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Lula critica cobrança de dívidas de países pobres

Essa é uma fala recorrente do petista. Ele deu a declaração no Palácio Itamaraty, em Brasília, durante a visita de Talon a Brasília.

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24 de maio de 2024
Vinicius Palermo
Lula critica cobrança de dívidas de países pobres
Cerimônia oficial de chegada do Presidente da República do Benim e reunião bilateral com o Presidente do Benim, Patrice Talon, por ocasião de sua visita ao Brasil. Foto: Antonio Cruz/Agência Brasil

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva criticou na quinta-feira, 23, ao lado do presidente do Benim, Patrice Talon, a cobrança das dívidas de países pobres. Essa é uma fala recorrente do petista. Ele deu a declaração no Palácio Itamaraty, em Brasília, durante a visita de Talon a Brasília.

Lula também criticou a forma atual das relações comerciais entre países pobres e ricos. Os recursos demandados para pagamento das dívidas, disse o petista, impedem maiores investimentos dos países periféricos em educação. O petista afirmou que o Brasil apoiará a África na área agrícola.

Lula também voltou a dizer que os bilionários do mundo deveriam pagar um imposto sobre suas fortunas para bancar ações contra a fome. Mencionou uma alíquota de 2%.

“Laços entre Brasil e Benim se forjaram pelo sofrimento, mas hoje servem para encurtar distância”, disse o presidente brasileiro, referindo-se ao período da escravidão de pessoas africanas no País. Segundo ele, o Brasil tem muito a aprender sobre memória e reconstrução.

Lula também disse que o fortalecimento dos vínculos com a África pode ser um fator positivo de apoio ao Haiti, no Caribe, um dos países mais pobres do mundo. O petista disse que há compromisso com a estabilidade haitiana, e que seu governo está à disposição para oferecer apoio logístico.

Além disso, o chefe do Palácio do Planalto disse que outras tragédias, como a do Sudão, não devem ser esquecidas. O país africano tem uma série de conflitos internos.

Lula também disse que Brasil e África estão “unidos na dor” pelas mortes e destruição no Rio Grande do Sul, no Quênia e na Tanzânia. Ele agradeceu as mensagens de apoio sobre o Rio Grande do Sul vindas de africanos. Além disso, o presidente brasileiro reiterou convite para países africanos aderirem ao Fundo Florestas Tropicais Para Sempre.

Enquanto Lula esperava o presidente do Benin chegar ao Palácio do Planalto, ele afirmou ainda que a tendência do governo federal é vetar a taxação para compras internacionais de até US$ 50, mas que está aberto a negociar sobre o tema. A medida foi incluída no projeto de lei que regulamenta o Programa Mobilidade Verde e Inovação (Mover), que prevê incentivos para o setor automotivo.

De acordo com Lula, um encontro com o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), para tratar do tema não foi marcado, mas ele está à disposição.

“A tendência é vetar, mas a tendência também pode ser negociar”, disse Lula a jornalistas na manhã de quinta-feira, 23. “Precisamos tentar ver um jeito de não tentar ajudar uns prejudicando outros e fazer uma coisa uniforme. Estamos dispostos a negociar e encontrar uma saída”, acrescentou.

A taxação das compras internacionais de até US$ 50, que impacta sites asiáticos como Shein e Shopee, é defendida pelo presidente da Câmara. A expectativa é que o PT e o PL tentem derrubar a medida por meio de destaques após a votação do texto principal do Mover.

Ambos iniciaram na sequência reunião bilateral, que será seguida de assinatura de atos e declaração à imprensa.

De acordo com o chefe do Executivo brasileiro, não está previsto um encontro com Lira na quinta-feira. “Mas se ele quiser conversar, depois da agenda do presidente do Benin, estou à disposição”, pontuou.

Apesar de falar que está aberto à negociação, Lula disse que não sabe se aceitaria outra taxa. “Quem é que compra essas coisas? São mulheres, a maioria, jovens, e tem muita bugiganga. Nem sei se essas bugigangas competem com coisas brasileiras, nem sei”, comentou. “Como você vai proibir pessoas pobres, meninas e moças que querem comprar uma bugiganga, um negócio de cabelo?”

Lula comentou que debateu o assunto com o vice-presidente da República, Geraldo Alckmin, que também é ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços. “Quando discuti, eu falei com Alckmin: minha mulher compra, sua mulher compra, sua filha compra, todo mundo compra, a filha do Lira compra. Então precisamos tentar ver um jeito de não tentar ajudar uns prejudicando outros e fazer uma coisa uniforme”, pontuou.

O líder do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE), disparou uma mensagem na tarde da quarta-feira, 22, para avisar aos deputados da base que Lula fechou posição contra o fim da isenção para compras internacionais de até US$ 50. A medida estava prevista para ser votada na quarta, o que não ocorreu.

“Prezados, informo que a prioridade do governo no plenário de hoje (quarta) é a votação e a aprovação do PL do Mover (PL 914/2024). Informo, também, que o presidente Lula me orientou a votar contrariamente à taxação das compras internacionais de até 50 dólares pelo e-commerce”, diz a mensagem enviada por Guimarães a grupos de WhatsApp.