Diante da descoberta de expressivas reservas em águas ultraprofundas em Sergipe, o estado desponta no setor energético brasileiro, com a previsão de produção de grandes volumes de petróleo e gás em 2028. Com o intuito de preparar gestores sergipanos e entidades correlacionadas ao setor no estado, o Instituto Brasileiro de Petróleo e Gás (IBP) ministrou o Workshop “Diálogos de Energia”, realizado em Aracaju.
O evento foi promovido pela Secretaria de Estado do Desenvolvimento Econômico e da Ciência e Tecnologia (Sedetec) de Sergipe, em parceria com a Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de Sergipe (Fecomércio) e a Sergipe Gás S/A (Sergas).
Apresentando o tema “Upstream Nacional: desinvestimentos, oportunidades, oferta, demanda e preços”, Júlio Moreira, diretor executivo de Exploração e Produção do IBP, ressaltou a grande quantidade de oferta energética prevista para o estado, com perspectiva de produção de 240 mil barris de petróleo por dia e 18 milhões de metros cúbicos de gás por dia.
“O alinhamento estratégico com Sergipe é fundamental para o país, pois o estado tem e terá uma participação importante no abastecimento dessa matriz energética com gás natural a ser produzido aqui na costa”, completou o executivo.
Diante das novas descobertas, Sergipe passa por um momento de desinvestimento da Petrobras em campos de águas rasas. A estatal passou então a concentrar seus investimentos em águas profundas e ultraprofundas no estado, que tem demonstrado grande diferencial competitivo ao longo dos anos, com alta produtividade e menores emissões de gases de efeito estufa.
Júlio Moreira, avaliou a relevância da futura produção sergipana. “As perspectivas para o estado são excelentes, com a descoberta de importantes reservas de gás natural, que vão propiciar o desenvolvimento industrial do estado à medida em que as reservas forem transportadas e trazidas para o continente”.
O gás natural terá um papel importante na transição energética, como destacou a diretora executiva de Gás Natural do IBP, Sylvie D’Apote, que apresentou o painel “O mercado de gás natural e a regulação no Brasil e o Programa Gás para Empregar”. De acordo com Sylvie, Sergipe já está no mapa do óleo e gás há muitos anos, mas com as novas descobertas em águas profundas, o estado dará um grande salto na produção.
“Esse gás é importante porque tem várias características. A principal é que ele não é substancialmente associado ao petróleo. No pré-sal, por exemplo, o petróleo é associado ao gás. Já aqui, a situação se inverte, e o que se tem é o gás associado ao petróleo. Isso quer dizer que esse gás é mais flexível, pode acompanhar melhor a evolução da demanda, que é variável. Nosso país carece desse gás”, destacou Sylvie.
A diretora ressaltou ainda a perspectiva de preços diante desta realidade em Sergipe. “Além do estado ter várias fontes energéticas, possui também um terminal de regaseificação, que está conectado ao mundo e em breve estará conectado também à rede de transportes. Ter muitas fontes para escolher é positivo, pois cria competição e repercute no mercado com a modicidade de preço”, completou a diretora executiva de Gás Natural do IBP.
O Brasil tem avançado no sentido da descarbonização para uma matriz energética mais limpa, como destacou a diretora executiva de Downstream do IBP, Valéria Lima, durante o painel “Processamento e capacidade de refino no Brasil: expansão, importação, preço e biocombustíveis”. A diretora explica que ainda há uma perspectiva de produção de derivados do petróleo, como gasolina e óleo diesel, mas que o Brasil também caminha para o desenvolvimento de biocombustíveis.
“Sergipe está dando um passo muito importante para o desenvolvimento de uma mão de obra compatível com os recursos petrolíferos e gasíferos que o Estado tem. O petróleo ainda vai continuar sendo a principal matriz energética do mundo por um tempo e o mercado brasileiro de derivados é o oitavo maior mercado do mundo. As estatísticas indicam que, mesmo com a transição energética, ainda vamos crescer o consumo de derivados até o início da década de 40. Apesar disso, o percentual de renovável no diesel ainda pode crescer com a introdução de novas tecnologias. O Brasil está investindo nisso”.
O Governador de Sergipe, Fábio Mitidieri, destacou a importância da preparação para o futuro promissor do estado. “Nós vamos viver um novo momento a partir de 2028. Temos que preparar a nossa população, preparar a mão de obra e atrair investidores para aproveitar a oportunidade de ter o gás na porta.
Sergipe tem ainda uma posição geográfica estratégica, entre a Bahia e Pernambuco, dois grandes pólos. Temos grandes vantagens relacionadas à nossa matriz energética, somos um destaque no setor de fertilizantes. Enfim, é um potencial gigantesco, que faz de nós a grande estrela do petróleo e do gás”, enfatizou.
Outros executivos do IBP participaram do evento como Carlos Victal, gerente de Sustentabilidade do IBP, com o Painel “Projetos de descarbonização na indústria de gás”; e Melissa Fernandez, gerente de Tecnologia e Inovação do IBP, com o Painel “Inovação, Tecnologia e P&D”.
“Sergipe tem uma grande oportunidade de materializar o conceito do desenvolvimento sustentável, aliando o desenvolvimento econômico ao social e ambiental”, reforçou Carlos Victal. Melissa Fernandez completou, “o estado de Sergipe tem diversas ferramentas tecnológicas para viabilizar projetos. Esperamos retornar para conhecer o Parque Tecnológico de Sergipe e suas potencialidades”.
Também presente no workshop, a coordenadora do Núcleo de Petróleo, Gás e Biocombustíveis da Universidade Federal de Sergipe (UFS), Lilia Barreto, reforçou a perspectiva das oportunidades geradas para o mercado de trabalho. “A UFS, além de ter dentro da sua estrutura cursos voltados diretamente para a formação de recursos humanos que são abraçados diretamente pela cadeia de petróleo e gás natural, também conta com um núcleo dedicado ao setor, com 17 unidades laboratoriais que atende a toda a cadeia”.
Por meio da difusão de conhecimento técnico de qualidade, o IBP está envolvido com os principais avanços da indústria brasileira. A UnIBP, Universidade do Setor de Petróleo e Gás, criada pelo Instituto, oferece cursos ao setor para capacitar profissionais de forma continuada, sistêmica e inovadora, transformando conhecimento em resultado para os negócios.
A gerente da UnIBP, Karen Cubas, destacou a importância do evento para a formação de conhecimento local. “O workshop foi bom porque tivemos contato com UFS para trazer cursos presenciais e fazer intercâmbio de conhecimentos com professores de Sergipe, para atender a necessidade da indústria e ajudar Sergipe na formação de pessoas qualificadas, conhecendo o que é a indústria de petróleo e gás”, completa Karen.
Também estiveram presentes ao workshop “Diálogos de Energia”, as empresas associadas Carmo Energy e Halliburton.