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Lula anuncia linha de crédito para quem perdeu bens com apagão em SP

“Eu não quero saber de quem é a culpa, eu quero saber quem é que vai dar solução, e nós queremos encontrar a solução”, acrescentou o presidente.

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18 de outubro de 2024
Vinicius Palermo
Lula anuncia linha de crédito para quem perdeu bens com apagão em SP
Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva e o minisro da Fazendo Fernando Haddad durante lançamento do programa Acredita - sobre concessão de crédito, renegociação de dívidas, programas setoriais e consultorias. Foto: Paulo Pinto/Agência Brasil

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva anunciou, nesta sexta-feira (18), que o governo federal vai criar uma linha de crédito especial para quem perdeu bens e foi impactado pelo apagão de energia na Grande São Paulo, iniciado no último dia 11, após uma tempestade. Até esta quinta-feira (17), cerca de 36 mil clientes da Enel, a empresa concessionária que fornece o serviço, ainda estavam sem energia elétrica.

“Eu pedi para o ministro da Fazenda, Fernando Haddad e para a Casa Civil trabalharem, porque nós vamos fazer para a cidade de São Paulo o mesmo que fizemos para o Rio Grande do Sul – afetado por enchentes em maio deste ano. As pessoas que tiveram prejuízos por conta do apagão, as pessoas que perderam geladeira, as pessoas que perderam, inclusive, a sua comida que estava na geladeira, o pequeno comerciante que perdeu alguma coisa, nós vamos estabelecer uma linha de crédito para que as pessoas possam se recuperar e viver muito bem”, disse Lula.

“Eu não quero saber de quem é a culpa, eu quero saber quem é que vai dar solução, e nós queremos encontrar a solução”, acrescentou o presidente, ao participar de evento em São Paulo.

Após o evento, Haddad conversou com jornalistas e explicou que o auxílio é destinado a empreendedores e pequenas empresas atingidas pelo apagão em São Paulo. Ao todo, 380 mil empresas da Grande São Paulo devem ser beneficiadas e o governo deverá usar R$ 150 milhões para criar a linha de crédito. Conforme enfatizou Haddad, a medida não vale para pessoas físicas.

Especialistas ouvidos pela reportagem apontam a falência do modelo de privatização do setor de distribuição elétrica no Brasil e a falta de planejamento da empresa concessionária Enel e da prefeitura de São Paulo como determinantes na demora da restauração da energia elétrica na capital paulista.

Cerca de 3,1 milhões clientes foram atingidos pelo apagão. A rede afetada inclui 17 linhas de alta tensão, 11 subestações, 221 circuitos de média tensão, 105 transformadores, 251 postes e 1.492 ocorrências com vegetação.

A Federação de Hotéis, Restaurantes e Bares do Estado de São Paulo (Fhoresp) já encaminhou ao governo de São Paulo um pedido de mais prazo para o pagamento de impostos pelos estabelecimentos do setor. O pedido é de prorrogação do vencimento de impostos para cerca de 250 mil estabelecimentos que foram afetados pela falta de energia.

De acordo com a Fhoresp, a interrupção de energia já provocou prejuízos de cerca de R$ 150 milhões para o setor nos quatro primeiros dias de apagão. Os maiores prejudicados são os micro e pequenos empresários.

As chuvas fortes e os ventos que atingiram diversas cidades paulistas também provocaram sete mortes.

O presidente disse nesta sexta-feira, 18, no anúncio do programa Acredita em São Paulo, que a medida não teria sido aprovada sem uma vontade do governo de “tirar o Brasil da mesmice”. Ele também voltou a dizer que o dinheiro precisa circular, em vez de ficar nas mãos de poucos.

Lula mencionou a presidente do Palmeiras, Leila Pereira. “Ela nos emprestou o salão da casa de espetáculos do Palmeiras para que a gente pudesse fazer o maior programa de crédito que esse País já conheceu”, disse o presidente da República, no evento realizado no Allianz Parque, na capital paulista. “Precisamos transformar o Acredita em assunto de mesa de bar, é preciso as pessoas saberem que existe o programa”, declarou.

Ele disse que a política de crédito é para fazer o País dar um salto de qualidade, e voltou a reclamar da morosidade do Estado. “Vamos proibir a burocracia de atrapalhar o Acredita”, declarou.

Segundo ele, todos os órgãos dizem que têm dinheiro para o programa. “Que agora apareça o dinheiro”, declarou.

O presidente mencionou a articulação política de seu governo, e disse que não perdeu nenhuma votação relevante no Congresso. Alfinetou seu antecessor, Jair Bolsonaro (PL), dizendo que houve um “tempo das fake news”.

Afirmou ainda que hoje as pessoas querem ser empreendedoras, e que só por meio da educação o País pode ser competitivo.

Também disse que os empresários devem encarar seus trabalhadores como consumidores. Lula afirmou que em uma semana seria possível acabar com a pobreza se pouco dinheiro passar a circular nas mãos de milhões de pessoas.