Economia
Desincentivo

Juro do rotativo do cartão subiu 8,7% em julho

A modalidade emergencial de crédito está no centro das discussões econômicas e políticas do País neste momento devido às taxas mais caras do mercado.

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28 de agosto de 2023
Vinicius Palermo
Juro do rotativo do cartão subiu 8,7% em julho
A taxa passou de 437,0% para 445,7% ao ano.

Assunto do momento, o juro médio total cobrado pelos bancos no rotativo do cartão de crédito subiu 8,7 pontos porcentuais de junho para julho, informou na segunda-feira, 28, o Banco Central (BC). A taxa passou de 437,0% para 445,7% ao ano.

A modalidade emergencial de crédito está no centro das discussões econômicas e políticas do País neste momento devido às taxas mais caras do mercado. O assunto é tema de um grupo de trabalho formado pelo Ministério da Fazenda, o Banco Central e os bancos.

Recentemente, o presidente do BC, Roberto Campos Neto, afirmou que a solução estava se “encaminhando” para o fim do rotativo, com a dívida do cartão sendo transferida automaticamente ao parcelado com juros. Desde 2017, os bancos são obrigados a transferir, após um mês, a dívida do rotativo do cartão de crédito para o parcelado, a juros mais baixos.

Campos Neto também indicou que poderia haver uma tarifa de desincentivo para o parcelado sem juros “longo”, que é do interesse dos bancos, enquanto o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, é contra acabar com o parcelamento sem cobrança de taxas.

Além disso, na semana passada, o deputado Alencar Santana (PT-SP) propôs, em seu parecer sobre o projeto do Desenrola, limitar a taxa no rotativo e no parcelado com juros ao valor do principal da dívida, se os bancos não propuserem uma autorregulação em 90 dias após a entrada em vigor da lei.

No caso do parcelado, o juro passou de 196,1% para 198,4% ao ano entre junho e julho. Considerando o juro total do cartão de crédito, que leva em conta operações do rotativo e do parcelado, a taxa passou de 104,2% para 102,7%.

O estoque total de operações de crédito do sistema financeiro caiu 0,2%, para R$ 5,405 trilhões, de junho para julho. Em 12 meses, houve alta de 8,2%. Em julho ante junho, houve alta de 0,4% no estoque para pessoas físicas e redução de 1,1% no estoque para pessoas jurídicas.

De acordo com o BC, o estoque de crédito livre caiu 0,8% no sétimo mês de 2023, enquanto o de crédito direcionado apresentou alta de 0,7%. No crédito livre, houve avanço de 0,3% no saldo para pessoas físicas em julho. Para as empresas, o estoque baixou 2,3% no período.

O BC informou ainda que o total de operações de crédito em relação ao Produto Interno Bruto (PIB) passou de 52,5% para 52,1% na passagem de junho para julho.

O estoque das operações de crédito direcionado para habitação no segmento pessoa física cresceu 0,5% em julho ante junho, totalizando R$ 972,847 bilhões, informou o Banco Central. Em 12 meses até julho, o crédito para habitação no segmento pessoa física subiu 10,3%.

Já o estoque de operações de crédito livre para compra de veículos por pessoa física avançou 0,7% em julho ante junho, para R$ 270,829 bilhões. Em 12 meses, a variação foi positiva em 8,9%.

De acordo com o BC, o saldo de crédito para as empresas do setor de agropecuária caiu 1,2% em julho, para R$ 42,644 bilhões. Já o saldo para a indústria recuou 1,1%, para R$ 816,952 bilhões O montante para o setor de serviços também teve queda, de 1,8%, para R$ 1,224 trilhão.

No caso do crédito para pessoa jurídica com sede no exterior e créditos não classificados (outros), o saldo subiu 13,8%, aos R$ 5,233 bilhões.

O saldo de financiamentos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para empresas teve alta de 0,1% em julho ante junho, somando R$ 392,570 bilhões, informou o Banco Central. Em 12 meses até julho, a elevação acumulada é de 3,9%.

No sétimo mês de 2023, houve queda de 1,6% nas linhas de financiamento agroindustrial do BNDES, aumento de 0,1% no financiamento de investimentos e avanço de 6,6% no saldo de capital de giro.

O saldo do crédito ampliado ao setor não financeiro caiu 0,5% em julho ante junho, para R$ 15,170 trilhões. O montante equivale a 146,2% do PIB do Brasil, conforme dados divulgados pelo Banco Central.

O crédito ampliado inclui, entre outras, as operações de empréstimos feitas no âmbito do Sistema Financeiro Nacional (SFN) e as operações com títulos públicos e privados. A medida permite uma visão mais ampla sobre como empresas, famílias e o governo geral estão se financiando, ao abarcar não apenas os empréstimos bancários.

No caso específico de empresas, o saldo do crédito ampliado recuou 0,8% em julho ante junho, para R$ 5,174 trilhões. O montante equivale a 49,9% do PIB.

As concessões dos bancos no crédito livre caíram 9,3% em julho ante junho, para R$ 423,3 bilhões, informou o Banco Central. No acumulado dos últimos 12 meses até julho, porém, ainda há um aumento de 6,9%. Estes dados não levam em conta ajustes sazonais.

No crédito para pessoas físicas, as concessões caíram 0,3% em julho, para R$ 245,9 bilhões. Em 12 meses, há alta de 12,5%. Já no caso de pessoas jurídicas, as concessões despencaram 19,3% em julho ante junho, para R$ 177,4 bilhões. Em 12 meses, o avanço é de apenas 1,0%.