Economia
Tributação alta

Indústria pet conclui 2022 com alta de 17% no faturamento

A indústria pet brasileira encerrou 2022 com um faturamento de R$ 41,9 bilhões, crescimento de 17,2% sobre o ano de 2021.

Compartilhe:
07 de março de 2023
Vinicius Palermo
<strong>Indústria pet conclui 2022 com alta de 17% no faturamento</strong>
A área de petfood representa a maior parte do faturamento da indústria pet.

A indústria pet brasileira encerrou 2022 com um faturamento de R$ 41,9 bilhões, crescimento de 17,2% sobre o ano de 2021. Desde o último levantamento realizado pela Abinpet – Associação Brasileira da Indústria de Produtos para Animais de Estimação, o cenário permanece estável.

Desses R$ 41,9 bilhões faturados pela indústria pet ao longo de 2022, pet food representa 80% (R$ 33,3 bilhões); pet vet (produtos veterinários), R$ 5,9 bilhões, ou 14% do total, e pet care (produtos de higiene e bem-estar animal) R$ 2,68 bilhões, ou 6% do faturamento total.

Isoladamente, cada segmento da indústria pet cresceu 18%, no caso do pet food; 16,5% no caso do pet care e 12% no caso de pet vet, quando comparados com os números de 2021. O balanço Abinpet não leva em consideração a movimentação no varejo, e não inclui a venda de animais diretamente de criadores.  

 “O cenário estável comprova que, mesmo com as turbulências econômicas, as famílias continuam a oferecer aos pets os produtos da nossa indústria, parte do agronegócio e que foi considerada essencial durante o período mais crítico da pandemia. Apesar disso, esses itens ainda são tributados como supérfluos. Como os animais de estimação são considerados parte da família, e agora até mesmo acompanham os seus responsáveis em passeios e viagens, os donos de animais escolhem os melhores produtos possíveis. Mesmo com a inflação e os desafios que enfrentamos na questão tributária”, comenta José Edson Galvão de França, presidente-executivo da Abinpet.  

Ele prossegue explicando que, “a estabilidade acontece apesar dos altos custos de produção, relacionados aos preços das matérias-primas do pet food. Podemos dizer que, após as grandes variações de 2020 e 2021, a poeira baixou um pouco e já podemos projetar que, ao longo de 2023, o crescimento deve ocorrer, porém, ficará abaixo de dois dígitos. É hora juntarmos esforços para recuperar o crescimento para além dessa margem”.  

Para não onerar tanto o consumidor, prossegue Galvão de França, as indústrias ainda têm segurado margens de lucro para recuperar o investimento de famílias que deixaram de oferecer pet food aos animais. Uma alternativa seria uma reforma na tributação do setor, que tem uma das cargas mais altas do mundo, acima inclusive daquela de mercados dos Estados e da Europa, por exemplo.  

A cada R$ 1 pago pelo consumidor, praticamente R$ 0,50 são impostos. Mesmo quando comparado internamente, a faixa de tributação do pet food, um produto alimentício com os nutrientes que os animais necessitam, é a mesma de itens como bebidas e cigarros. “Até agora o setor produtivo conseguiu absorver parte dos custos, mas sabemos que a longo prazo, a conta não fecha, e os mais prejudicados são as famílias que podem não conseguir arcar com uma alta maior de preços”.  

Entre 2020 e 2021, as matérias-primas de origem animal, passaram por aumento que superou os 100% no seu valor de comercialização. As demais matérias-primas como o arroz, por exemplo, um dos ingredientes do pet food mais usados, subiu mais de 100% nos últimos cinco anos. O milho, mais de 200%, e a soja, mais de 130%. Todos eles, ingredientes influenciados tanto pelo câmbio do dólar quanto pela demanda internacional.  

O volume de pet food produzido pelo Brasil chegou às 3,9 milhões de toneladas, crescimento de 7,5% em relação a 2021 ao longo do último ano.  

Em relação às exportações, a indústria observou alta de 5,6% em relação às remessas de 2021, chegando no último ano ao valor de US$ 435 milhões. O pet food representa 94% desse total. Seguem pet care, com 4%, animais vivos com 2% e pet vet com 1%.  

A Associação Brasileira da Indústria de Produtos para Animais de Estimação (Abinpet) representa uma indústria que congrega os segmentos pet food (alimento e ingredientes), pet vet (medicamentos veterinários) e pet care (equipamentos, acessórios e produtos para higiene e beleza). A entidade fortalece o setor por meio de ações que contribuem para o desenvolvimento de seus associados. Também atua para aumentar a percepção de que os benefícios da relação entre seres humanos e animais de estimação se estendem a toda a sociedade.  

Além disso, é cada vez maior a participação desse setor na economia nacional e, por isso, é parte relevante do agronegócio: cerca de 73,9% do faturamento é proveniente dos produtos para nutrição animal, cuja composição é 95% agropecuária, com ingredientes como milho, soja, arroz, trigo e carnes de aves, bovinos e peixes. 

Todos os produtos da indústria de alimentos e medicamentos veterinários são fiscalizados pelo Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA), na Secretaria de Defesa Agropecuária (DIPOA e Vigiagro).  

A Associação é referência técnica para o setor e publica há mais de dez anos o Manual Pet Food Brasil, adotado pelas principais fabricantes de alimento como guia de boas práticas. O Manual contém informações sobre os padrões técnicos e de qualidade de matérias-primas, parâmetros nutricionais, metodologias analíticas aplicáveis e condições ideais de produção para garantir alimentos seguros aos mercados nacional e internacional. Sua atualização ocorre a cada dois anos, considerando o desenvolvimento do setor.