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Cessar-fogo temporário

Israel reafirma plano de continuar guerra em Gaza para eliminar Hamas

Na primeira fase do processo, o Hamas libertará 50 mulheres e crianças ao longo dos próximos quatro dias, período no qual haverá uma pausa nos combates.

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22 de novembro de 2023
Vinicius Palermo
Israel reafirma plano de continuar guerra em Gaza para eliminar Hamas
O primeiro ministro de Israel, Benjamin Netanyahu.

Embora tenha firmado acordo que prevê um cessar-fogo temporário na Faixa de Gaza, o governo de Israel enfatizou o compromisso em continuar a guerra na região para completar a “eliminação” do grupo palestino extremista Hamas e evitar a existência de ameaças ao país.

Na primeira fase do processo, o Hamas libertará 50 mulheres e crianças ao longo dos próximos quatro dias, período no qual haverá uma pausa nos combates. “A soltura de cada dez novos reféns resultará em um dia adicional de pausa”, prometeu o governo israelense, em comunicado.

O Ministério da Justiça de Israel publicou uma lista de 300 detidos e prisioneiros palestinos que potencialmente poderiam ser soltos pelo acordo de reféns fechado na madrugada de quarta-feira, 22, com o grupo terrorista Hamas para uma trégua temporária na Faixa de Gaza.

A maioria das pessoas na lista publicada são adolescentes presos no último ano por delitos como arremesso de pedras ou incitação. Nenhum deles foi condenado por homicídio, embora alguns tenham cumprido sentenças por tentativa de homicídio.

O mais jovem tem 14 anos, e a lista ainda inclui cerca de 40 mulheres. Os detidos serão libertados para as suas casas na Cisjordânia, em Jerusalém Oriental e na Faixa de Gaza. Os militares israelenses afirmam ter detido mais de 1.850 palestinos na Cisjordânia desde o início da guerra, a maioria suspeitos de serem membros do grupo terrorista Hamas.

Segundo o acordo de trégua, 50 reféns serão libertados em quatro dias, provavelmente começando na quinta-feira, 23. Durante este período, o conflito será pausado. Depois disso, cada 10 reféns soltos resultarão em um dia adicional de pausa e na libertação de prisioneiros palestinos adicionais.

Espera-se que Israel liberte 150 prisioneiros palestinos nos primeiros quatro dias, embora o Ministério de Justiça tenha publicado a lista de 300 pessoas caso o acordo seja estendido. Sob a lei israelense, o público tem 24 horas para se opor a qualquer divulgação.

Ambos os lados libertarão primeiramente as mulheres e as crianças, e o fornecimento de ajuda humanitária que flui para o território sitiado será aumentado.

O gabinete do primeiro-ministro de Israel, Binyamin Netanyahu, afirmou que mulheres e crianças estariam entre os reféns libertados e que “a libertação de cada 10 reféns adicionais resultará em um dia adicional de pausa nos conflitos”. “O governo israelense está empenhado em trazer todos os reféns para casa”, acrescentou o governo.

Menos de uma hora depois, o Hamas afirmou em um comunicado no Telegram que também concordou com o acordo. “Depois de muitos dias de negociações difíceis e complexas, anunciamos, com a ajuda e a bênção de Deus, que alcançamos uma trégua humanitária”, disse o Hamas.

O acordo contou com a mediação do Catar e esforços diplomáticos de Egito e Estados Unidos para que fosse concretizado.

Mohammed Al Khulaifi, um ministro de Estado do Catar que foi o principal negociador nas negociações, instou ambos os lados a cumprirem as suas obrigações nos termos do acordo e disse esperar que a negociação abrisse o caminho para o fim da guerra.

“É a primeira vez que ambos os lados concordam em apoiar a via diplomática durante os combates contínuos, que infligiram tanta dor e sofrimento a civis inocentes”, disse ele em um comunicado.
Até que o cessar-fogo comece, a situação provavelmente permanecerá fluida. O Hamas acrescentou na sua declaração que, embora tenha concordado com uma trégua, “as nossas mãos continuarão no gatilho” e os seus combatentes “continuarão atentos para defender o nosso povo e derrotar a ocupação e a agressão”.

O grupo terrorista também afirmou em sua declaração que Israel concordou em deixar entrar mais suprimentos e ajuda humanitária dentro do enclave palestino, além de seguir permitindo que os civis palestinos se deslocassem do norte de Gaza.

“Estamos muito felizes”, afirmou a principal associação israelense de famílias de sequestrados na Faixa de Gaza, o Fórum de Reféns e de Famílias Desaparecidas. “No momento não sabemos exatamente quem será liberado nem quando”, acrescenta a nota.

Um funcionário de alto escalão da Casa Branca afirmou que entre os liberados estarão três americanos, incluindo uma menina de três anos. O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, afirmou que está “extraordinariamente satisfeito” com a notícia da libertação em breve dos reféns.

O acordo foi celebrado por grandes potências, como Alemanha, China, França, Reino Unido e Rússia.
O presidente do Egito, Abdel Fatah al Sissi, que participou nas conversações, chamou a negociação de “um sucesso”. A Turquia afirmou esperar que ajuda a “acabar com o conflito”.

O secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, celebrou o acordo como “um passo na direção correta”, mas disse que “ainda há muito por fazer”, destacou um porta-voz em um comunicado. A Autoridade Palestina, que governa a Cisjordânia, também saudou o acordo, mas reiterou o pedido de um “fim completo da agressão de Israel”.