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Inflação no Reino Unido voltará à meta até primavera no Hemisfério Norte

Em audiência no Parlamento britânico, Bailey atribuiu a projeção à expectativa por um arrefecimento dos preços de energia.

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14 de fevereiro de 2024
Vinicius Palermo
Inflação no Reino Unido voltará à meta até primavera no Hemisfério Norte
O presidente do Banco da Inglaterra (BoE, na sigla em inglês), Andrew Bailey

O presidente do Banco da Inglaterra (BoE, na sigla em inglês), Andrew Bailey, reforçou na quarta-feira, 14, a previsão de que a inflação no Reino Unido retornará à meta de 2% até a primavera no Hemisfério Norte, que começa em março e termina em junho.

Em audiência no Parlamento britânico, Bailey atribuiu a projeção à expectativa por um arrefecimento dos preços de energia.

O banqueiro central estimou que, a partir do verão local, os efeitos da base de comparação favorável devem começar a se reverter, o que pode impulsionar a inflação de novo.

“Mas, para ser claro, acho que é importante colocar isso em perspectiva: acreditamos que a inflação voltará a um pouco menos de 3%, então não retornará ao que era antes”, disse Bailey. Questionado sobre os riscos aos bancos no país, Bailey argumentou que o sistema, no geral, está bem capitalizado e apresenta uma “saúde boa”.

O presidente do Banco da Inglaterra afirmou ainda que o mercado de trabalho do Reino Unido “está claramente apertado”, mas que ainda existem muitas incertezas e é difícil avaliar o tamanho da pressão sobre a oferta de mão de obra.

Bailey comentou que o crescimento salarial teve grande redução no país, embora não na medida desejada pelo banco central, se referindo ao relatório de empregos divulgado na terça-feira.

Ele reiterou que os dados exigem paciência dos dirigentes, enquanto esperam pela redução da inflação. Na visão dele, a eventual queda dos preços será transmitida para as negociações salariais.

Sobre o crescimento econômico do Reino Unido, Bailey afirmou que “ainda está em análise se de fato houve recessão técnica” no segundo semestre de 2023.

O dirigente nota que houve um fortalecimento de alguns setores no fim do ano passado e espera que os dados finais do quarto trimestre mostrem apenas uma estagnação. “E vemos uma aceleração no crescimento em 2024 que pode se estender até o próximo ano”, projetou, ao ser questionado durante sessão do Parlamento do Reino Unido.

O vice-presidente do Banco Central Europeu (BCE), Luis de Guindos, disse na quarta-feira (14) que a inflação da zona do euro está no caminho certo, mas que é preciso ficar atento a fatores de riscos e não se precipitar. Em discurso durante conferência anual de BCs do Mediterrâneo, na Croácia, Guindos citou como riscos pressões salariais, que permanecem altas, margens de lucro, que podem ser mais fortes do que o previsto, e tensões geopolíticas, em especial no Oriente Médio, que podem impulsionar os preços de energia e prejudicar o comércio global.

Guindos disse ainda que o BCE precisa de mais tempo para obter as informações necessárias para confirmar que a inflação está voltando de forma sustentável a sua meta oficial, que é de taxa de 2%.
“É por isso que continuaremos sendo guiados por dados”, afirmou Guindos, acrescentando que os próximos meses serão “particularmente ricos” em novas informações e lembrando que o BCE divulgará novas projeções de inflação e crescimento em março.

Sobre a economia, Guindos disse que a atividade econômica da zona do euro provavelmente ficou estagnada no quarto trimestre de 2023 e que o crescimento potencial da região deverá desacelerar no futuro.

Guindos disse também que muito do impacto da série de aumentos de juros que o BCE implementou nos últimos anos ainda não se concretizou.

O Produto Interno Bruto (PIB) da zona do euro ficou estável no quarto trimestre de 2023 ante os três meses anteriores. Com a estabilidade, o bloco evitou entrar em recessão técnica no fim do ano passado, depois de sua economia encolher 0,1% no terceiro trimestre ante o segundo. Na comparação anual, o PIB da zona do euro teve leve expansão de 0,1% entre outubro e dezembro. Os resultados do PIB confirmaram estimativas preliminares, divulgadas no fim de janeiro, e vieram em linha com as previsões de analistas consultados pela FactSet

A produção industrial da zona do euro subiu 2,6% em dezembro ante novembro de 2023. O resultado surpreendeu analistas consultados pela FactSet, que previam recuo de 0,2% no período. No confronto anual, a produção industrial do bloco teve expansão de 1,2% em dezembro. Neste caso, o consenso da FactSet era de queda de 4,4%. A Eurostat também revisou números da produção de novembro, para ganho mensal de 0,4% e redução anual de 5,4%.