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Israel declara ‘nova fase’ de guerra, com foco no Hezbollah

O líder do grupo xiita Hezbollah, Hassan Nasrallah, disse que o ataque de Israel aos pagers do grupo foi um “golpe severo” que cruzou uma “linha vermelha” e prometeu uma retaliação contra o país.

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19 de setembro de 2024
Israel declara ‘nova fase’ de guerra, com foco no Hezbollah
Foto: Reuters

O ministro da defesa de Israel, Yoav Gallant, declarou o início de uma “nova fase” da guerra, enquanto Israel volta seu foco para a frente norte contra o Hezbollah no Líbano. Duas ondas de ataques explosivos atingiram a Síria e o Líbano: um aparente ataque israelense visando pagers usados pelo Hezbollah que matou pelo menos 12 e feriu quase 3 mil na terça-feira, 17, além da explosão de walkie-talkies e outros eletrônicos na quarta-feira, 18 em todo o Líbano que matou pelo menos 20 pessoas e feriu outras 450.

“Estamos no início de uma nova fase na guerra – requer coragem, determinação e perseverança”, disse Gallant às tropas na quarta-feira. O chefe do Conselho Executivo do Hezbollah prometeu que o grupo responderia ao ataque de explosão do pager de terça-feira com “punição especial”.

O líder do grupo xiita Hezbollah, Hassan Nasrallah, disse que o ataque de Israel aos pagers do grupo foi um “golpe severo” que cruzou uma “linha vermelha” e prometeu uma retaliação contra o país. Em discurso televisionado na quinta-feira, 19, o chefe do grupo disse que continuará a fazer os ataques diários no norte de Israel e que os israelenses não serão capazes de retornar para as suas casas “até que a guerra de Gaza termine”.

“O inimigo enfrentará uma punição severa e justa de onde eles esperam e não esperam”, pontuou. Enquanto Nasrallah discursava, o Hezbollah e os militares israelenses trocavam ataques na fronteira e ao menos dois soldados de Israel foram mortos. Aviões de guerra israelenses também voaram baixo sobre Beirute.

O alto comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos pediu uma “investigação independente, completa e transparente” sobre as circunstâncias das explosões simultâneas generalizadas da terça-feira no Líbano e na Síria.

Em nota, Volker Turk destacou a morte de 12 pessoas após a detonação de pagers. Segundo agências de notícias, explosivos teriam sido colocados nos aparelhos usados por membros do Hezbollah para enviar mensagens curtas.

O secretário-geral, António Guterres, afirmou estar profundamente alarmado com relatos da explosão de muitos dispositivos. Em nota emitida pelo porta-voz, ele pede o máximo de moderação para que seja evitada qualquer nova escalada.

O líder das Nações Unidas pediu um novo compromisso dos envolvidos com a implementação total da resolução 1701 do Conselho de Segurança e que “retornem imediatamente à renúncia dos confrontos para restaurar a estabilidade”.

Há relatos de duas crianças entre os mortos e milhares de feridos, em uma situação que Turk classificou como chocante e com um impacto inaceitável sobre os civis. O chefe de direitos humanos sublinha ainda que o medo e o terror desencadeados pelas explosões são profundos.

O apelo para o que é tido como “momento extremamente volátil” é que os “todos os Estados com influência na região e além dela tomem medidas imediatas para evitar uma maior ampliação dos conflitos atuais”. Turk pede o fim dos “horrores diários” e do sofrimento.

O alto comissário destaca ainda que “já passou da hora de os líderes se manifestarem em defesa dos direitos de todas as pessoas de viver em paz e segurança” e terem a proteção dos civis como a prioridade máxima.

Para ele ter milhares de indivíduos como alvos, “sejam civis ou membros de grupos armados, sem conhecimento de quem estava de posse dos dispositivos visados, sua localização e seus arredores no momento do ataque, viola o direito internacional dos direitos humanos e, na medida aplicável, o direito internacional humanitário”.

Logo após as explosões, a coordenadora especial da ONU para o Líbano, Jeanine Hennis-Plasschaert, disse que estes episódios marcam uma “escalada extremamente preocupante no que já é um contexto inaceitavelmente volátil”.

Enquanto está sendo apurado o impacto total do ataque, Hennis-Plasschaert pediu a todos os envolvidos que se abstenham de qualquer ação adicional ou retórica bélica, porque “poderia desencadear uma conflagração mais ampla que ninguém pode pagar”.

A representante realça a urgência de restaurar a calma ao solicitar que os envolvidos nas tensões priorizem a estabilidade.