Mundo
Cenas de caos

Lei contra imigrantes ilegais chega ao fim nos EUA

Em alguns lugares ao longo da fronteira, milhares de imigrantes de vários países, incluindo Brasil, aguardavam para pedir asilo.

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13 de maio de 2023
Vinicius Palermo
Lei contra imigrantes ilegais chega ao fim nos EUA
Legislação que permitia a Washington expulsar e mandar de volta os imigrantes para o México em razão da pandemia chegou ao fim.

A entrada recorde de imigrantes nos Estados Unidos sobrecarregou os serviços de fronteira nos Estados da Califórnia, Novo México, Arizona e Texas na sexta-feira, 12, com o fim do Título 42, legislação que permitia a Washington expulsar e mandar de volta os imigrantes para o México em razão da pandemia.

Em alguns lugares ao longo da fronteira, milhares de pessoas de vários países distantes, incluindo Venezuela, Peru, Brasil, Gana e Tailândia, esperavam em filas ordenadas para se entregar aos agentes da Patrulha de Fronteira dos EUA e pedir asilo.

A guarda de fronteira apreendeu em média 8.750 migrantes por dia nesta semana, mais que o dobro do pico da crise de 2019. Nos últimos dois dias, em toda a fronteira sul mais de 11.000 migrantes cruzaram por dia a fronteira sul ilegalmente, segundo dados internos obtidos pelo The New York Times. As instalações migratórias que processam a situação desses imigrantes já têm 25 mil pessoas detidas, 10 mil a mais do que sua capacidade máxima.

A situação piorou exponencialmente com o fim da validade do chamado Título 42, regra ativada durante a pandemia que permite a expulsão automática de quase todos aqueles que chegam sem visto ou documentação necessária para entrar no país. A regra foi criada há três anos, no governo Donald Trump.

As autoridades norte-americanas esforçaram-se por manter a ordem ao longo da fronteira na quinta-feira, 11, enquanto os imigrantes atravessavam o Rio Grande, faziam fila nas pontes internacionais, enchiam os centros de processamento de imigração e se amontoavam nos passeios das cidades fronteiriças americanas.

O Secretário de Segurança Interna, Alejandro Mayorkas, foi duro na noite de quinta-feira, dizendo numa declaração que as pessoas que chegassem à fronteira ilegalmente seriam “presumivelmente inelegíveis para asilo”. “Não acreditem nas mentiras dos contrabandistas”, acrescentou. “A fronteira não está aberta”.
Mas a pressão aumenta. As instalações de detenção geridas pela Patrulha Fronteiriça já ultrapassaram a sua capacidade em cerca de 10 mil pessoas.

No contexto da campanha para as eleições presidenciais de 2024, em que a migração é uma questão central, a administração do presidente democrata Joe Biden tomou o assunto nas suas próprias mãos, numa tentativa de travar a eventual chegada “caótica” de migrantes à fronteira com o México.

Ninguém sabe ao certo, mas depois de três anos de procura reprimida, que coincidiu com um aumento global da migração, o governo dos EUA espera que 13 mil pessoas atravessem a fronteira diariamente, contra cerca de 6 mil num dia típico de grande movimento. E o seu processamento será mais lento; a utilização do Título 42 demorava cerca de 10 minutos, em comparação com uma hora ou mais ao abrigo da legislação atual.

Na fronteira, três cidades do Texas – Brownsville, Laredo e El Paso – declararam o estado de emergência antes de o Título 42 expirar, à medida que se enchiam com o fluxo de imigrantes que atravessavam a fronteira.

Em resposta, os funcionários da Casa Branca disseram que trabalharam durante meses para se prepararem para um provável fluxo, ordenando que 1.500 soldados fossem para a fronteira. Está sendo oferecida aos migrantes uma nova via legal para entrarem no País se fizerem o pedido online e cumprirem determinadas condições.

Em se tratando de consequências políticas, os republicanos estão dispostos a usar as cenas de caos para reforçar os seus ataques políticos contra os democratas, acusando-os de não conseguirem proteger a fronteira.