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Israel manterá negociações no Cairo sobre cessar-fogo em Gaza

A expectativa é de que uma delegação liderada por Ronen Bar, chefe do Shin Bet, agência de inteligência interna de Israel, participe da reunião no Cairo.

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11 de julho de 2024
Vinicius Palermo
Israel manterá negociações no Cairo sobre cessar-fogo em Gaza
O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu

O gabinete do primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, anunciou que as negociações para a trégua na Faixa de Gaza e a libertação dos reféns vão continuar nesta sexta-feira (12), no Egito.  A expectativa é de que uma delegação liderada por Ronen Bar, chefe do Shin Bet, agência de inteligência interna de Israel, participe da reunião no Cairo. 

Segundo o governo israelense, um grupo de negociadores do país em Doha, liderado pelo chefe da Mossad, Davis Barnea, retornou à Israel após uma cúpula com mediadores dos Estados Unidos, Egito e Catar e reuniu-se com Netanyahu.

“Na reunião foram discutidos os capítulos do acordo para o retorno dos reféns e as modalidades de implementação do plano, garantindo ao mesmo tempo todos os objetivos da guerra”, acrescentou o comunicado.

Netanyahu disse estar comprometido com o plano de libertação dos reféns, mas falou que “os assassinos” do movimento fundamentalista islâmico Hamas insistem em pedidos que contradizem a iniciativa e colocam em risco a segurança de Israel.

“Como premiê de Israel e pela responsabilidade nacional, não estou pronto para aceitar esses pedidos”, afirmou ele.

Além disso, reiterou suas quatro condições necessárias: “Permitir que Israel volte a lutar até que os objetivos sejam alcançados; nenhum contrabando de armas do Egito para o Hamas; nenhum retorno de terroristas armados ao norte de Gaza; e libertação imediata do número máximo de reféns vivos”.

Netanyahu enfatizou que estes são os seus “princípios rígidos” e disse estar “certo de que, se resistirmos por eles, chegaremos a um acordo que nos permitirá libertar os nossos reféns e garantirá que continuaremos lutando até que todos os nosso objetivos sejam concluídos”.

“A forma de libertar o nosso povo sequestrado é continuar a pressionar o Hamas com todas as nossas forças”, defendeu ele. Paralelamente, os Estados Unidos anunciaram novas sanções contra “extremistas israelenses” acusados de alimentar a violência na Cisjordânia ocupada.

“Hoje, estamos impondo sanções a três indivíduos e cinco entidades israelenses ligadas a atos de violência contra os civis na Cisjordânia”, informou o Departamento de Estado em um comunicado.
Após a decisão, os ministros das Relações Exteriores do G7 juntaram-se à Organização das Nações Unidas (ONU) e à União Europeia (UE) na condenação” do anúncio de que “cinco postos avançados serão legalizados na Cisjordânia”.

“Também rejeitamos a decisão do governo israelense de declarar ‘terras do Estado’ mais de 1.270 hectares na Cisjordânia – o maior do gênero desde os Acordos de Oslo – e expandir os assentamentos existentes no país em 5.295 novas unidades habitacionais e construir três novos”, diz a nota do G7.

De acordo com os chanceleres de Canadá, França, Alemanha, Itália, Japão, Reino Unido e Estados Unidos , além do alto representante da UE, “o programa de assentamentos do governo israelense é incompatível com o direito internacional e contraproducente para a causa da paz”.

“Reafirmamos o nosso compromisso com uma paz duradoura e sustentável, de acordo com as resoluções relevantes do Conselho de Segurança das Nações Unidas, com base na solução de dois Estados”, acrescenta o texto.

Por fim, o comunicado destaca que todos “expressam sua oposição à expansão dos colonatos e, como em casos precedentes, apelam ao governo israelense para reverter esta decisão”.

Retirada

A Defesa Civil da Faixa de Gaza afirmou nesta quinta-feira (11) que encontrou cerca de 60 corpos no bairro de Shujaiya, no leste da Cidade de Gaza, depois que o Exército israelense decretou o fim de uma intensa ofensiva de duas semanas nesta área.

Após a retirada das forças israelenses do bairro de Shujaiya, no norte de Gaza, “as equipes da Defesa Civil, junto com os moradores, conseguiram recuperar até agora cerca de 60 mártires”, disse em comunicado o porta-voz da instituição, Mahmud Basal. O Exército israelense anunciou na quarta-feira à noite o fim de sua ofensiva em Shujaiya, palco desde 27 de junho de intensos combates que obrigaram dezenas de milhares de pessoas a fugir. Assegurou ainda que a operação permitiu o desmantelamento de “oito túneis” e a morte de “dezenas de terroristas”.

Na quinta-feira, alguns moradores retornaram ao bairro destruído, entre eles Mohamad Nairi, que presenciou a “destruição imensa, além do que podemos descrever”. O Exército israelense pediu a todos os residentes da Cidade de Gaza, entre 300.000 e 350.000 pessoas, segundo a ONU, que deixassem a região na quarta-feira, lançando milhares de panfletos alertando que continuava sendo “uma zona de combate perigosa”.

Nesta quinta, anunciou que seguia sua operação no centro da cidade contra os combatentes do Hamas “na sede da UNRWA”, a Agência da ONU para os Refugiados Palestinos.