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IPCA subiu 0,53% em janeiro, com reajuste na alimentação

A inflação de janeiro, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) foi puxada pelos alimentos.

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09 de fevereiro de 2023
Vinicius Palermo
IPCA subiu 0,53% em janeiro, com reajuste na alimentação
A difusão do IPCA dos alimentos ficou estacionada em 65%. Divulgação

A inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) fechou janeiro com alta de 0,53%, ante um avanço de 0,62% em dezembro, informou na quinta-feira, 9, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

A inflação de janeiro, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) foi puxada pelos alimentos, ainda que a alta desses preços tenha tido desaceleração ante dezembro. Da alta de 0,53% no mês passado, 0,13 ponto porcentual (p.p.) foi acrescentado pelo avanço de 0,59% no grupo Alimentação e Bebidas, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Em dezembro, o grupo havia subido 0,66%.

No grupo Alimentação e Bebidas, a variação da alimentação no domicílio (0,60%) também ficou abaixo da registrada em dezembro (0,71%). Os destaques de alta, segundo o IBGE, foram os preços da batata-inglesa (14,14%), do tomate (3,89%), das frutas (3,69%) e do arroz (3,13%).

Na contramão, houve queda em componentes importantes da cesta de consumo, como a cebola (-22,68%), o frango em pedaços (-1,63%) e as carnes (-0,47%). A alimentação fora do domicílio subiu 0,57%. A maior contribuição (0,02 p.p.) veio do lanche (1,04%), informou o IBGE. A refeição, por sua vez, teve alta de 0,38%, acima do mês anterior (0,19%). Os preços de refrigerantes e água mineral (0,81%) e a cerveja (0,43%) também subiram, informou o IBGE

Índice de difusão do IPCA

O índice de difusão do IPCA caiu em janeiro. No mês passado, 63% de todos os preços pesquisados pelo IBGE registraram alta. Em dezembro de 2022, a proporção foi de 69%. Segundo Pedro Kislanov, gerente do IPCA do IBGE, a redução da difusão foi puxada por preços de produtos não alimentícios.

A difusão dos preços dos alimentos ficou estacionada em 65%, entre dezembro do ano passado e janeiro. Já a difusão de itens não alimentícios foi de 72% em dezembro e caiu para 61% em janeiro. Em parte por isso, Kislanov negou que o cenário apontado pelo IPCA de janeiro seja de inflação pressionada, mesmo ponderando que a redução do índice de difusão é afetada por promoções em produtos de vestuário, com destaque para as roupas femininas, e artigos de cuidados pessoais, como os perfumes.

“Os grupos estão apontando em direções diferentes, não colocaria o IPCA como pressionado”, afirmou o pesquisador. Do ponto de vista regional, Kislanov chamou a atenção para o fato de o IPCA de Salvador (BA) ter ficado em 1,09% em janeiro, a maior taxa dos 16 locais pesquisados pelo IBGE.

A retomada das alíquotas do ICMS na Bahia fez a diferença, como no caso da conta de luz. Os preços médios da tarifa de energia elétrica em Salvador subiram 8,07% em Salvador, “onde o ICMS retornou ao patamar de 27% a partir de 1º de janeiro”, informa a nota do IBGE.

O grupo Habitação subiu 0,33% no IPCA de janeiro, ante 0,20% na leitura de dezembro de 2022. A conta de luz subiu 0,19%, praticamente o mesmo aumento de dezembro de 2022, quando avançou 0,20%. O destaque de alta no grupo Habitação foi a taxa de água e esgoto, com avanço de 1,44%.

Segundo o IBGE, o movimento foi puxado por conta dos reajustes ocorridos em três áreas: Belo Horizonte (12,73%), com reajuste de 14,62%, a partir de 1º de janeiro; Brasília (8,29%), com reajuste de 9,51%, vigente desde 1º de janeiro; e Campo Grande (5,56%), com reajuste de 6,89%, em vigor desde 3 de janeiro.

“Vale ressaltar, ainda, o aumento do gás encanado (4,10%), consequência das altas de 7,92% no Rio de Janeiro, onde as tarifas foram reajustadas em 9,00% no dia 1º de janeiro, e de 3,00% em São Paulo, onde houve aumento de 10,90% a partir de 10 de dezembro e, posteriormente, redução de 0,71% a partir de 1º de janeiro. Já os preços do gás de botijão caíram 1,19%”, diz a nota divulgada pelo IBGE.

O grupo Comunicação subiu 2,09% no do IPCA, maior variação entre os nove grupos de bens e serviços pesquisados pelo IBGE. Isoladamente, o subitem combo de telefonia, internet e TV por assinatura, com alta de 3,24%, teve o maior impacto de alta no IPCA de janeiro, contribuindo com 0,05 ponto porcentual (p.p.) do avanço de 0,53% no índice fechado.

Já o subitem TV por assinatura subiu 11,78% em janeiro. Somados, os dois subitens acrescentaram 0,09 p.p. no IPCA de janeiro.  “Também houve alta nos preços dos aparelhos telefônicos (0,44%) e nos serviços de acesso à internet (2,09%)”, informa a nota divulgada pelo IBGE.

Segundo Pedro Kislanov, é comum esses serviços de comunicação passarem por reajustes nas tarifas no início do ano.  Ainda no campo dos impactos de alta no IPCA de janeiro, o pesquisador lembrou que as chuvas afetaram regiões produtoras de batata e cenoura, que puxaram a alta de 0,60% na alimentação no domicílio.