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Líder da ONU pede “ambição máxima” nas negociações

Guterres pediu que os países se esforcem para obter “as reformas mais profundas e as ações mais significativas”, ressaltando a necessidade de “ambição máxima” durante as  negociações.

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12 de setembro de 2024
Líder da ONU pede “ambição máxima” nas negociações
Foto: Reuters

O secretário-geral da ONU, António Guterres, realizou na quinta-feira uma chamada global sobre a Cúpula do Futuro, evento que reunirá líderes mundiais em 22 e 23 de setembro. Participaram da atividade virtual chefes de Estado de diversas nações. Dentre os países lusófonos estiveram presentes Brasil e Timor-Leste.

Em seu discurso, ele afirmou que a Cúpula é resultado de anos de trabalho e representa uma oportunidade para “acordos de longo alcance” em prol de um mundo mais seguro, sustentável e equitativo.

Ele pediu que os países se esforcem para obter “as reformas mais profundas e as ações mais significativas possíveis”, ressaltando a necessidade de “ambição máxima” durante os últimos dias de negociação.

O presidente do Brasil, Luiz Inácio “Lula” da Silva, foi um dos vários líderes presentes na chamada e defendeu a necessidade de reformas no sistema multilateral, incluindo a ampliação da composição do Conselho de Segurança.

“Estamos correndo em círculos, chegou a hora de agir. O Brasil está dando novo impulso à reforma da governança global na sua presidência do G20 (bloco das 20 maiores economias do mundo). Mas esse debate também precisa ser travado na ONU, o fórum mais inclusivo de todos. Gostaríamos que todos fossem à Cúpula do Futuro com a ambição de promover reformas efetivas”.

O primeiro-ministro de Timor-Leste, Xanana Gusmão, também participou do encontro virtual, pedindo reforço da confiança, solidariedade e cooperação. No pronunciamento em inglês, o líder timorense afirmou que “sem paz não pode haver desenvolvimento”.

Os Estados-membros da ONU estão agora nos estágios finais de negociação dos três acordos a serem adotados na Cúpula do Futuro: o Pacto para o Futuro, o Pacto Digital Global e a Declaração sobre as Gerações Futuras.

O chefe das Nações Unidas afirmou que “os desafios que enfrentamos estão se movendo muito mais rápido do que nossa capacidade de resolvê-los”. Para ele, as instituições estão desatualizadas, pois foram projetadas para outra era e para outro mundo.

Como exemplos, Guterres citou o Conselho de Segurança “preso em uma cápsula do tempo” e a arquitetura financeira internacional “desatualizada e ineficaz”.

Dentre os principais riscos atuais, o líder da ONU destacou que “profundas divisões geopolíticas estão criando tensões perigosas, multiplicadas por ameaças nucleares”. Além disso, ele ressaltou que “a desigualdade e a injustiça corroem a confiança e alimentam o populismo e o extremismo”.

O secretário-geral alertou ainda para o fato de que a discriminação, a misoginia e o racismo estão assumindo novas formas. Ele apontou a realidade da pobreza e da fome “em níveis de crise” e os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável ficando “fora de alcance”.

O secretário-geral lamentou a falta de uma resposta global eficaz para ameaças novas e até mesmo existenciais, como a “acelerada crise climática” e o “vácuo ético e legal” em torno do desenvolvimento da Inteligência Artificial.

Para Guterres, a Cúpula do Futuro será uma etapa muito importante para construir um multilateralismo mais forte e eficaz.

Segundo o secretário-geral, o evento será uma oportunidade de atualizar e reformar as instituições globais, incluindo o Conselho de Segurança e a arquitetura financeira internacional. O objetivo é responder às “realidades políticas e econômicas de hoje e do amanhã”.

O chefe das Nações Unidas encerrou sua mensagem pedindo maior solidariedade global com as gerações futuras, melhor gerenciamento de questões de interesse global e uma ONU atualizada que possa enfrentar os desafios de uma nova era.

Se referindo à reta final das negociações dos três textos, ele fez um apelo a todos os governos para que garantam que eles sejam os mais ambiciosos possíveis. De acordo com Guterres esse é o caminho para restaurar a esperança e a confiança e um “novo consenso global”.

O secretário-geral pediu que os líderes mundiais ajam “rapidamente, com visão, coragem, solidariedade e espírito de compromisso”, para que os três acordos sejam concluídos.