Economia
Inadimplência recua

Juro médio no crédito livre subiu para 40,5% em março

Para as pessoas físicas, a taxa média de juros no crédito livre passou de 52,6% para 53,4% ao ano de fevereiro para março.

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04 de maio de 2024
Vinicius Palermo
Juro médio no crédito livre subiu para 40,5% em março
Entre as principais linhas de crédito livre para a pessoa física, destaque para o cheque especial

A taxa média de juros no crédito livre voltou a avançar em março ante fevereiro. O porcentual passou de 40,3% para 40,5% ao ano, informou na sexta-feira, 3, o Banco Central. No terceiro mês de 2023, a taxa estava em 44,1%.

Para as pessoas físicas, a taxa média de juros no crédito livre passou de 52,6% para 53,4% ao ano de fevereiro para março. No segmento de pessoas jurídicas, a taxa passou de 21,4% para 20,9% entre os dois meses.

Entre as principais linhas de crédito livre para a pessoa física, destaque para o cheque especial, cuja taxa caiu entre fevereiro e março, de 132,1% ao ano para 127,6% ao ano. No crédito pessoal, a taxa passou de 41,4% para 42,4% ao ano.

Desde 2018, os bancos estão oferecendo um parcelamento para dívidas no cheque especial. A opção vale para débitos superiores a R$ 200.

Em janeiro de 2020, o BC passou a aplicar uma limitação dos juros do cheque especial, em 8% ao mês (151,82% ao ano).

Os dados divulgados na sexta pelo Banco Central mostraram ainda que, para aquisição de veículos, os juros foram de 25,9% ao ano em fevereiro para 25,4% em março.

A taxa média de juros no crédito total, que inclui operações livres e direcionadas (com recursos da poupança e do BNDES), foi de 27,9% ao ano em fevereiro para 28,2% ao ano em março. No terceiro mês de 2023, estava em 31,5%.

Já o Indicador de Custo de Crédito (ICC) ficou estável em 21,9% ao ano de fevereiro para março. O porcentual reflete o volume de juros pagos, em reais, por consumidores e empresas no mês, considerando todo o estoque de operações, dividido pelo próprio estoque.

Na prática, o indicador reflete a taxa de juros média efetivamente paga pelo brasileiro nas operações de crédito contratadas no passado e ainda em andamento.

O spread em operações de crédito apresentou novo avanço em março. Dados divulgados pelo Banco Central mostram que o spread bancário médio no crédito livre passou de 29,9 pontos porcentuais em fevereiro para 30,1 pontos porcentuais em março.

No segmento pessoa física, o spread passou de 42,0 para 42,9 pontos porcentuais entre os dois meses. Para pessoa jurídica, o spread médio variou de 11,2 para 10,7 pontos porcentuais na passagem de fevereiro para março.

O spread é calculado com base na diferença entre o custo de captação de recursos pelos bancos e o que é efetivamente cobrado dos clientes finais (famílias e empresas) em operações de crédito.

O spread médio do crédito direcionado passou de 4,2 pontos porcentuais em fevereiro para 4,1 em março. Já o spread médio no crédito total (livre e direcionado) foi de 19,3 para 19,4 pontos porcentuais entre os dois meses.

A taxa de inadimplência nas operações de crédito livre com os bancos teve leve oscilação entre fevereiro e março, passando de 4,6% para 4,5%, informou o Banco Central.

Para as pessoas físicas, a taxa de inadimplência foi de 5,5% para 5,4% de um mês para o outro. No caso das empresas, saiu de 3,3% para 3,2% no período.

A inadimplência do crédito direcionado (recursos da poupança e do BNDES) ficou estável em 1,4% na passagem de fevereiro para março.

O dado que considera o crédito livre mais o direcionado mostra que a taxa de inadimplência também ficou estabilizada em 3,2% entre fevereiro e março.

O endividamento das famílias brasileiras com o sistema financeiro fechou o mês de fevereiro em 47,9%, ante 48,0% registrado em janeiro. O recorde da série histórica do Banco Central ocorreu em julho de 2022 (50,1%). Se forem descontadas as dívidas imobiliárias, o endividamento ficou em 30,1% no segundo mês de 2024, ante 30,2% em janeiro.

O juro médio total cobrado pelos bancos no rotativo do cartão de crédito subiu 9,4 pontos porcentuais de fevereiro para março, informou nesta sexta-feira, 3, o Banco Central. A taxa passou de 411,9% para 421,3% ao ano.

No caso do parcelado, o juro passou de 188,9% para 190,6% ao ano entre fevereiro e março. Considerando o juro total do cartão de crédito, que leva em conta operações do rotativo e do parcelado, a taxa passou de 85,1% para 87,0%.

O Congresso definiu em lei que os juros do rotativo e do parcelado não poderiam ultrapassar 100% do principal da dívida, caso os bancos não chegassem a um acordo sobre o assunto, chancelado pelo Conselho Monetário Nacional (CMN).

Como não houve consenso, o teto para os juros e encargos da modalidade passou a valer no dia 3 de janeiro de 2024.

Além de um teto para os juros do rotativo, o presidente do BC, Roberto Campos Neto, chegou a propor aos setores envolvidos um máximo de 12 meses para o parcelado sem juros.

A autoridade monetária também citou a hipótese de alguma limitação para a tarifa de intercâmbio no cartão de crédito, mas ambas as ideias não avançaram e devem ser discutidas novamente no futuro.