Economia
Cheque especial sobe

Juro médio no crédito livre caiu para 40,4% em abril

Para as pessoas físicas, a taxa média de juros no crédito livre passou de 53,4% para 53,0% ao ano de março para abril.

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28 de maio de 2024
Vinicius Palermo
Juro médio no crédito livre caiu para 40,4% em abril
Desde 2018, os bancos estão oferecendo um parcelamento para dívidas no cheque especial.

A taxa média de juros no crédito livre recuou em abril ante março. O porcentual passou de 40,5% para 40,4% ao ano, informou na segunda-feira, 27, o Banco Central (BC). No quarto mês de 2023, a taxa estava em 44,7%.

Para as pessoas físicas, a taxa média de juros no crédito livre passou de 53,4% para 53,0% ao ano de março para abril. No segmento de pessoas jurídicas, a taxa foi de 20,9% para 21,3% entre os dois meses.

Entre as principais linhas de crédito livre para a pessoa física, destaque para o cheque especial, cuja taxa subiu entre março e abril, de 128,1% ao ano para 129,9% ao ano. No crédito pessoal, a taxa passou de 42,4% para 42,5% ao ano.

Desde 2018, os bancos estão oferecendo um parcelamento para dívidas no cheque especial. A opção vale para débitos superiores a R$ 200. Em janeiro de 2020, o BC passou a aplicar uma limitação dos juros do cheque especial, em 8% ao mês (151,82% ao ano).

Os dados divulgados na segunda-feira pelo Banco Central mostraram ainda que, para aquisição de veículos, os juros foram de 25,4% ao ano em março para 25,5% em abril.

A taxa média de juros no crédito total, que inclui operações livres e direcionadas (com recursos da poupança e do BNDES), foi de 28,2% ao ano em março para 28,0% ao ano em abril. No quarto mês de 2023, estava em 31,9%.

Já o Indicador de Custo de Crédito (ICC) ficou estável em 21,9% ao ano na passagem de março para abril. O porcentual reflete o volume de juros pagos, em reais, por consumidores e empresas no mês, considerando todo o estoque de operações, dividido pelo próprio estoque.

Na prática, o indicador reflete a taxa de juros média efetivamente paga pelo brasileiro nas operações de crédito contratadas no passado e ainda em andamento.

O spread em operações de crédito apresentou queda em abril, ao nível mais baixo em pouco mais de um ano. Dados divulgados nesta segunda-feira pelo Banco Central mostram que o spread bancário médio no crédito livre passou de 30,1 pontos porcentuais em março para 29,6 pontos porcentuais em abril. É o menor spread desde dezembro de 2022 (28,8 pontos).

No segmento pessoa física, o spread passou de 42,9 para 42,1 pontos porcentuais entre os dois meses. Para pessoa jurídica, o spread médio variou de 10,7 para 10,8 pontos porcentuais na passagem de março para abril.

O spread é calculado com base na diferença entre o custo de captação de recursos pelos bancos e o que é efetivamente cobrado dos clientes finais (famílias e empresas) em operações de crédito.

O spread médio do crédito direcionado passou de 4,1 pontos porcentuais em março para 4,2 em abril. Já o spread médio no crédito total (livre e direcionado) foi de 19,4 para 19,2 pontos porcentuais entre os dois meses.

De acordo com o BC, a taxa de inadimplência nas operações de crédito livre com os bancos teve alta entre março e abril, passando de 4,5% para 4,6%. Para as pessoas físicas, a taxa de inadimplência foi de 5,4% para 5,5% de um mês para o outro. No caso das empresas, passou de 3,2% para 3,3% no período.
Já a inadimplência do crédito direcionado (recursos da poupança e do BNDES) ficou estável em 1,4% na passagem de março para abril. O dado que considera o crédito livre mais o direcionado mostra que a taxa de inadimplência também permaneceu em 3,2% entre março e abril.

O endividamento das famílias brasileiras com o sistema financeiro fechou o mês de março em 48,0%, ante 47,8% registrado em fevereiro, e revisado nesta divulgação. O recorde da série histórica do Banco Central ocorreu em julho de 2022 (50,1%).

Se forem descontadas as dívidas imobiliárias, o endividamento ficou em 30,1% no terceiro mês de 2024, ante 30,0% em fevereiro, dado também revisado na divulgação realizada nesta segunda-feira pela autoridade monetária.

O Desenrola Brasil terminou em maio, beneficiando 15,06 milhões de pessoas com a negociação de R$ 53,07 bilhões em dívidas – valor que corresponde a 0,5% do Produto Interno Bruto (PIB).

Segundo o Ministério da Fazenda, foi registrada uma redução de 8,7% da inadimplência entre a população mais vulnerável do País, considerada público prioritário do programa. Deste grupo, foram alcançados 5 milhões de pessoas, com a negociação de R$ 25,43 bilhões em débitos.

Conforme os dados do BC para o mês de março, o comprometimento de renda das famílias com o Sistema Financeiro Nacional (SFN) terminou em 26,5%. Em fevereiro, o porcentual era de 25,7%.
O recorde da série foi registrado em junho de 2023, com 28,4%. Descontados os empréstimos imobiliários, o comprometimento da renda variou de 23,6% para 24,4% de fevereiro para março.

O juro médio total cobrado pelos bancos no rotativo do cartão de crédito subiu 2,2 pontos porcentuais de março para abril. A taxa passou de 421,3% para 423,5% ao ano. No caso do parcelado, o juro passou de 190,7% para 182,0% ao ano entre março e abril.

Considerando o juro total do cartão de crédito, que leva em conta operações do rotativo e do parcelado, a taxa passou de 87,1% para 85,6%.

O Congresso definiu em lei que os juros do rotativo e do parcelado não poderiam ultrapassar 100% do principal da dívida, caso os bancos não chegassem a um acordo sobre o assunto, chancelado pelo Conselho Monetário Nacional (CMN). Como não houve consenso, o teto para os juros e encargos da modalidade passou a valer no dia 3 de janeiro de 2024.

As taxas apresentadas pelo BC podem sugerir, portanto, que os bancos estejam descumprindo a lei, mas o que acontece é apenas um registro estatístico.

Para chegar às taxas anuais, a autoridade monetária extrapola o juro cobrado ao mês pela instituição financeira para o ano. Essa taxa, porém, nem sempre é efetivada porque, geralmente são apenas por alguns dias ou semanas que o consumidor fica “pendurado” no cartão, que costuma ter as taxas mais elevadas.

O chefe do Departamento de Estatísticas do Banco Central, Fernando Rocha, explicou que a instituição não pretende descontinuar essa série histórica porque ela ainda serve como referência para mostrar a velocidade de aumento ou redução dos juros e também porque é um dos componentes para se chegar à taxa cobrada pelo sistema como um todo.

Para acompanhar as exigências da nova lei, o BC criou um novo indicador, que deve ficar “maduro” a partir da metade do ano, quando houver mais dados disponíveis na amostragem.