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Linha 9-Esmeralda falha pelo segundo dia e concessionária pede investigação policial

A empresa que gere a Linha 9 diz que técnicos atuam desde terça-feira para corrigir a falha, que ocorreu por volta das 14h.

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04 de outubro de 2023
Vinicius Palermo
Linha 9-Esmeralda falha pelo segundo dia e concessionária pede investigação policial
Usuários do transporte público usam máscara na plataforma e trem da Linha 9 Esmeralda da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos - CPTM, em Pinheiros.

A Linha 9-Esmeralda da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) enfrentou problemas de circulação na quarta-feira, 4, pelo 2° dia consecutivo. Conforme a concessionária ViaMobilidade, empresa privada que cuida do serviço, a circulação de trens opera por via única entre as estações Morumbi e Cidade Universitária devido à manutenção no sistema elétrico. Os ônibus do Plano de Apoio entre Empresas em Situação de Emergência (Paese) atendem o trecho.

A empresa diz que técnicos atuam desde terça, 3, para corrigir a falha, que ocorreu por volta das 14h. O trabalho de manutenção envolve “cinco frentes de trabalho formadas por cerca de 70 colaboradores”, disse, em nota, a ViaMobilidade, que também opera a Linha 8-diamante.

A ViaMobilidade abriu boletim de ocorrência para investigação de suposto vandalismo na região onde ocorreu a falha. O Bom Dia São Paulo, da TV Globo, exibiu parte do documento, no qual funcionários relatam “pedras estranhas ao sistema (grandes e não britas)” e um “tubo metálico e um cabo de aço”, além de cinco gradis abertos.

“A gente não pode afirmar ainda que foi um ato de vandalismo”, disse Marcio Hannas, presidente da Divisão de Mobilidade da CCR. “Esse material que foi encontrado não faz parte do nosso sistema. “A única causa que eu não consigo afirmar é que essa foi a causa do problema.” A reportagem pediu mais informações à ViaMobilidade, mas a empresa apenas confirmou a abertura do BO.

Na terça, a Linha 9 também teve problemas por volta das 14h e a circulação dos trens entre as estações Morumbi e Villa Lobos – Jaguaré chegou a ficar paralisada por conta da ocorrência operacional. A falha na linha concedida ocorreu no mesmo dia da greve convocada por sindicatos de funcionários da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM), do Metrô e da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp).

As categorias cruzaram os braços durante 24 horas em protesto contra o plano de desestatizar serviços operados pelas empresas públicas, uma das bandeiras da gestão Tarcísio de Freitas (Republicanos). Os grevistas descumpriram decisão da Justiça do Trabalho, que previa operação de 100% dos serviços em horários de pico. O abastecimento de água não teve interrupções.

Os sindicalistas alegam que a entrega da operação ao sistema privado pode tornar os serviços mais caros e com pior qualidade. O grupo cita, como argumento, falhas frequentes, como lentidão e descarrilamentos, justamente nas linhas 8-Diamante e 9-Esmeralda, ambas administradas pela ViaMobilidade.

Os problemas levaram ao aumento de reclamação dos usuários do transporte e até investigação por parte do Ministério Público. A ViaMobilidade, consórcio que assumiu as linhas, tem afirmado fazer obras de melhorias e colocado novos trens em operação.

Tarcísio afirmou na terça que não vai abandonar os planos de passar a gestão das linhas para a iniciativa privada e classificou o movimento como “político”. Disse ainda que os projetos de desestatização serão amplamente discutidos com a sociedade.

A promotoria de Justiça do Patrimônio Público e Social da Capital solicitou na quarta-feira (4) informações à Via Mobilidade e à Comissão de Monitoramento de Concessões Permissões e à Secretaria de Parcerias em Investimento do estado de São Paulo para saber se a falha na Linha 9 (Esmeralda) foi da concessionária ou foi sabotagem.

Também será enviado um ofício ao delegado de Polícia Pablo Baccin, que está investigando o suposto crime doloso de perigo de desastre ferroviário.  

Segundo assessoria de imprensa da Via Mobilidade, foram acionados 70 ônibus do Plano de Apoio entre Empresas em Situação de Emergência (Paese) para atender os passageiros. A concessionária destacou, em nota, que o “trabalho de manutenção envolve cinco frentes de trabalho formadas por cerca de 70 colaboradores, que priorizam a solução do problema para que a linha possa operar normalmente o quanto ntes”. 

Na Estação Pinheiros, zona oeste da capital, o problema na Linha 9 continuava depois das 19h e a fila para pegar o ônibus deu a volta no quarteirão.

A falha ocorreu depois de o governador Tarcísio de Freitas criticar a greve e exaltar as privatizações. “O que está disponível para o cidadão? Linha 4, que está com a iniciativa privatizada, a Linha 5, a Linha 8, a Linha 9, que está com a iniciativa privada. O protesto é contra a privatização”, ironizou. 

Desde que a Linha 9 passou a ser administrada pela Via Mobilidade, foram registradas, em média, três vezes mais problemas do que quando era operada pela estatal, a CPTM.