Economia
Inadimplência dispara

Juro do rotativo do cartão sobe em fevereiro para 417,4% ao ano

O rotativo do cartão, juntamente com o cheque especial, é uma modalidade de crédito emergencial, muito acessada em momentos de dificuldades.

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30 de março de 2023
Vinicius Palermo
Juro do rotativo do cartão sobe em fevereiro para 417,4% ao ano
A intenção do governo com a nova regra era permitir que a taxa de juros para o rotativo do cartão de crédito recuasse

Mesmo após o fim do ciclo de alta da Selic, o juro médio total cobrado pelos bancos no rotativo do cartão de crédito subiu 6,0 pontos porcentuais de janeiro para fevereiro, informou na quarta-feira, 29, o Banco Central. A taxa passou de 411,4% para 417,4% ao ano.

O rotativo do cartão, juntamente com o cheque especial, é uma modalidade de crédito emergencial, muito acessada em momentos de dificuldades. No caso do parcelado, ainda dentro de cartão de crédito, o juro passou de 182,0% para 189,6% ao ano.

Considerando o juro total do cartão de crédito, que leva em conta operações do rotativo e do parcelado, a taxa passou de 94,9% para 101,4%.

Em abril de 2017, começou a valer a regra que obriga os bancos a transferir, após um mês, a dívida do rotativo do cartão de crédito para o parcelado, a juros mais baixos.

A intenção do governo com a nova regra era permitir que a taxa de juros para o rotativo do cartão de crédito recuasse, já que o risco de inadimplência, em tese, cai com a migração para o parcelado.

A taxa média de juros no crédito livre subiu de 43,5% ao ano em janeiro para 44,2% ao ano em fevereiro. No segundo mês de 2022, era de 36,5%. Para as pessoas físicas, a taxa média de juros no crédito livre passou de 56,6% para 58,2% ao ano de janeiro para fevereiro, enquanto para as pessoas jurídicas foi de 25,3% para 24,2%.

Entre as principais linhas de crédito livre para a pessoa física, destaque para o cheque especial, cuja taxa disparou de 131,1% ao ano para 137,4% ao ano de janeiro para fevereiro. No crédito pessoal, a taxa passou de 41,7% para 42,2% ao ano.

Desde 2018, os bancos estão oferecendo um parcelamento para dívidas no cheque especial. A opção vale para débitos superiores a R$ 200. Em fevereiro de 2020, o BC passou a aplicar uma limitação dos juros do cheque especial, em 8% ao mês (151,82% ao ano).

Os dados divulgados na quarta pelo Banco Central mostraram ainda que, para aquisição de veículos, os juros foram de 29,1% ao ano em janeiro para 29,0% em fevereiro.

A taxa média de juros no crédito total, que inclui operações livres e direcionadas (com recursos da poupança e do BNDES) permaneceu em 31,2% ao ano de janeiro para fevereiro. No segundo mês de 2022, estava em 26,0%.

Já o Indicador de Custo de Crédito (ICC) subiu 0,3 ponto porcentual em fevereiro ante janeiro, aos 22,3% ao ano. O porcentual reflete o volume de juros pagos, em reais, por consumidores e empresas no mês, considerando todo o estoque de operações, dividido pelo próprio estoque.

Na prática, o indicador reflete a taxa de juros média efetivamente paga pelo brasileiro nas operações de crédito contratadas no passado e ainda em andamento.

De acordo com o BC, o spread em operações de crédito apresentou elevação/queda em fevereiro. Os dados divulgados mostram que o spread bancário médio no crédito livre passou de 30,6 pontos porcentuais em janeiro para 31,6 pontos porcentuais em fevereiro.

O spread médio da pessoa física no crédito livre passou de 43,5 para 45,6 pontos porcentuais entre os dois meses. Para pessoa jurídica, o spread médio passou de 12,7 para 11,8 pontos porcentuais.

O spread é calculado com base na diferença entre o custo de captação de recursos pelos bancos e o que é efetivamente cobrado dos clientes finais (famílias e empresas) em operações de crédito.

O spread médio do crédito direcionado permaneceu inalterado em 4,4 pontos porcentuais na passagem de janeiro para fevereiro.

Já o spread médio no crédito total (livre e direcionado) foi de 20,5 para 20,9 pontos porcentuais de janeiro para fevereiro.

A taxa de inadimplência total nas operações de crédito livre com os bancos em fevereiro repetiu a taxa de 4,5% de janeiro, informou o Banco Central.

Para as pessoas físicas, a taxa de inadimplência também continuou em 6,1% de um mês para o outro. No caso das empresas, variou de 2,3% para 2,4% no período.

A inadimplência do crédito direcionado (recursos da poupança e do BNDES) aumentou de 1,3% para 1,6% em fevereiro ante janeiro.

Já o dado que considera o crédito livre mais o direcionado mostra que a taxa de inadimplência variou de 3,2% em janeiro para 3,3% em fevereiro.