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Juros restritos

Lagarde alerta sobre riscos para estabilidade financeira

Segundo ela, o sistema financeiro europeu conseguiu evitar um cenário pior e com efeitos mais severos no início deste ano, mas vulnerabilidades permanecem.

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16 de novembro de 2023
Vinicius Palermo
Lagarde alerta sobre riscos para estabilidade financeira
A presidente do Banco Central Europeu Christine Lagarde

A presidente do Banco Central Europeu (BCE), Christine Lagarde alertou na quinta-feira, 16, sobre possíveis riscos futuros para a estabilidade financeira, em um ambiente de taxas de juros restritivas. Segundo ela, o sistema financeiro europeu conseguiu evitar um cenário pior e com efeitos mais severos no início deste ano, mas vulnerabilidades permanecem.

“Nós, formuladores de políticas, precisamos ficar alertas e sermos proativos para evitar riscos à estabilidade financeira da União Europeia (UE)”, defendeu, em discurso preparado para a Conferência Anual do Conselho de Risco Sistêmico Europeu. “Lista de instituições vulneráveis permanece longa e canais de contágio podem ressurgir”.

Entre os riscos, Lagarde destacou possível aceleração dos empréstimos inadimplentes, redução do lucro bancário e da participação de bancos europeus em títulos de renda fixa, em meio a um período de crescimento econômico e custos elevados de serviço, devido aos juros em níveis restritivos. Para a presidente, fundos do mercado monetário e de investimento são especialmente vulneráveis a estas condições.

“Nossa opinião continua sendo a de que todas as instituições relevantes precisarão continuar a tomar medidas para evitar que esses riscos se materializem no médio prazo”, concluiu Lagarde.

O vice-presidente do Banco Central Europeu (BCE), Luis de Guindos, defendeu que melhorias na regulação de empresas não bancárias do setor financeiro pode ser um passo importante para fortalecer a estabilidade financeira.

Em discurso durante conferência do Conselho de Risco Sistêmico Europeu, o dirigente argumentou que o processo deve ser articulado por meio de uma cooperação internacional.

“A pandemia mostrou que a política macroprudencial não alcançou maturidade integral”, afirmou ele, que não abordou temas de política monetária.

O vice-presidente do Banco ds Inglaterra (BoE, na sigla em inglês) Dave Ramsden afirmou que as últimas projeções do conselho de política monetária da autoridade indicam que a postura do banco central deverá provavelmente ser restritiva durante um longo período de tempo. Em evento do Conselho Europeu de Risco Sistêmico, ele disse que o conselho comunicou que a política monetária terá de ser suficientemente restritiva durante tempo suficiente para devolver a inflação à meta de 2% de forma sustentável no médio prazo.

Ramsden reconheceu que a “transição de um longo período de taxas baixas para taxas mais elevadas, embora necessária para trazer a inflação de volta ao objetivo, afetou famílias e empresas individuais”.

Segundo ele, ao longo do período desde a crise financeira global, a natureza dos riscos de liquidez evoluiu. “É provável que as taxas de juro permaneçam mais elevadas do que durante a maior parte desse período, e as empresas devem certificar-se de que são capazes de se adaptar e gerir os seus riscos num mundo com taxas mais elevadas”, afirmou.

“É importante que as empresas se certifiquem de que estão protegidas contra riscos de taxas de juros e de liquidez, inclusive durante choques graves, quando as taxas de juro podem mudar muito rapidamente e sob diferentes condições monetárias”, disse Ramsden.

“O BoE não fornecerá seguro para má gestão de liquidez de empresas individuais. No entanto, quando circunstâncias excepcionais e sistêmicas ameacem a estabilidade financeira do Reino Unido, estaremos prontos para enfrentar estes riscos, assegurando ao mesmo tempo que evitemos a criação de novas formas de risco moral: acompanhar o fluxo, mas não aumentar o mesmo”, afirmou.