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Israel garante aos EUA que não vai atacar instalações de petróleo e nucleares do Irã

A planejada ofensiva é uma retaliação aos 180 mísseis lançados pelo Irã contra o território de Israel no dia 1º

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16 de outubro de 2024
Vinicius Palermo
Israel garante aos EUA que não vai atacar instalações de petróleo e nucleares do Irã
O compromisso foi assumido pelo primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu


O governo de Israel assegurou aos Estados Unidos que o ataque de retaliação contra o Irã não vai atingir instalações petrolíferas e nucleares, de acordo com autoridades americanas.

O compromisso foi assumido pelo primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, em conversa telefônica com o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, na semana passada. O secretário de Defesa americano, Lloyd Austin, ouviu a mesma promessa do secretário de Defesa israelense, Yoav Gallant, segundo as fontes americanas.

Israel sugeriu que a retaliação vai mirar alvos militares e de inteligência, mas não forneceu aos Estados Unidos uma lista de possíveis locais que sofrerão ataques.

A planejada ofensiva é uma retaliação aos 180 mísseis lançados pelo Irã contra o território de Israel no dia 1º, em resposta ao assassinato do líder do Hezbollah, Hassan Nasrallah.

“Ouvimos a opinião dos EUA, mas tomaremos as nossas decisões finais com base nos nossos interesses nacionais”, afirmou o gabinete de Netanyahu em comunicado.

Os ataques lançados por Israel contra localidades no sul da Faixa de Gaza mataram 15 pessoas nesta terça-feira, 15, segundo autoridades palestinas. Em Beni Suhaila, ao menos dez pessoas de uma mesma família morreram na explosão de uma residência. Três crianças e uma mulher estão entre as vítimas. Em Fakhari, na mesma região, um ataque a uma casa matou cinco pessoas, incluindo três crianças e uma mulher.

O Escritório de Direitos Humanos das Nações Unidas exigiu nesta terça-feira que seja feita uma “investigação rápida, independente e completa” sobre um ataque israelense que na segunda-feira matou 22 civis na vila libanesa de Aito, no norte.

Em declarações a jornalistas, em Genebra, o porta-voz, Jeremy Laurence, citou relatos de que 12 mulheres e duas crianças estariam entre as vítimas do ataque a um prédio residencial de quatro andares.

Ele defendeu que esses fatores requerem uma investigação rápida, independente e completa em meio à preocupação com questões como leis da guerra, além dos princípios de distinção, proporção e proporcionalidade.

A Agência da ONU para Refugiados, Acnur, revelou que a piora da crise com a intensificação dos ataques aéreos israelenses no Líbano já deslocou 1,2 milhão de pessoas.

Os dados confirmados pelo Governo do Líbano ilustram como a propagação dos ataques tem um impacto cada vez mais arrasador sobre os civis no país, levando mais pessoas a fugir para o país vizinho, a Síria.

Com o número de deslocados aumentando a cada dia, pelo menos 20 aldeias no sul do Líbano receberam ordens de evacuação na segunda-feira. Um quarto do território libanês está agora sob ordens de evacuação militar israelense.

O Acnur alerta que muitas famílias fogem para espaços públicos abertos em desespero para escapar das bombas, mas enfrentam dificuldades para encontrar abrigo.

Vários sírios, que antes buscavam segurança ao fugir para salvar suas vidas no Líbano, compõem 70% das 283 mil pessoas que cruzaram a fronteira do Líbano. A proporção restante é de libaneses e cidadãos de outras nacionalidades.

A agência destaca que famílias estão “vivendo em circunstâncias perigosas” e que a piora do conflito agrava os efeitos psicológicos na população, particularmente entre crianças e jovens.

Uma declaração conjunta do Fundo da ONU para a Infância, Unicef, e do Programa Mundial de Alimentos, PMA, ressalta que é preciso dar resposta humanitária urgente às vítimas.

Três dias de uma avaliação ao Líbano permitiram que especialistas das duas agências pudessem testemunhar a destruição, o medo e a confusão das pessoas para as quais o futuro permanece incerto com seu país sob fogo.

A nota sublinha que “a guerra que o mundo queria evitar no Líbano está acontecendo agora e já desencadeou uma catástrofe”.

Na visita a abrigos e acampamentos informais de tendas houve contato com afetados, autoridades governamentais e parceiros da sociedade civil que atuam 24 horas por dia para responder às necessidades.

As agências dizem ter acompanhado relatos individuais de deslocamento forçado e múltiplos obstáculos, incluindo desafios no posto de controle de Masnaa. A via é usada por centenas de milhares de pessoas que cruzam para a Síria.

O comunicado indica ainda que quase todas as crianças no Líbano sofreram efeitos dos ataques de alguma forma seja como vítimas de bombardeios ou pela perda de entes queridos, casas, educação ou pela incerteza com a iminente piora da pobreza.