. Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu a retomada dos investimentos na indústria naval brasileira como forma de alavancar o setor e gerar empregos e tecnologia no país. A declaração foi dada na terça-feira (2) durante o anúncio do início das obras de dragagem do Canal de São Lourenço, em Niterói (RJ).

Segundo o governo, o desassoreamento de trecho da Baía de Guanabara, entre a Ilha da Conceição e a Ponte Rio-Niterói, vai aumentar de 7 para 11 metros a profundidade (calado) do local, permitindo o aumento da função operacional dos estaleiros, o estímulo a novas construções de embarcações e a movimentação do setor de reparos e manutenção. A previsão é que sejam gerados cerca de 20 mil empregos diretos e indiretos.  

“Quero que vocês tenham certeza que a gente vai recuperar a indústria naval brasileira, porque não é possível um país do tamanho do Brasil, onde 90% de todo o comércio é feito através do mar, não tem sentido a gente ter déficit comercial na balança, por conta de que nossos produtos são exportados e comprados em navio de bandeira estrangeira. É verdade que pode ser mais barato alguns centavos, pode ser mais barato alguns dólares, mas o fato da gente alugar um navio lá fora, a gente não vai gerar emprego aqui, a gente não vai criar pequenas e médias indústrias, a gente não vai ter componentes nacionais. Significa que a gente vai trazer um produto mais barato, mas o povo vai estar desempregado e não vai poder comprar o produto que vai vir pra cá. Por isso, é necessário gerar emprego, porque a renda gera consumo e o consumo gera desenvolvimento”, disse Lula.

O presidente lembrou que, durante os dois primeiros mandatos, entre 2003 e 2010, o setor saltou de 3 mil empregos para 86 mil, com a reabertura de estaleiros nos estados do Rio de Janeiro, do Espírito Santo, na Bahia e em Pernambuco.

Ao todo, a obra do Canal de São Lourenço soma R$ 157 milhões em investimentos, sendo R$ 137 milhões provenientes da Prefeitura de Niterói e R$ 20 milhões da Companhia Docas do Rio de Janeiro, empresa pública ligada ao Governo Federal. O Porto de Niterói prevê mais de 30% de aumento nas atracações e nos serviços portuários após a dragagem do Canal de São Lourenço. Seus terminais oferecem suporte completo para módulos de plataformas e equipamentos de produção de petróleo e gás.

Outro projeto anunciado pelo governo federal é a revitalização do Terminal Pesqueiro de Niterói, por meio de acordo para a municipalização do espaço. Após a conclusão da dragagem do Canal de São Lourenço, a intenção é que o terminal se torne um entreposto de pesca, também beneficiando o setor marítimo. Para viabilizar a medida, o ministro de Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho, o presidente da PortosRio, Francisco Martins e o prefeito do Niterói, Axel Grael, assinaram o contrato de compra e venda de imóvel do antigo Terminal Pesqueiro.

O presidente afirmou que seu governo busca recuperar a Petrobras após o que chamou de tentativa de desmonte pelo governo Bolsonaro. Segundo Lula, em algumas frentes de negócio vendidas ou paralisadas pelas gestões anteriores da estatal, o governo tenta “começar tudo de novo”.
“Estamos tentando recuperar a Petrobras. Eles não tiveram coragem de privatizar e, por isso, começaram a vender ativos da Petrobras. Venderam a BR (Distribuidora), gasodutos, paralisaram o Comperj, em que faltava 15% para terminar e ficou parada por quase dez anos. Agora, voltamos e vamos começar tudo de novo. Mas não é fácil o trabalho de reconstruir”, disse o presidente da República.

Na fala, Lula não poupou adversários políticos, fazendo críticas indiretas ao ex-presidente Jair Bolsonaro. “Nós pegamos esse País desmontado. Esse País não tinha mais Ministério da Pesca, de Portos e Aeroportos, e muitos outros que existiam, mas não funcionavam. Em vez de governança, a gente tinha mentira, em vez de saúde, a gente tinha mentira, em vez de emprego, a gente tinha mentira”, reclamou.

O presidente voltou a se queixar de obras paralisadas que, segundo ele, somente nas áreas de Saúde e Educação, somavam 6 mil iniciativas paralisadas. “Só no Minha Casa Minha Vida eram 87 mil casas que tinham sido iniciadas e foram paralisadas. Alguém tomou uma atitude nesse País de que não precisavam mais construir e investir, mas tinham tudo em verde e amarelo”, disse Lula.

Por mais de uma vez, o presidente verbalizou a lógica de que é necessário Estado e empresas estatais induzirem o crescimento econômico por meio de obras e produção locais.

Mais cedo, na capital fluminense, Lula participou da inauguração do Impa Tech, com o primeiro curso de graduação do Instituto de Matemática Pura e Aplicada (Impa), no Rio de Janeiro. O ato marcou o início das aulas da primeira turma de Matemática da Tecnologia e Inovação, com quatro anos de duração.