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Neutralidade

Lula chega ao Japão para participar do G7 e negociar termos de críticas à Rússia

Lula terá uma agenda extensa, com nove reuniões bilaterais e um encontro com empresários, além da participação nos painéis do G7

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18 de maio de 2023
Vinicius Palermo
Lula chega ao Japão para participar do G7 e negociar termos de críticas à Rússia
Lula será um dos chefes de estado presentes na cúpula do G7

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) chegou na quinta-feira, 18, ao Japão para participar, na condição de convidado, da cúpula do G7 que acontece neste final de semana em Hiroshima.
Na cidade, atingida por uma bomba atômica americana em 6 de agosto de 1945, no final da 2ª Guerra Mundial, o petista terá uma agenda extensa, com nove reuniões bilaterais e um encontro com empresários, além da participação nos painéis do G7 onde tentará frear críticas à Rússia pela guerra travada contra a Ucrânia.

A guerra na Ucrânia e seus impactos na geopolítica e economia globais são um dos principais temas do G7, grupo que reúne Estados Unidos, Japão, Itália, França, Reino Unido, Alemanha e Canadá. Além do Brasil, foram convidados a participar Austrália, Comores, Ilhas Cook, Indonésia, Índia, Vietnã e Coreia do Sul.

A expectativa é que os membros do G7 emitam um comunicado ao final da cúpula endurecendo o tom contra a Rússia. Haverá, contudo, um segundo texto, este também assinado pelos países convidados, e que deve ser alvo de negociação. O Brasil tentará convencer os pares a focar o documento em segurança alimentar, com menção cautelosa sobre a guerra, sem adotar um tom crítico a Moscou. O Itamaraty e o próprio Lula têm buscado uma postura de neutralidade no conflito.

“Naturalmente, o governo brasileiro negocia essa linguagem para que seja compatível com a linguagem que o Brasil tem usado sobre o tema, inclusive tem defendido na negociação de resoluções em diversas instâncias internacionais, como a própria ONU”, afirmou na semana passada o embaixador Maurício Lyrio, secretário de Assuntos Econômicos e Financeiros. “Nossa visão é que a ênfase desse documento deve ser de fato a segurança alimentar, já que esse é o tema principal”, acrescentou, sobre o documento a ser elaborado.

A agenda oficial de Lula em Hiroshima começará às 17 horas de sexta-feira, 19, pelo horário local, 5 horas da manhã no Brasil, com um encontro com o primeiro-ministro da Austrália, Anthony Albanese; e terminará na segunda-feira, 22, com uma coletiva de imprensa logo antes do retorno ao Brasil.
Ainda está em negociação um encontro com a diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Kristalina Georgieva, para ampliar os esforços do governo em prol de um socorro internacional à Argentina, que enfrenta uma grave crise econômica.

Na noite de domingo, 21, Lula tem encontro marcado com empresários brasileiros que estiveram na semana passada, em Tóquio, com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad.

De acordo com informações do Ministério das Relações Exteriores, estarão com Lula representantes dos conglomerados Mitsui, NEC (tecnologia da informação e eletrônica), Nippon Steel e Toyota, além de representantes do banco de financiamento JBIC.

No encontro com Haddad, esses mesmos representantes levaram a demanda por um acordo comercial entre Japão e Mercosul. A presença da Toyota chama a atenção no momento em que o governo quer lançar um programa de incentivo a carros populares.

Lula viajou acompanhado pela primeira-dama Janja da Silva, pelo ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, e pelo diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Rodrigues.

No primeiro dia da cúpula do G7, o presidente dos EUA, Joe Biden, e o primeiro-ministro do Japão, Fumio Kishida, conversaram sobre aumentar a cooperação econômica e em segurança e defesa, incluindo em relação ao “comportamento de coerção” da China e a programas nucleares da Coreia do Norte.

Biden e Kishida destacaram, na reunião, sua “oposição a qualquer tentativa de mudar o status quo pela força” no Estreito de Taiwan, numa referência à China, e reiteraram seu compromisso com manter a paz e estabilidade na região, segundo comunicado da Casa Branca.

Eles enfatizaram ainda a “importância de criar uma cooperação multilateral da região Indo-Pacífico” – em especial com a Coreia do Sul, Austrália e Índia, nações do Sudeste Asiático e as Ilhas do Pacífico.

O apoio à Ucrânia na guerra com a Rússia também foi reafirmado, ainda de acordo com a nota. Quanto a assuntos econômicos, os líderes falaram sobre o lançamento de novas parcerias entre empresas e universidades dos dois países em áreas como computação quântica e semicondutores.

Eles conversaram sobre a promoção de energia limpa, o estabelecimento de cadeias de suprimentos de minerais essenciais e esforços para fortalecer a cooperação, como através de negociações da Estrutura Econômica do Indo-Pacífico.