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Abusos sexuais

Justiça dos EUA libera documentos sobre o caso Jeffrey Epstein

Os documentos provavelmente decepcionaram os detetives da internet, já que o plano de divulgação da documentação alimentou rumores de uma “lista de clientes” ou de “coconspiradores”.

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04 de janeiro de 2024
Vinicius Palermo
Justiça dos EUA libera documentos sobre o caso Jeffrey Epstein
Jeffrey Epstein

Dezenas de documentos judiciais anteriormente sigilosos relacionados a Jeffrey Epstein se tornaram públicos na quarta-feira, 3, enquanto um tribunal divulga mais registros de um processo de anos ligado ao financista.

Os documentos provavelmente decepcionaram os detetives da internet, já que o plano de divulgação da documentação alimentou rumores de uma “lista de clientes” ou de “coconspiradores”. Na verdade, a juíza que fez a liberação escreveu em dezembro que estava ordenando a divulgação dos registros porque muitas das informações contidas neles já são de conhecimento público.

Os primeiros 40 dos cerca de 250 documentos que se espera que em algum momento sejam divulgados mencionam em grande parte figuras cujos nomes já eram conhecidos, incluindo amigos importantes de Epstein e vítimas que falaram publicamente.

Antes da divulgação oficial dos registros, informações falsas sobre o seu conteúdo correram solta nas redes sociais. Os usuários alegaram erroneamente que o nome do apresentador Jimmy Kimmel poderia aparecer, estimulados por uma piada que o quarterback do New York Jets, Aaron Rodgers, fez na terça-feira no The Pat McAfee Show da ESPN.

Kimmel disse em uma resposta no X, antigo Twitter, que nunca conheceu Epstein e que “as palavras imprudentes de Rodgers colocaram minha família em perigo”.

Milionário conhecido por se associar a celebridades, políticos, bilionários e estrelas acadêmicas, Epstein foi inicialmente preso em Palm Beach, Flórida, em 2005, depois de ter sido acusado de pagar uma menina de 14 anos para fazer sexo.

Dezenas de outras meninas menores de idade descreveram abusos sexuais similares, mas os promotores acabaram permitindo que o financiador se declarasse culpado em 2008 de uma acusação envolvendo uma única vítima. Ele cumpriu 13 meses em um programa de liberação de trabalho na prisão.

Alguns famosos conhecidos abandonaram Epstein depois de sua condenação, incluindo os ex-presidentes dos Estados Unidos Bill Clinton e Donald Trump, mas muitos seguiram o apoiando. Epstein continuou misturando-se com os ricos e famosos durante mais uma década, muitas vezes por meio de trabalho filantrópico.

Reportagens do jornal Miami Herald renovaram o interesse no escândalo, e os promotores federais de Nova York acusaram Epstein em 2019 de tráfico sexual. Ele se suicidou na prisão enquanto aguardava o julgamento.

O procurador dos EUA em Manhattan processou então Ghislaine Maxwell, ex-namorada de Epstein, por ajudar a recrutar suas vítimas menores de idade. Ela foi condenada em 2022 e cumpre pena de 20 anos de prisão.

Os documentos abertos fazem parte de um processo de 2015 movido contra Ghislaine por uma das vítimas de Epstein, Virginia Giuffre. Ela é uma das dezenas de mulheres que processaram Epstein dizendo que ele as abusou em suas casas na Flórida, em Nova York, nas Ilhas Virgens dos EUA e no Novo México.

Virginia disse que no verão em que completou 17 anos ela foi atraída de um emprego como atendente de spa no clube Mar-a-Lago de Trump para se tornar uma “massagista” de Epstein – um trabalho que envolvia a realização de atos sexuais.

Virginia também relatou que ela foi pressionada a fazer sexo com homens do ciclo social de Epstein, como o príncipe Andrew do Reino Unido, o ex-governador de New México Bill Richardson, o ex-senador dos EUA George Mitchell e o bilionário Glenn Dubin, entre outros. Todos esses homens alegaram que as acusações eram invenção.

Ela também resolveu uma ação judicial contra príncipe Andrew em 2022. No mesmo ano, a mulher retirou uma acusação que ela fez contra o ex-advogado de Epstein, o professor de Direito Alan Dershowitz, dizendo que ela poderia “ter cometido um erro” em identificá-lo como um abusador.