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Lula critica ideia de privatizar o Porto de Santos e diz que governo fará mais que empresários

De acordo com o petista, o governo federal irá mostrar que fará mais do que qualquer empresário no complexo portuário do litoral paulista.

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02 de fevereiro de 2024
Vinicius Palermo
Lula critica ideia de privatizar o Porto de Santos e diz que governo fará mais que empresários
Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, durante cerimônia em comemoração aos 132 anos do Porto de Santos

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva criticou a possibilidade de privatização do Porto de Santos, bandeira defendida pelo governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos). De acordo com o petista, o governo federal irá mostrar que fará mais do que qualquer empresário no complexo portuário do litoral paulista.

“Aqui no Brasil se estabeleceu uma narrativa criada pela elite brasileira de destruir a imagem do Estado. De destruir a imagem do poder público. A ideia de que o Estado não vale nada, de que o governador não tem que ter ideia, de que o presidente não tem que ter ideia, que nós seremos bonecos na mão deles que apresentam para nós aquilo que acham que tem que ser feito”, declarou o presidente em cerimônia em comemoração aos 132 anos do Porto de Santos e Anúncio de Investimentos no Túnel Submerso Santos-Guarujá na manhã de sexta-feira (2).

“Nós que fomos eleitos é que temos o direito de governar. Nós queremos provar que esse porto com a sua autoridade portuária vai fazer tanto ou mais do que qualquer empresário faria nesse País”, acrescentou. “Precisamos nos transformar em um país altamente desenvolvido e por isso tiramos esse porto da política de privatização.”

Lula comparou a situação com o Sistema Único de Saúde (SUS) que, apesar da eficiência, costumava-se mostrar “o que não funcionava”. O grande gestor desse país era o cara das lojas Americanas, o tal do Jorge Paulo Lemann, que deu calote de quase R$ 40 bilhões nesse País quebrando a loja dele e quase quebrando o sistema financeiro. E depois é o poder público que não sabe governar”, criticou o presidente.

“Nós queremos provar que, se o Estado for responsável, o Estado vai fazer o que tem que ser feito. Esse túnel é necessário e fica muito caro se fizer sozinho”, comentou.

Lula contou do lançamento do primeiro Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), em 2007, e que o governo planejou o que aconteceria até o final de 2010. “Após o 1º PAC, proibimos ministros de lançarem novas obras, agora fizemos o mesmo”, disse. De acordo com ele, as ideias do novo PAC não são do presidente ou do ministro da Casa Civil, Rui Costa, responsável pela coordenação do programa. “O PAC é o resultado da maturidade política de a gente estar em contato com os 27 governadores do Estado”, disse.

“O que estamos fazendo não é resultado de uma ideia do presidente da República, mas da construção coletiva de prefeitos e governadores e o governo federal que quer pelo menos uma vez na vida no século 21, não estragar a oportunidade que o Brasil tem em se transformar em uma economia rica, próspera.”

O presidente anunciou a criação de mais 12 institutos federais de educação no estado de São Paulo, além do repasse de R$ 1,3 bilhão para a conclusão das obras do eixo norte do Rodoanel. Segundo ele os municípios de Santos e São Vicente serão contemplados com um instituto cada. Lula defendeu que esses instrumentos sejam utilizados para desenvolver a economia local.

“Qual é a aptidão da cidade de Santos? Esses jovens têm que estudar cursos que possa servir para aprimorar o crescimento econômico e o desenvolvimento tecnológico da cidade em que o instituto é criado”, disse.

O presidente participou, em Santos (SP), da cerimônia de comemoração aos 132 anos do Porto de Santos e anúncio das obras do túnel Santos-Guarujá, no litoral paulista.

A solenidade contou com a participação do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, para quem Lula também antecipou a informação sobre aprovação do financiamento do Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para as obras do Rodoanel.

“O BNDES aprovou R$ 1,3 bilhão para o estado de São Paulo para o eixo norte do Rodoanel e logo logo você irá receber a notícia do presidente do BNDES Aloízio Mercadante.

Em março de 2023, a proposta da Via Appia Fundo de Infraestrutura e Participações venceu o leilão do Rodoanel. O projeto prevê a concessão dos serviços públicos de operação, manutenção e realização dos investimentos para a exploração do sistema rodoviário por 31 anos.

O eixo norte do Rodoanel é o último trecho que falta para que haja a integração de todas as rodovias que circundam a cidade de São Paulo. As obras estavam paradas desde 2018. O trecho terá 44 quilômetros e completará o Rodoanel nos seus 177 quilômetros.

As obras do sistema foram iniciadas em 1998 com o objetivo de desafogar o trânsito na capital, principalmente de caminhões. O primeiro trecho foi entregue em 2002. A previsão é que as obras do trecho norte sejam concluídas em 2025. Com isso, o governo de São Paulo estima uma redução na circulação de 18 mil caminhões por dia dentro da capital.

Com 44 quilômetros de extensão no eixo principal, três a quatro faixas por sentido e sete túneis duplos, o trecho norte do Rodoanel compreende os municípios de São Paulo, Guarulhos e Arujá.