Economia
Distribuição

Lula defende aumento na isenção do IRPF

Segundo o presidente, “nós temos de tirar de alguém” para isentar os trabalhadores que recebem até R$ 5 mil do IRPF.

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11 de outubro de 2024
Vinicius Palermo
Lula defende aumento na isenção do IRPF
O Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, durante cerimônia de entrega de unidades habitacionais do Minha Casa, Minha Vida no Residencial Cidade Jardim I Módulo IV, no Residencial Cidade Jardim – Conjunto José Walter. Foto: Ricardo Stuckert/PR

O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, defendeu, nesta sexta-feira, 11, o aumento na taxa de isenção do Imposto de Renda de Pessoa Física, uma promessa sua de campanha. Segundo o presidente, “nós temos de tirar de alguém” para isentar os trabalhadores que recebem até R$ 5 mil do IRPF.
“Você não pode fazer com que pessoas que ganham R$ 5 mil paguem IRPF, enquanto os que têm ações na Petrobras recebem R$ 45 bilhões em dividendos sem pagar Imposto de Renda”, disse o presidente da República.

A declaração se deu em entrevista do presidente à rádio O Povo/CBN de Fortaleza. O presidente da República foi além da promessa de isenção de quem ganha até R$ 5 mil e defendeu que, “no futuro, (temos de) isentar mais”.

Lula justificou que “não pode cobrar 27% ou 15% de um trabalhador que ganha R$ 4 mil e deixar os caras que recebem herança que não pagam”.

“Na minha cabeça, salário não é renda. Renda é quem vive de especulação, esse sim deveria pagar Imposto de Renda. Esse que faz transferência de dinheiro para parente e paga só 4%”, argumentou Lula.

O presidente afirmou que esse debate sobre a carga tributária tem de ser “público”, e não “escondido”. “Nós temos de tirar de alguém. Não tem de ser um debate escondido, tem de ser público”, declarou.

O presidente disse que seu governo quer estender o crédito consignado a trabalhadores da iniciativa privada. Se isso acontecer, segundo ele, essas pessoas não precisarão recorrer ao saque-aniversário do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) – o mecanismo desagrada ao atual governo

“Temos dois debates hoje. Tem o saque-aniversário do Fundo de Garantia, que é uma coisa que está causando um certo problema na poupança do FGTS, mas a gente tem noção de que não pode acabar, porque vai mexer com muita gente. O que a gente quer é fazer com que os trabalhadores da iniciativa privada tenham o direito a crédito consignado”, declarou o presidente. “Acho que os trabalhadores vão concordar que se eles tiverem o crédito consignado não precisam comprometer seu Fundo de Garantia. Porque hoje o trabalhador que recebeu uma parte do Fundo de Garantia não pode retirar nem se for mandado embora, é um absurdo”, disse Lula.

O presidente da República disse que o assunto está sendo discutido entre os ministérios do Trabalho e da Fazenda, e que não sabe se será possível o Executivo tomar alguma medida sobre o tema ainda em 2024. “É importante a gente não ter pressa para fazer para não fazer uma coisa errada”, declarou.

Lula disse ainda que o governo fará um ato, no dia 18 de outubro, em São Paulo, sobre o programa Acredita, que ele chamou de “maior programa de financiamento de crédito para o povo brasileiro”.
Não ficou claro na fala do presidente se esse ato deve ter algum teor de apoio ao candidato a prefeito da capital paulista, Guilherme Boulos (PSOL), aliado do presidente da República. Lula elogiou Boulos e disse que ele “pode ganhar as eleições” por ser uma “figura muito preparada”.

O presidente defendeu o programa Acredita e disse que, apesar de não ser economista, tem uma tese sobre a economia de que o dinheiro precisa circular para levar ao desenvolvimento econômico do País. Segundo o presidente, “dinheiro em caixa não vale muita coisa”.

“Tenho uma tese que é simples: o dinheiro tem que circular, tem que passar na mão de todo mundo. Se tem muito dinheiro na mão de poucos, significa pobreza e miséria. Se tem pouco dinheiro na mão de muitos, significa distribuição. Na medida em que todos ganham pouco, todos consomem um pouco, geram emprego, salário, geram desenvolvimento na economia”, declarou Lula.

O presidente disse, ainda, que o programa terá uma espécie de garantia para que estrangeiros invistam no Brasil sem o risco da desvalorização cambial e financiamento imobiliário para as classes mais ricas da sociedade.

“Inclusive estamos criando um hedge cambial para dar garantia aos estrangeiros que queiram investir no Brasil não perderem com a desvalorização cambial. Estamos criando um mercado secundário para habitação. Vamos financiar casa para você que ganha mais de R$ 3 mil, R$ 4 mil. Não é casa só para o pobre. Tem gente que ganha R$ 10 mil que quer comprar uma casa e não quer uma casa de 47m², quer uma casa de 200m², 150m². Vamos ter que financiar essa gente”, declarou Lula.