Mundo
Risco alto

Kashkari admite que juros nos EUA podem subir mais

Kashkari ponderou que uma eventual paralisação do governo dos EUA ou greve estendida de trabalhadores da indústria automotiva poderiam ter impacto negativo na economia

Compartilhe:
27 de setembro de 2023
Vinicius Palermo
Kashkari admite que juros nos EUA podem subir mais
O presidente da distrital do Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA) em Minneapolis, Neel Kashkari

O presidente da distrital do Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA) em Minneapolis, Neel Kashkari, disse na quarta-feira, 27, em entrevista à CNN, que há um risco de que os juros norte-americanos precisem subir mais se os aumentos já implementados não desacelerarem a economia como se espera.

Por outro lado, Kashkari ponderou que uma eventual paralisação do governo dos EUA ou greve estendida de trabalhadores da indústria automotiva poderiam ter impacto negativo na economia, o que significa que o Fed talvez precisaria se esforçar menos para trazer a inflação de volta à meta oficial de 2%.
Kashkari vota nas reuniões de juros do Fed este ano.

Na semana passada, o BC norte-americano decidiu deixar seus juros principais na atual faixa de 5,25% a 5,50%, mas alertou sobre uma possível nova elevação das taxas antes do fim do ano.

O presidente do Fed defendeu que manter os juros elevados por mais tempo seria um sinal da resiliência da economia dos Estados Unidos, e não de uma recessão econômica no país.

“Se tivermos que manter juros elevados por mais tempo, isso significa que economia está mais forte do que esperávamos, não uma recessão. O dirigente reforçou que o objetivo do BC norte-americano não é abalar completamente a economia, apenas controlar a inflação persistente.

Kashkari observou que existem riscos de alta para a inflação nos EUA, como nova aceleração do setor imobiliário e a necessidade de equilibrar amplamente as cadeias de oferta e demanda.

Questionado se a escalada no mercado de energia poderia resultar em juros ainda mais restritivos, o dirigente afirmou que os preços do petróleo não necessariamente implicariam em nova elevação das taxas.

Segundo ele, o Fed deve observar os efeitos do aperto na economia e trabalhará para preservar alguns aspectos, como a robustez do mercado de trabalho, mas mantendo o foco em atingir a meta de inflação em 2%. “Talvez já fizemos o necessário na política monetária para garantir o retorno sustentado da inflação, mas não sabemos ainda”, disse, acrescentando que espera manutenção dos juros em níveis restritivos durante o próximo ano.

O presidente do Federal Reserve observou que o nível neutro dos juros americanos pode ter subido após a pandemia, o que amplia incerteza sobre qual seria o estado suficientemente restritivo da política monetária para controlar os preços no país.

“Antes da pandemia, juros neutros eram em 0%. Agora, o que me preocupa sobre possivelmente ainda não estarmos em nível suficientemente restritivo são os gastos com consumo robustos, PIB continuamente surpreendendo para cima e ganho de força em setores tradicionalmente sensitivos aos juros, como imobiliário e automotivo”, pontuou. Estas incertezas teriam incentivado a desaceleração no ritmo de aperto do Fed, segundo Kashkari, para permitir que os dados “informem” quanta restrição já foi realizada e o quanto ainda seria necessário aumentar para controlar a inflação.