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IPCA registrou aumento de 0,56% em dezembro

A taxa acumulada pela inflação no ano de 2023 foi de 4,62%. O resultado ficou acima da mediana das previsões, que era de 4,55%.

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11 de janeiro de 2024
Vinicius Palermo
IPCA registrou aumento de 0,56% em dezembro
A alta nos serviços foi puxada pelas passagens aéreas e pela alimentação fora de casa, apontou André Almeida.

A inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) fechou dezembro com alta de 0,56%, ante uma elevação de 0,28% em novembro, informou na manhã de quinta-feira, 11, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A taxa acumulada pela inflação no ano de 2023 foi de 4,62%. O resultado ficou acima da mediana das previsões, que era de 4,55%. O intervalo das estimativas ia de 4,43% a 4,70%.

O resultado do IPCA no fechamento de 2023 foi o mais baixo para um encerramento de ano desde 2020, quando ficou em 4,52%.

O grupo Alimentação e Bebidas saiu de um aumento de 0,63% em novembro para um avanço de 1,11% em dezembro. O grupo contribuiu com 0,23 ponto porcentual para a taxa de 0,56% do IPCA do último mês.

“Historicamente, os preços dos alimentos têm altas nessa época de final de ano e início de ano, principalmente por conta do clima”, justificou André Almeida, gerente do Sistema Nacional de Índices de Preços no IBGE. “A gente tem visto um volume de chuvas muito intenso em algumas regiões do País, e onda de calor em algumas regiões. A gente tem visto aumento de preços, principalmente, em alimentos sensíveis ao clima”, acrescentou.

A alimentação no domicílio subiu 1,34% em dezembro. As famílias pagaram mais pela batata-inglesa (19,09%), feijão-carioca (13,79%), arroz (5,81%) e frutas (3,37%).

Já o leite longa vida ficou mais barato pelo sétimo mês consecutivo, com queda de 1,26% em dezembro.
A alimentação fora do domicílio aumentou 0,53% em dezembro. A refeição fora de casa subiu 0,48%, e o lanche teve elevação de 0,74%.

A safra agrícola recorde ajudou a deter a inflação de alimentos em 2023. A variação do grupo Alimentação e Bebidas encerrou 2023 com o menor resultado desde 2017, quando havia recuado 1,87%.
“Foi uma combinação de fatores. Esse ano (2023) a gente teve safras muito boas, principalmente a safra de grãos. E os preços das commodities agrícolas tiveram redução no mercado internacional. Isso contribui para uma redução nos preços de diversos alimentos, como carnes, frango”, justificou.

Almeida lembrou que a redução no preço dos grãos diminui o custo da criação de animais através da ração. Além disso, houve uma oferta maior de proteína animal no mercado doméstico, contribuindo para a queda nos preços em 2023.

O custo da alimentação no domicílio caiu 0,52% em 2023. As famílias pagaram menos pelo óleo de soja (queda de 28,00% e impacto de -0,09 ponto porcentual para o IPCA de 2023), frango em pedaços (-10,12% e -0,07 p.p.) e carnes (-9,37% e -0,27 p.p.).

“Os preços do óleo de soja recuaram em dez dos 12 meses de 2023. Os preços das carnes e do frango em pedaços caíram de janeiro a setembro e, a partir de outubro, voltaram a registrar alta”, acrescentou o IBGE.

A alimentação fora do domicílio subiu 5,31% em 2023: a refeição teve aumento de 4,34%, e o lanche avançou 7,24%.

A inflação de serviços – usada como termômetro de pressões de demanda sobre os preços – passou de um aumento de 0,70% em novembro para uma alta de 0,60% em dezembro. A alta nos serviços foi puxada pelas passagens aéreas e pela alimentação fora de casa, apontou André Almeida.

“Os serviços sobem (em dezembro) com alta de passagens aéreas e alimentação fora do domicílio. Normalmente, nesses meses de férias, final de ano, as famílias tendem a demandar mais restaurante, lanchonete, tendem a demandar mais esse tipo de estabelecimento. Isso pode influenciar a variação de alimentação fora do domicílio”, justificou Almeida. “A alta nas passagens aéreas pode ser explicada pela época do ano, em que as famílias viajam mais.”

Já os preços de itens monitorados pelo governo saíram de alta de 0,16% em novembro para aumento de 0,31% em dezembro. No acumulado em 12 meses, a inflação de serviços passou de 6,05% em novembro para 6,22% em dezembro. A inflação de monitorados em 12 meses saiu de 9,07% em novembro para 9,12% em dezembro.

“De maneira geral, a gente pode dizer que a inflação de 2023 foi puxada pelos monitorados. O índice de monitorados ficou acima do índice geral”, resumiu Almeida.

O avanço de 9,12% nos itens monitorados pelo governo em 2023 foi o mais elevado para encerramento de ano desde 2021, quando esse grupo de bens e serviços acumulou elevação de 16,90%.

Todos os nove grupos que integram o IPCA registraram altas de preços em 2023. A maior pressão partiu do grupo Transportes, com alta de 7,14% e contribuição de 1,46 ponto porcentual para a taxa de 4,62% registrada pelo IPCA em 2023.

Os demais aumentos ocorreram em Alimentação e Bebidas (1,03%, impacto de 0,23 ponto porcentual), Saúde e Cuidados Pessoais (6,58%, impacto de 0,86 ponto porcentual), Despesas Pessoais (5,42%, impacto de 0,55 p.p.), Educação (8,24%, impacto de 0,46 p.p.), Habitação (5,06%, impacto de 0,77 p.p.), Comunicação (2,89%, impacto de 0,14 p.p.), Vestuário (2,92%, impacto de 0,14 p.p.) e Artigos de Residência (0,27%, impacto de 0,01 p.p.).

Todas as 16 regiões investigadas pelo IBGE registraram altas de preços em 2023. O resultado mais brando foi verificado em São Luís, 1,70%, enquanto o mais elevado ocorreu em Brasília, 5,50%.