Economia
Dívida recua

JBS registrou lucro líquido de R$ 82,6 milhões no 4º trimestre

O Ebitda ajustado foi de R$ 5,104 bilhões, alta de 11,6% ante o quarto trimestre de 2022, com margem de 5,3%.

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28 de março de 2024
Vinicius Palermo
JBS registrou lucro líquido de R$ 82,6 milhões no 4º trimestre
A JBS afirma que o recuo foi resultado de uma queda nos preços médios, sendo parcialmente compensada pelos maiores volumes vendidos.

A JBS encerrou o quarto trimestre de 2023 com lucro líquido de R$ 82,6 milhões, valor 96,5% menor do que o lucro de R$ 2,35 bilhões verificado em igual período de 2022, informou a empresa na terça-feira (26), depois do fechamento do mercado. A receita líquida ficou em R$ 96,34 bilhões, com alta anual de 3,7%. Já o Ebitda ajustado (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) foi de R$ 5,104 bilhões, alta de 11,6% ante o quarto trimestre de 2022, com margem de 5,3%.

Por unidade de negócio, o Ebitda ajustado da JBS Beef reverteu o resultado positivo do quarto trimestre de 2022 e ficou negativo em R$ 488,5 milhões. O Ebitda ajustado da Seara caiu 4,8% (R$ 670,4 milhões) e o da JBS USA Pork, 4,3% (R$ 966,7 milhões). Mas houve altas nos Ebitdas de JBS Brasil, de 157,1% (R$ 874 milhões), da JBS Austrália, de 40,1% (R$ 883,9 milhões), e da Pilgrim’s Pride, de 145,4% (R$ 2,19 bilhões).

A Seara teve receita líquida 5,3% menor no trimestre ante igual período do ano anterior, de R$ 10,452 bilhões. A JBS afirma que o recuo foi resultado de uma queda nos preços médios, sendo parcialmente compensada pelos maiores volumes vendidos. As vendas no mercado doméstico, que responderam por 52% da receita da unidade no trimestre, totalizaram R$ 5,5 bilhões, 6% menor que no igual período de 2022.

A JBS Brasil registrou de outubro a dezembro de 2023 receita 4,4% maior na comparação anual, de R$ 14,9 bilhões. A empresa afirma que o crescimento é reflexo principalmente dos maiores volumes vendidos. No mercado doméstico, a receita na categoria de carne bovina in natura cresceu 12% no quarto trimestre.

A dívida líquida da companhia somou R$ 74,058 bilhões, 6,5% menor ao reportado em igual trimestre de 2022, de R$ 79,171 bilhões. Em dólares, a dívida líquida aumentou 0,8%, de US$ 15,173 bilhões para US$ 15,297 bilhões. Já a alavancagem, medida pela relação entre dívida líquida e Ebitda, ficou em 4,32 vezes em reais e 4,42 vezes em dólares no quarto trimestre, contra 2,29 vezes e 2,26 vezes, respectivamente, um ano antes.

Em comunicado, a JBS informou que o fluxo de caixa das atividades operacionais foi de R$ 8,5 bilhões nas atividades operacionais. O fluxo de caixa livre, após adição de ativo imobilizado, juros pagos e recebidos, e arrendamento mercantil foi de R$ 4,3 bilhões A empresa informou também que, no quarto trimestre do ano passado, o valor total das atividades de investimentos foi de R$ 1,7 bilhão.

A JBS teve prejuízo de R$ 1,061 bilhão no ano, tendo revertido o lucro de R$ 15,5 bilhões do ano anterior. A empresa informou que a receita líquida no ano de 2023 foi de R$ 363,8 bilhões, queda de 2,9% ante 2022. O Ebitda ajustado foi de R$ 17,1 bilhões, perda de 50,4%, com margem de 4,7% (queda de 4,5 pontos porcentuais).

A JBS anunciou, em comunicado ao mercado, a nomeação dos irmãos Wesley e Joesley Batista para o seu Conselho de Administração. Como os retornos deles representam adições, o número de membros do conselho aumentará para 11, com maioria independente (7 a 4).

Wesley e Joesley Batista são sócios na J&F, holding que tem o controle da JBS. Eles começaram suas jornadas profissionais na empresa aos 17 e 16 anos, respectivamente, liderando sua expansão global. Porém, se afastaram dos seus cargos na empresa em 2017, após fecharem um acordo de delação premiada com a Procuradoria Geral da República.

Na delação, os empresários admitiram o envolvimento do grupo em atos de corrupção e pagamento de propina, no âmbito das investigações conduzidas pela Operação Lava Jato.

A delação quase derrubou o presidente da República à época, Michel Temer, por conta de uma gravação feita por Joesley na qual o presidente aparentemente dava seu aval à compra do silêncio de potenciais delatores de casos de corrupção, como o deputado cassado Eduardo Cunha. Posteriormente, Temer acabaria absolvido da acusação.

O movimento de reabilitação pública e volta aos holofotes dos irmãos já havia sido sinalizada em fevereiro, quando eles foram nomeados membros do Conselho de Administração da Pilgrim’s Pride, companhia norte-americana de carne de frango que faz parte do grupo da JBS.

No fim de outubro de 2023, a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) absolveu os empresários de três acusações de insider trading (uso de informação privilegiada em negociações).

O processo instaurado pela Superintendência de Relações com Empresas (SEP) da CVM acusava os dois empresários de votarem na aprovação das próprias contas, em 2017.

Wesley Batista, de 53 anos, foi CEO global da JBS por seis anos. Nessa posição, liderou a entrada da empresa no setor de carne de frango e a expansão com as aquisições da XL Foods (Canadá), Seara (Brasil), Cargill Pork (Estados Unidos), Primo (Austrália) e Moy Park (Reino Unido). Antes, atuou como presidente de operações de carne bovina da JBS no Brasil e na Argentina. Ele também presidiu a JBS USA.

Joesley Batista, de 52 anos, começou a trabalhar como gerente da Flora Higiene e Cosméticos. Após comandar a área de frigoríficos da Friboi em Goiás, assumiu a área financeira da empresa. Atuou na expansão da companhia com a aquisição de ativos como a Swift dos EUA, em 2007, quando assumiu a presidência da JBS.