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Ibovespa tem maior queda desde 12 de junho e baixa dos 128 mil pontos

Na sessão, oscilou dos 127.522,81 aos 129.453,81 pontos, e encerrou em baixa de 1,39%, aos 127.652,06 pontos, com giro a R$ 20,6 bilhões.

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19 de julho de 2024
Vinicius Palermo
Ibovespa tem maior queda desde 12 de junho e baixa dos 128 mil pontos
Em porcentual, a perda desta quinta-feira foi a maior desde o fechamento de 12 de junho (-1,40%).

Após ter retomado na quarta-feira, 18, a trajetória positiva que se estendeu de meados de junho para a primeira quinzena de julho, o Ibovespa colheu nesta quinta-feira a segunda perda do mês em curso, em realização de lucros mais aguda do que a de anteontem, quando havia cedido 0,16%.

Na sessão, oscilou dos 127.522,81 aos 129.453,81 pontos, e encerrou em baixa de 1,39%, aos 127.652,06 pontos, com giro a R$ 20,6 bilhões. Na semana, o Ibovespa passou nesta quinta-feira a terreno negativo (-0,97%), reduzindo o ganho acumulado no mês a 3,02% – no ano, o índice recua 4,87%. Em porcentual, a perda desta quinta-feira foi a maior desde o fechamento de 12 de junho (-1,40%).

Com o sinal trocado em relação ao de ontem, o dia foi de perdas bem distribuídas pelas ações de maior peso e liquidez, à exceção de Petrobras ON (+0,12%). Vale ON, como ontem, seguiu em baixa, hoje de 0,94%, enquanto entre as ações de grandes bancos as quedas chegaram a 1,88% em Bradesco ON e PN no fechamento desta quinta-feira. Na ponta perdedora, Marfrig (-9,08%), BRF (-7,88%), Azul (-7,87%) e Magazine Luiza (-5,87%). No lado oposto, além de Petrobras ON, apareceram apenas outros três nomes – dos 86 da carteira Ibovespa – que conseguiram avançar na sessão: Embraer (+1,48%), Weg (+0,74%) e RaiaDrogasil (+0,20%).

Nesta quinta-feira, o dólar à vista fechou em alta de 1,90%, a R$ 5,5881. “O nome do demônio, aqui, continua o mesmo: a situação fiscal, que implica também a exigência de prêmios maiores na curva de juros”, observa o analista, que considera que a cautela com relação aos ativos domésticos tende a permanecer até que se conheça o relatório bimestral de despesas e receitas, no dia 22 de julho.

Dólar

O dólar disparou na sessão desta quinta-feira, 18, e não apenas rompeu o teto de R$ 5,55 como atingiu o maior valor de fechamento desde o último dia 2. O real sofreu com o ambiente externo de aversão ao risco, marcado por tombo das bolsas em Nova York e busca global pela moeda americana, que se fortaleceu, sobretudo, em relação a divisas emergentes latino-americanas.

Em alta desde a primeira etapa de negócios, o dólar acelerou os ganhos ao longo da tarde e tocou máxima a R$ 5,5896, em momento de perdas mais agudas de pares e em meio a rumores sobre a magnitude do bloqueio no Orçamento. No fim da sessão, a divisa era negociada a R$ 5,5881, alta de 1,90%, o que levou os ganhos na semana a 2,89%.

Apesar dos ruídos fiscais locais, o real teve em geral perdas similares ao do peso mexicano. Quem mais sofreu foi o peso chileno, em razão do tombo das cotações do cobre. Houve certa frustração com a ausência de medidas de estímulos econômico na China, após encerramento de reunião plenária do Partido Comunista chinês.

Juros

Os juros futuros fecharam a quinta-feira em alta, pressionados pela piora de risco fiscal ditada pelo pessimismo em torno do ajuste no Orçamento que será trazido no relatório bimestral do dia 22. Na reta final da sessão, o avanço perdeu ritmo após o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, informar que a contenção será no valor de R$ 15 bilhões. A nova rodada de deterioração do câmbio também pesou sobre a curva diante do impacto que pode representar para o cenário inflacionário.

A partir do meio da tarde, os rendimentos dos Treasuries passaram a renovar máximas, adicionando pressão à curva local.

No fechamento, a taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2025 estava em 10,645%, de 10,608% ontem no ajuste, e a do DI para janeiro de 2026 subia a 11,31%, de 11,18% ontem no ajuste. A do DI para janeiro de 2027 subia de 11,44% para 11,57% e a do DI para janeiro de 2029 avançava de 11,78% para 11,90%.

O valor de R$ 10 bilhões é o piso das estimativas na pesquisa realizada pelo Projeções Broadcast sobre qual deve ser o valor, cuja mediana aponta para R$ 12 bilhões. O teto é de R$ 25 bilhões. Porém, o ajuste total visto como necessário para que o governo atinja o máximo de déficit possível sem descumprir o novo arcabouço fiscal, ou seja, um saldo negativo de 0,25% do PIB, é de R$ 26,40 bilhões (mediana).

No fim do dia, Haddad anunciou que a contenção será de R$ 15 bilhões para cumprimento do arcabouço fiscal neste ano. Serão R$ 11,2 bilhões de bloqueio, por causa de um gasto acima do limite de 2,5% previsto pelo arcabouço, e R$ 3,8 bilhões de contingenciamento, por causa da frustração de receitas em função das pendências junto ao Supremo Tribunal Federal (STF) e ao Senado, já que a decisão sobre a compensação da desoneração ficou para setembro.

“Tomamos a decisão de já incorporar uma eventual perda em função desse adiamento para contemplar o arcabouço fiscal dentro da banda prevista na LDO. São R$ 3,8 bilhões de contingenciamento e R$ 11,2 bilhões de bloqueio, totalizando R$ 15 bilhões”, disse Haddad.

A pressão do câmbio foi outro vetor de estresse para os DIs. O dólar fechou nos R$ 5,5881, com o real sendo penalizado junto com outras moedas emergentes ante o dólar e pela piora na percepção sobre as contas públicas.