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Ibovespa segue invicto em mais um dia de alta

Desde 1º de julho, a recuperação se aproxima de 4,4 mil pontos, ou 3,54%, em relação ao fechamento de junho.

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12 de julho de 2024
Vinicius Palermo
Ibovespa segue invicto em mais um dia de alta
O índice subiu 0,85%, a 128.293,61 pontos, entre mínima de 127.220,95, da abertura, e máxima de 128 326,23, do fim da tarde. O giro foi de R$ 19,8 bilhões.

O Ibovespa segue invicto desde o começo de julho, chegando ao nono ganho consecutivo, o que iguala em extensão a sequência entre 14 e 26 de fevereiro de 2018. Mesmo na contracorrente do dólar nesta quinta-feira – em avanço de 0,55%, a R$ 5,4426 -, o índice registrou também a maior alta da série iniciada em 1º de julho. Hoje, subiu 0,85%, a 128.293,61 pontos, entre mínima de 127.220,95, da abertura, e máxima de 128 326,23, do fim da tarde. O giro foi de R$ 19,8 bilhões.

Na semana, o índice avança 1,60%, limitando a perda no ano a 4,39%. Desde 1º de julho, a recuperação se aproxima de 4,4 mil pontos, ou 3,54%, em relação ao fechamento de junho. Nesta quinta-feira, Vale seguiu em baixa (ON -0,26%), mas o dia foi de retomada para outros nomes do setor metálico, como Gerdau (PN +1,34%) e CSN (ON +1,63%). Petrobras fechou em alta de 0,83% (ON) e de 0,68% (PN), em sessão ao fim majoritariamente positiva para os grandes bancos, à exceção de BB (ON -0,49%) e de Bradesco PN, sem variação no fechamento. No lado oposto, destaque para o avanço de 3,25% em Santander Unit, na máxima do dia no encerramento.

Na ponta ganhadora, TIM (+4,10%), Rumo (+3,40%) e Braskem (+3,27%). Na fila contrária, Transmissão Paulista (-1,53%), Alpargatas (-1,48%) e Hypera (-1,44%).

Mesmo na contramão do câmbio, o Ibovespa foi embalado desde a manhã pela leitura abaixo do esperado para a inflação ao consumidor nos Estados Unidos em junho, o que determinou o sinal positivo do índice da B3 desde a abertura, agora aos 128 mil e no maior nível de fechamento desde 14 de maio, então aos 128 515,49.

Além da aprovação, na quarta-feira à noite, do primeiro texto da regulamentação da reforma tributária pela Câmara, que contribui para a recuperação do humor, dados do IBGE trouxeram hoje crescimento de 1,2% nas vendas do varejo, acima do esperado para maio ante abril, destaca Christian Iarussi, sócio da The Hill Capital.

A leitura deu impulso, na sessão, às ações de empresas do setor de varejo, “ativos que são também muito sensíveis ao cenário de juros”, acrescenta o especialista. Assim, o índice de consumo (ICON) fechou o dia em alta de 1,40%, andando à frente do de materiais básicos (IMAT +0,86%), mais correlacionado a preços e demanda externa.

Dólar

O dólar à vista encerrou a sessão desta quinta-feira, 11, em alta de 0,55%, cotado a R$ 5,4426, com máxima a R$ 5,4536 à tarde. Pela manhã, a moeda chegou a ser negociada abaixo de R$ 5,40, com mínima a R$ 5,3704, em sintonia com o exterior, após a surpreendente deflação ao consumidor nos EUA aumentar as apostas em cortes de juros pelo Federal Reserve neste ano.

Operadores e analistas ouvidos pelo Broadcast atribuíram o escorregão do real na segunda etapa de negócios a ajustes técnicos, em especial no segmento futuro. Após os movimentos abruptos da moeda neste início de mês, com pico intraday em R$ 5,70 em 2 de julho e vale abaixo de R$ 5,40 na quarta-feira e quinta-feira, investidores realizam lucros e buscam reequilibrar posições.

Além disso, divisas latino-americanas como os pesos chileno e colombiano também se descolaram da tendência de enfraquecimento global da moeda americana ao longo da tarde. A forte apreciação do iene, em meio a especulações de intervenção do governo japonês no mercado de câmbio, teria levado a desmonte de operações de carry trade com parte das divisas emergentes. O peso mexicano, contudo, se valorizou com perspectivas de manutenção de juros altos após repique da inflação no México.

Apesar da alta, o dólar à vista ainda acumula baixa de 0,36% na semana. Nos nove primeiros pregões de julho, a moeda apresenta desvalorização de 2,61%. Embora a diminuição dos ruídos domésticos explique a recuperação do real do início de julho para cá, a moeda brasileira ainda tem no mês desempenho um pouco inferior a de seus principais pares latino-americanos, os pesos chileno e mexicano.

Termômetro do comportamento da moeda americana em relação a uma cesta de seis divisas fortes, o índice DXY operou em queda ao longo do dia e recuava mais de 0,5% no fim da tarde, abaixo dos 104,500 pontos, com perdas de mais de 1,7% do dólar em relação ao iene. As taxas dos Treasuries recuaram em bloco, apesar de leilão de T-bonds de 30 anos com demanda abaixo da média. O retorno da T-note de 10 anos rondava os 4,20%, nos menores níveis desde março.

Indicador mais aguardado da semana, o índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) caiu 0,1% em junho, enquanto analistas previam alta de 0,1%. O núcleo do CPI, que exclui preços de alimentos e energia, subiu 0,1%, aquém das estimativas (0,2%). As leituras anuais tanto do índice cheio quando do núcleo vieram abaixo do esperado e mostraram desaceleração.

Juros

Os juros futuros fecharam a sessão desta quinta-feira, 11, praticamente de lado. O alívio na curva dos Treasuries deflagrado pela deflação do CPI nos EUA teve efeito limitado. O mercado buscou dar sequência ao recuo visto nas últimas sete sessões a partir da melhora no exterior, mas com o dado forte das vendas no varejo, o dólar em alta e o aumento do risco nos leilões de prefixados do Tesouro, o movimento foi discreto.

No fechamento, a taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2025 estava em 10,545%, de 10,530% ontem no ajuste, e a do DI para janeiro de 2026, em 11,090%, de 11,070% ontem. A taxa do DI para janeiro de 2027 ficou estável em 11,31% e a do DI para janeiro de 2029 passou de 11,64% para 11,62%.

A dinâmica da curva de juros foi determinada pelos eventos da manhã, marcada pela alternância dos sinais nas taxas, enquanto a segunda etapa foi de acomodação em queda moderada. Logo na abertura, a Pesquisa Mensal de Comércio (PMC) surpreendeu e empurrou os juros para cima, mas na sequência veio o dado da inflação nos EUA e esfriou o ímpeto de alta, com as taxas virando para baixo.

Dada a melhora do ambiente externo, o Tesouro teve espaço para elevar os lotes de prefixados no leilão. A oferta de 8 milhões de LTN foi vendida parcialmente (7,3 milhões), enquanto o lote de 4 milhões de NTN-F, papel preferido dos estrangeiros, teve demanda integral. Segundo a Warren Investimentos, o risco para o mercado (DV01) foi de US$ 642 mil, ante US$ 180 mil na semana passada.