Mundo
Banho de sangue

Israel manda tropas ficarem de prontidão e diz que soldados verão Gaza ‘de dentro’

Em um encontro com a infantaria na fronteira com a Faixa de Gaza, Yoav Gallant ordenou que as forças “se organizassem, ficassem prontas” para uma ordem para entrar.

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19 de outubro de 2023
Vinicius Palermo
Israel manda tropas ficarem de prontidão e diz que soldados verão Gaza ‘de dentro’
Ministro da Defesa de Israel, Yoav Gallant.

O ministro da defesa de Israel falou, na quinta-feira, 19, às tropas terrestres para estarem prontas para entrar em Gaza, embora não tenha dito quando a invasão começará. Em um encontro com a infantaria na fronteira com a Faixa de Gaza, Yoav Gallant ordenou que as forças “se organizassem, ficassem prontas” para uma ordem para entrar.

“Quem vê Gaza de longe agora, verá de dentro”, disse ele. “Eu prometo”. Israel concentrou dezenas de tropas ao longo da fronteira com Gaza após o ataque do grupo terrorista Hamas, no dia 7 de outubro. Desde então, o país tem declarado publicamente que pretende invadir por terra a Faixa de Gaza como resposta – o que algumas autoridades temem resulte em um “banho de sangue”.

“Agora, nossas manobras vão levar a guerra para o território deles (do Hamas). Será longo, será intenso, os melhores comandantes e soldados estão aqui”, declarou Gallant em um vídeo divulgado pelo Exército de Israel.

A última invasão terrestre israelense em grande escala de Gaza foi em 2014, durante uma guerra de 50 dias entre Israel e o Hamas que matou milhares de palestinos e dezenas de israelenses. Os tanques e as tropas terrestres israelenses invadiram o enclave costeiro em uma tentativa de destruir a infraestrutura do Hamas, levando a combates mortais em túneis e nas ruas densamente povoadas de Gaza.

Na quinta-feira, 19, Israel atacou a Faixa de Gaza com ataques aéreos, inclusive no sul, onde os palestinos foram instruídos a se refugiar.

O secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), António Guterres, pediu um cessar-fogo nos confrontos entre Israel e Hamas, visando ações humanitárias. Em discurso no Egito, junto a autoridades do país árabe, o português pediu ao Hamas a libertação imediata e incondicional dos reféns em poder do grupo, e fez o apelo a Israel pelo acesso imediato e irrestrito à ajuda humanitária para responder às necessidades mais básicas do povo de Gaza.

“Os civis em Gaza necessitam desesperadamente de serviços e suprimentos essenciais – e para isso precisamos de acesso humanitário rápido e desimpedido. Precisamos de alimentos, água, medicamentos e combustível agora e precisamos que sejam sustentados. Não é necessária uma pequena operação. É um esforço sustentado para entregar ajuda humanitária ao povo de Gaza”, afirmou Guterres. “Em termos simples, isso significa que os humanitários precisam de ser capazes de receber a ajuda – e precisam de ser capazes de a distribuir com segurança”, disse o secretário.

Segundo Guterres, neste esforço para salvar vidas, o aeroporto de El Arish, no Sinai, e a passagem de Rafah, na fronteira entre Egito e a Faixa de Gaza, não são apenas críticos, são a nossa única esperança. Na visão do secretário, através das suas ações e da sua abertura, o Egito está mostrando como é um pilar da cooperação multilateral – e um elemento fundamental para ajudar a acalmar tensões e a aliviar a colossal dor e sofrimento humano.

Segundo Guterres, no momento há um cerco total a Gaza e há uma campanha de bombardeios implacável por Israel, com um custo cada vez maior para os civis. “Permitam-me que seja muito claro ao reafirmar que o direito humanitário internacional deve ser respeitado; que a proteção dos civis também é uma obrigação e que qualquer ataque a um hospital, a uma escola ou a instalações da ONU é proibido pelo direito internacional”, afirmou.

Uma base militar no sul da Síria, onde tropas dos Estados Unidos mantiveram presença para treinar forças como parte de uma ampla campanha contra o grupo Estado Islâmico, foi atacada por drones na quinta-feira também.

Um drone foi abatido, mas outro causou ferimentos leves, disse uma das autoridades, que falou sob condição de anonimato para discutir o assunto antes de um anúncio oficial sobre o incidente.
Os ataques seguem-se a ataques semelhantes de drones nos últimos dias contra bases dos EUA e da coligação no Iraque, em meio à raiva latente na região depois de uma explosão num hospital de Gaza ter matado centenas de pessoas.

A guarnição de al-Tanf, no sudeste da Síria, está localizada num ponto sensível, frequentemente utilizado por militantes apoiados pelo Irã para transportar armas para o Hezbollah.

Ativistas da oposição síria também disseram que um ataque de drones foi conduzido contra uma instalação petrolífera no leste da Síria que abriga tropas americanas.

Omar Abu Layla, um ativista baseado na Europa que dirige o meio de comunicação Deir Ezzor 24, disse que três drones com explosivos atingiram o campo de gás Conoco, na província oriental de Deir el-Zour, que faz fronteira com o Iraque.

Rami Abdurrahman, do Observatório Sírio para os Direitos Humanos, com sede no Reino Unido, um monitor de guerra da oposição, confirmou que cinco explosões foram ouvidas no campo de gás de Conoco.