Economia
Dólar cai

Ibovespa sobe quase 1%, maior nível desde abril

Ao fim, a referência da B3 ainda mostrava ganho superior ao dos índices de Nova York na sessão, mas contido a 0,94%, aos 121.341,69 pontos

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24 de julho de 2023
Vinicius Palermo
Ibovespa sobe quase 1%, maior nível desde abril
O Ibovespa teve giro financeiro a R$ 24,5 bilhões.

Ao longo da tarde, o Ibovespa devolveu parte da intensidade que o havia alçado, mais cedo, ao maior nível intradia em quase dois anos, com a expectativa por estímulos econômicos na China impulsionando em particular a Vale (ON +3,02%), em dia negativo para as ações de grandes bancos, como Bradesco (ON -1,72%, PN -2,70%) e BB (ON -1,96%).

Ao fim, a referência da B3 ainda mostrava ganho superior ao dos índices de Nova York na sessão, mas contido a 0,94%, aos 121.341,69 pontos, com giro financeiro a R$ 24,5 bilhões na segunda-feira.

Da mínima à máxima do dia, o Ibovespa foi dos 120.099,34 aos 121 771,71 (+1,29%), saindo de abertura aos 120.219,62 pontos. No melhor momento, atingiu hoje o maior nível intradia desde 12 de agosto de 2021, então aos 122.095,40 pontos.

No mês, o índice da B3 acumula ganho de 2,76%, elevando o do ano a 10,58%. Foi o terceiro ganho consecutivo para o Ibovespa, em sua melhor sequência desde os sete avanços diários entre 1º e 12 de junho, há cerca de um mês e meio. O de segunda foi também o melhor nível de fechamento para o Ibovespa desde 1º de abril de 2022, então aos 121.570,15 pontos.

“As duas ações de maior peso no índice – Petrobras e Vale – impulsionaram o Ibovespa em meio à expectativa pela concessão de estímulos à economia chinesa, grande consumidora de commodities. Na China, os dados econômicos têm vindo bem ruins, o que alimenta essa expectativa por estímulos, de que serão realmente necessários”, diz Gabriel Mota, operador de renda variável da Manchester Investimentos. No fechamento, Petrobras ON e PN subiam, respectivamente, 2,07% e 2,09%, em linha com o avanço dos preços do Brent e WTI na sessão.

Na ponta do Ibovespa, e com alto volume de negócios na ação, o destaque na segunda-feira foi a Weg (+7,21%), à frente de Eneva (+4,38%), Embraer (+4,37%) e 3R Petroleum (+4,11%). No lado oposto, IRB (-14,40%), Minerva (-4,38%) e Marfrig (-3,88%).

Na ponta ganhadora da sessão, o papel da Weg tem avançado desde que a empresa divulgou balanço na última semana, e ganhou impulso extra na segunda-feira com investidores animados por possível fornecimento para a Space X. A Weg não tem a empresa do bilionário Elon Musk como cliente, mas sim outra companhia que, por sua vez, atende a Space X. Procurada, a Weg preferiu não comentar o assunto.

No meio da tarde, contudo, o Ibovespa como um todo desacelerou, com piora concentrada no setor financeiro, de grande peso no índice. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, confirmou que o governo estuda acabar com os juros sobre capital próprio (JCP) no ano que vem. Com isso, a tendência é que menos recursos sejam destinados aos acionistas. “Impacta não só os bancos, mas também várias empresas do varejo”, diz Bruno Takeo, analista da Ouro Preto Investimentos.

A agenda da semana começa a ganhar dinamismo na manhã de terça-feira, 25, com a divulgação do IPCA-15, prévia da inflação oficial de julho, aponta Vanessa Naissinger, especialista da Rico Investimentos. “Se tiver um IPCA-15 bem abaixo do esperado, pode ser que o mercado volte a apostar em um corte maior da Selic na reunião da semana que vem, de meio ponto porcentual. Por enquanto, a expectativa majoritária segue em 0,25 ponto”, diz Mota, da Manchester.

Além disso, “a temporada de resultados segue agitada: aqui no Brasil, teremos nesta semana a divulgação de balanços de Vale, Santander, Carrefour, entre outras; e nos Estados Unidos, as big techs Alphabet, Meta e Microsoft”, diz Vanessa, da Rico.

O dólar à vista recuou 0,99% em relação ao real na segunda-feira, 24, a R$ 4,7331 – o menor nível no fechamento desde 20 de abril de 2022 (R$ 4,6204). Segundo operadores, a baixa da moeda respondeu a um ingresso de recursos estrangeiros no País, na esteira da forte valorização das commodities após novos ataques russos à infraestrutura ucraniana e do anúncio de mais uma rodada de estímulos à economia da China.

Esses fatores levaram a moeda americana a recuar também ante outras divisas de países emergentes e exportadores de commodities, a exemplo do peso mexicano (-0,82%), rand sul-africano (-1,09%) e dólar australiano (-0,10%). Em contrapartida, dados de atividade mais fracos da zona do euro fizeram com que o dólar avançasse contra pares fortes, o que se traduziu em alta de 0,34% para o índice DXY, a 101,414 pontos.

Aqui, a moeda operou em queda durante todo o dia, exceto por uma máxima pontual de R$ 4,7834 (+0,06%). Na mínima, chegou a cruzar o piso dos R$ 4,73 e cair a R$ 4,7237 (-1,19%), no menor nível intradia desde 1º de junho do ano passado (R$ 4,7225). O contrato de dólar futuro para agosto movimentou cerca de US$ 12 bilhões e, no horário de fechamento do mercado à vista, caía 1,03%, a R$ 4,7380.

O economista-chefe do Banco Pine, Cristiano Oliveira, afirma que a desvalorização do dólar em relação a divisas emergentes e ligadas a commodities refletiu a forte alta dos preços de commodities. Mas o real acabou sendo destaque entre os seus pares pela redução do risco-País ao longo dos últimos meses, devido à aprovação do novo arcabouço fiscal e da reforma tributária e à manutenção das metas de inflação em 3% pelo Conselho Monetário Nacional (CMN).