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IPCA fecha junho com alta de 0,21%

O IPCA acumulado em 12 meses ficou em 4,23%, resultado igualmente abaixo do piso das previsões dos analistas

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10 de julho de 2024
Vinicius Palermo
IPCA fecha junho com alta de 0,21%
Esse foi o resultado mais alto para o mês desde 2022, quando ficou em 0,67%.

A inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) fechou junho em 0,21%, ante 0,46% em maio, informou na quarta-feira, 10, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A taxa acumulada pela inflação no ano foi de 2,48%. O IPCA acumulado em 12 meses ficou em 4,23%, resultado igualmente abaixo do piso das previsões dos analistas, que iam de 4,25% a 4,40%, com mediana de 4,34%.

Esse foi o resultado mais alto para o mês desde 2022, quando ficou em 0,67%. Em junho de 2023, a taxa tinha sido mais baixa, de -0,08%. Como consequência, a taxa acumulada em 12 meses acelerou pelo segundo mês consecutivo, passando de 3,93% em maio para 4,23% em junho, maior patamar desde fevereiro deste ano, quando estava em 4,50%. A meta de inflação perseguida pelo Banco Central em 2024 é de 3,0%, com teto de tolerância de 4,50%.

As famílias brasileiras gastaram 0,54% a mais com Saúde e cuidados pessoais em junho, uma contribuição de 0,07 ponto porcentual para a taxa de 0,21% registrada pelo IPCA no mês.

O avanço foi influenciado por um aumento de 1,69% nos perfumes. Houve elevação também de 0,37% nos planos de saúde, em decorrência do reajuste de até 6,91% autorizado pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) em 4 de junho, com vigência a partir de maio de 2024 e cujo ciclo se encerra em abril de 2025.

“Desse modo, no IPCA de junho foram apropriadas as frações mensais relativas aos meses de maio e junho”, informou o IBGE.

O índice de difusão do IPCA, que mostra o porcentual de itens com aumentos de preços, passou de 57% em maio para 52% em junho, segundo o IBGE. A difusão de itens alimentícios passou de 60% em maio para 49% em junho. Já a difusão de itens não alimentícios saiu de 56% em maio para 55% em junho.

As famílias brasileiras gastaram 0,25% a mais com Habitação em junho, uma contribuição de 0,04 ponto porcentual para a taxa de 0,21% registrada pelo IPCA no mês.

A taxa de água e esgoto aumentou 1,13%, uma pressão de 0,02 ponto porcentual sobre a inflação, devido a reajustes tarifários de 9,85% em Brasília a partir de 1º de junho; de 6,94% em São Paulo a partir de 10 de maio; e de 2,95% em Curitiba a partir de 17 de maio.

A energia elétrica residencial aumentou 0,30% em junho, contribuição de 0,01 ponto porcentual para a inflação do mês. O resultado foi influenciado pelo reajuste tarifário de 6,76% aplicado em Belo Horizonte a partir de 28 de maio.

Já o gás encanado recuou 0,49%, decorrente de uma redução média de 1,75% no Rio de Janeiro, a partir de 1º de junho.

A inflação de serviços – usada como termômetro de pressões de demanda sobre os preços – passou de um aumento de 0,40% em maio para uma alta de 0,04% em junho.

Segundo André Almeida, gerente do Sistema Nacional de Índices de Preços do IBGE, houve influência dos recuos nas passagens aéreas “Teve reajustes em algumas plataformas de streaming e em alguns serviços bancários também”, ponderou.

Já os preços de itens monitorados pelo governo saíram de alta 0,55% em maio para aumento de 0,33% em junho.  No acumulado em 12 meses, a inflação de serviços passou de 5,09% em maio para 4,49% em junho, menor patamar desde setembro de 2021, quando estava em 4,41%.

A alta de 7,43% no leite longa vida exerceu a maior pressão sobre a inflação de junho, uma contribuição de 0,06 ponto porcentual para a taxa de 0,21%. Figuraram ainda no ranking de maiores pressões sobre o IPCA de junho a batata-inglesa (0,05 ponto porcentual), gasolina (0,03 p p.), taxa de água e esgoto (0,02 p.p.) e perfume (0,02 p.p.).

Os preços dos alimentos deram a maior contribuição para a inflação de junho. No entanto, as altas foram mais brandas do que no mês anterior, ao mesmo tempo em que houve uma quantidade menor de itens com reajustes, apontou André Almeida.

O grupo Alimentação e bebidas saiu de um aumento de 0,62% em maio para uma elevação de 0,44% em junho. O grupo contribuiu com 0,10 ponto porcentual para a taxa de 0,21% do IPCA do último mês.
“Essa alta (no IPCA) foi influenciada, principalmente, por leite longa vida, batata-inglesa e gasolina”, lembrou Almeida. “Alguns fatores e subitens contribuíram para segurar o resultado de junho, como passagens aéreas e alguns alimentos, como mamão e cebola”, ponderou.

O índice de difusão do IPCA, que mostra o porcentual de itens com aumentos de preços, passou de 57% em maio para 52% em junho. A difusão de itens alimentícios desceu de 60% em maio para 49% em junho
“O maior impacto (de grupo) foi de alimentos, mas houve desaceleração em relação ao mês anterior. A gente teve uma menor difusão, principalmente, nos itens alimentícios”, apontou o pesquisador. “Os preços dos alimentos no domicílio continuaram subindo, porém, em ritmo menos intenso que no mês anterior”, completou.

O custo da alimentação no domicílio desacelerou de uma alta de 0,66% em maio para 0,47% em junho. As famílias pagaram mais pela batata inglesa (14,49%), leite longa vida (7,43%), café moído (3,03%) e arroz (2,25%). Por outro lado, houve quedas na cenoura (-9,47%), cebola (-7,49%) e frutas (-2,62%).

Os alimentos com reajustes estão com restrição de oferta, justificou Almeida. “Tanto o leite longa vida quanto a batata-inglesa subiram de preço influenciados por menor oferta do produto. A menor oferta do leite está relacionada ao período de entressafra e também por um clima adverso no sul do País. Na batata-inglesa, é final da safra das águas e início da safra das secas. Esse volume da safra das secas ainda não foi tão expressivo, a oferta estava mais controlada, mais reduzida”, explicou.

A alimentação fora do domicílio aumentou 0,37% em junho. O lanche subiu 0,39%, enquanto a refeição fora de casa avançou 0,34%.