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Israel concorda em adiar invasão de Gaza para esperar defesas aéreas dos EUA

O Wall Street Journal informou ainda que os EUA têm persuadido Israel a esperar que os americanos estejam protegidos com defesas aéreas antes que o ataque dentro de Gaza aconteça.

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25 de outubro de 2023
Vinicius Palermo
Israel concorda em adiar invasão de Gaza para esperar defesas aéreas dos EUA
O primeiro ministro de Israel - Benjamin Netanyahu.

Israel concordou em deixar suas defesas aéreas à disposição dos Estados Unidos para proteger as tropas americanas de possíveis retaliações a uma invasão terrestre israelense na Faixa de Gaza, informou o jornal Wall Street Journal na quarta-feira, 25.

Segundo o jornal, as autoridades americanas se preocupam que a invasão terrestre pretendida por Israel em Gaza reflitam em retaliações contra as tropas americanas que servem no Iraque, Síria, Kuwait, Jordânia, Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos Eles acreditam que mísseis e foguetes podem ser disparados contra eles pelos grupos militantes do Oriente Médio.

O Wall Street Journal informou ainda que os EUA têm persuadido Israel a esperar que os americanos estejam protegidos com defesas aéreas antes que o ataque dentro de Gaza aconteça. A expectativa é que os sistemas antiaéreos estejam implantados ainda esta semana.

O fornecimento de ajuda humanitária aos civis dentro da Faixa de Gaza e os esforços diplomáticos para libertar mais reféns detidos pelo grupo terrorista Hamas também contribuem para a invasão terrestre ainda não ter ocorrido, dizem as autoridades ouvidas pelo jornal.

Segundo os Estados Unidos, pelo menos 13 ataques aéreos de drones e mísseis foram feitos contra tropas americanas no Iraque e na Síria. Pelo menos uma dúzia de soldados ficaram feridos na Síria e outros 10 no Iraque, um construtor americano foi morto e um drone, danificado.

O alerta é feito no momento em que hospitais em Gaza lutam para tratar muitos feridos com recursos diminuindo, e autoridades de saúde no território controlado pelo Hamas dizem que o número de mortes dispara, enquanto aviões de Israel continuavam a atacar o território na madrugada de quarta-feira.

Os ataques aéreos mataram mais de 750 pessoas em Gaza entre terça-feira, 24, e quarta-feira, segundo o Ministério da Saúde de Gaza, onde o Hamas controla o governo. Os dados não especificam quantos seriam militantes entre as baixas. A Associated Press não tem como verificar de modo independente os números citados pelo Hamas, que atribui a informação a diretores de hospitais.

Os militares israelenses afirmam que seus ataques mataram militantes e destruíram túneis, centros de comando, estoques de armas e outros alvos militares, e acusam o Hamas de se esconder entre a população civil em Gaza. Militantes sediados em Gaza têm lançado foguetes contra Israel desde o início do conflito.

A ONU afirma que cerca de 1,4 milhão dos 2,3 milhões de moradores de Gaza são agora deslocados internos, com quase 600 mil em abrigos lotados da organização.

O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, fez um pronunciamento na quarta-feira, 25, no qual afirmou que o país está se preparando para uma operação terrestre na Faixa de Gaza, mas que não divulgará quando ou como a incursão será realizada. Ele também disse que não compartilhará seu conjunto de considerações sobre o tema.

Netanyahu afirmou que houve uma decisão unânime sobre o momento das incursões terrestres. “Iremos cobrar o preço total ao Hamas-Daesh” na invasão, afirmou. No pronunciamento, o primeiro-ministro voltou a ligar a facção palestina com o grupo Estado Islâmico, algo que vem sendo presente em seus discursos. Netanyahu vangloriou-se ainda de que Israel está contando com a ajuda de líderes mundiais, e que eles agora compreendem que “o Hamas é o ISIS, e o ISIS é o Hamas”.

Na terça-feira, o presidente francês, Emmanuel Macron, propôs expandir a missão da coalizão militar internacional que lutou contra o Estado Islâmico para também combater o Hamas, na sequência dos ataques do grupo militante a Israel.

Netanyahu afirmou que os dois objetivos da incursão em Gaza são destruir o Hamas e recuperar os reféns. O israelense disse que todos os membros do Hamas “são homens mortos andando”.

O primeiro-ministro sublinhou ainda que os ministérios do governo estão elaborando planos para cuidar dos deslocados em Israel e para cuidar do resto da população “tal como fizemos durante a pandemia”. Netanyahu mais uma vez apelou aos civis de Gaza para que se dirijam ao sul da região.