Economia
Inflação menor

Indústria cresce com a melhora do mercado de trabalho

O gerente da Pesquisa Industrial Mensal do IBGE, André Macedo, disse na sexta-feira, 2, que conjunturas da economia brasileira contribuíram para a expansão.

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02 de fevereiro de 2024
Vinicius Palermo
Indústria cresce com a melhora do mercado de trabalho
Para a cadeia produtiva da indústria, ajudaram o aumento das importações e a recente flexibilização da política monetária, completou.

O gerente da Pesquisa Industrial Mensal do IBGE, André Macedo, disse na sexta-feira, 2, que conjunturas da economia brasileira contribuíram para a expansão da produção da indústria brasileira em dezembro ante novembro (1,1%) e no conjunto de 2023 na comparação com 2022 (0,2%).

Macedo citou, especificamente, a melhora no mercado de trabalho, a queda da inflação, o aumento das importações e a recente flexibilização da política monetária, expressa na redução da taxa de juros.
São aspectos que impulsionaram a demanda por produtos industriais de um lado e, do outro, deram melhores condições de produção ao setor.

“Houve melhora no mercado de trabalho, sustentada pela redução na taxa de desocupação e aumento na massa de rendimentos, além de uma inflação mais confortável, principalmente nos alimentos, o que deixou renda disponível para as famílias”, disse sobre os fatores que impulsionaram a demanda.

Para a cadeia produtiva da indústria, ajudaram o aumento das importações e a recente flexibilização da política monetária, completou.

A redução dos juros básicos da economia, ainda que permaneça em “patamar elevado de dois dígitos”, já oferece melhores condições de investimento ao produtor e perspectivas de endividamento menor para as próprias famílias consumidoras. “Tudo isso tem impacto na confiança do consumidor e também dentro da indústria”, disse Macedo.

O resultado positivo da indústria em dezembro, quando a produção avançou 1,1% ante novembro, é marcado por um espalhamento das altas entre as atividades. De fato, das 25 atividades pesquisadas, 14 registraram aumento de produção, 10 mostraram queda e uma, a produção de borracha e produtos plásticos, ficou estável na comparação com o mês anterior.

Segundo Macedo, no mês e em todo o 2023, os chamados bens intermediários, que respondem por 60% da produção industrial do País, tiveram bom desempenho e puxaram o resultado do setor para cima. Em dezembro, disse Macedo, entre esse tipo de bem, o destaque foi especificamente o minério de ferro.

Para dezembro, especificamente, Macedo destacou a alta na produção de alimentos (+2,1%), puxada por carnes e derivados da soja. Ele disse que o incremento das exportações impactaram positivamente a produção do setor tanto na margem quanto no conjunto do ano.

Para além disso, ele mencionou com avanços na passagem de novembro para dezembro a produção de automóveis e motocicletas, autopeças, eletrodomésticos – sobretudo da linha marrom, mas também da linha branca – eletroportáteis e móveis.

Sobre eletrodomésticos, ele destacou um avanço na produção devido à baixa base de comparação ligada às secas na região norte nos meses anteriores, que atrapalhou o transporte de produtos por meio dos rios.

O aumento da produção na indústria extrativa ao longo de 2023 foi o que garantiu o desempenho positivo do setor no ano passado, quando avançou 0,2% no acumulado dos 12 meses.

“O setor extrativo foi o que garantiu a indústria no campo positivo em 2023. Foi a principal influência positiva entre as 25 atividades pesquisadas, sobretudo em função da maior produção de minério de ferro e de petróleo”, disse Macedo.

Segundo o levantamento do IBGE, as indústrias extrativas acumularam alta de 7,0% na produção nos 12 meses até dezembro. Naquele mês especificamente, houve alta de 2,2% para a atividade na comparação com novembro. Com isso, a indústria extrativa alcançou patamar 13,1% acima do pré-pandemia, em fevereiro de 2020.

Em seguida, disse Macedo, vem a indústria de transformação, atividade que só não registrou queda na produção em função dos incrementos na produção de derivados de petróleo e biocombustíveis, que avançou 6,1% no ano mas recuaram 2,6% em dezembro ante novembro, e itens alimentícios, cuja fabricação avançou 3,7% nos 12 meses analisados e 2,1% na margem.

Segundo Macedo, no primeiro grupo se destacaram as produções de álcool, gasolina automotiva e óleo diesel, enquanto nos alimentos os destaques do ano foram as carnes suína e bovina, o açúcar do tipo VHP e Cristal, e as carnes de aves congeladas.

Do lado negativo para o conjunto do ano, Macedo apontou o recuo nas produções de equipamentos de informática e produtos eletrônicos (-11%); máquinas, aparelhos e materiais elétricos, como geradores (10,1%); máquinas e equipamentos, sobretudo para fins industriais, de construção e agrícolas (-7,2%); veículos automotores, reboques e carrocerias (-7,1%); além de produtos químicos, principalmente herbicidas, fungicidas e inseticidas (-5,9%).