Economia
Bolsa brasileira

Ibovespa estende série de ganhos pela 10ª sessão

Foi o quarto avanço semanal consecutivo para o índice da B3, que sobe agora 4,03% no mês, cedendo ainda 3,94% no ano. O giro desta sexta-feira ficou em R$ 17,6 bilhões na B3.

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13 de julho de 2024
Vinicius Palermo
Ibovespa estende série de ganhos pela 10ª sessão
O Ibovespa flertou com os 129 mil pontos na máxima do dia, encerrando aos 128.896,98 pontos, em alta de 0,47% na sessão.

Em paralelo à acentuação de ganhos nos índices de ações em Nova York no meio da tarde, e acompanhando a virada do dólar frente ao real (em baixa de 0,21%, a R$ 5,4311 no fechamento), o Ibovespa flertou com os 129 mil pontos na máxima do dia, encerrando aos 128.896,98 pontos, em alta de 0,47% na sessão. Foi o quarto avanço semanal consecutivo para o índice da B3, que sobe agora 4,03% no mês, cedendo ainda 3,94% no ano. O giro desta sexta-feira ficou em R$ 17,6 bilhões na B3.

Nessas duas primeiras semanas de julho, o Ibovespa subiu em todas as sessões: uma sequência de 10 altas, a mais longa desde a série de 11 entre 20 de dezembro de 2017 e 8 de janeiro de 2018, quando o dólar estava em R$ 3,23 e o Ibovespa chegava então aos 79.378,53 pontos. Na semana que chega ao fim nesta sexta-feira, o índice avançou 2,08%, ganho semelhante ao do primeiro intervalo de julho (+1,91%).

Na máxima desta sexta-feira, o Ibovespa foi aos 129.014,75, saindo de abertura a 128.293,46 pontos, com mínima aos 128 002,39 na sessão. O nível de fechamento foi o mais alto desde 8 de maio, então perto dos 129,5 mil pontos – no intradia, o nível de 129 mil não era visto desde 10 de maio.

Em relação à mínima de fechamento do ano, tocada em 17 de junho, aos 119.137,86, a retomada se aproxima de 9,8 mil pontos, ou 8,19% em relação ao ponto em que estava naquela data. Ante a máxima histórica de fechamento, em 27 de dezembro passado, então aos 134.193,72, o Ibovespa permanece a uma distância correspondente, na prática, à variação de 2024, na medida em que a última sessão de 2023 foi no dia 28, ainda aos 134.185,24 – a segunda maior marca da história, em encerramento.

Após 10 altas consecutivas, o quadro das expectativas para o curtíssimo prazo é mais conservador, segundo o Termômetro Broadcast Bolsa desta sexta-feira. Entre os participantes, 40% esperam avanço para as ações na próxima semana, fatia bem menor do que os 85,71% que previam ganhos para a Bolsa na pesquisa anterior. A projeção de estabilidade tem outros 40% e de queda, 20%. No último levantamento, 14,29% acreditavam em variação neutra e não havia respostas indicando baixa.

Na sessão, a alta de Vale (ON +1,47%, na máxima do dia no fechamento, a R$ 62,92) – acentuada à tarde em paralelo ao avanço do índice – prevaleceu sobre as perdas de Petrobras (ON -0,56%, PN -0,47%). O dia foi moderadamente negativo para a maioria dos grandes bancos, à exceção de Banco do Brasil (ON +1,32%, também na máxima da sessão no encerramento). Na ponta do Ibovespa nesta sexta-feira, destaque para B3 (+4,16%), CSN Mineração (+2,62%) e Hypera (+2,36%). No lado oposto, Transmissão Paulista (-4,24%), Cyrela (-4,20%) e MRV (-4,13%).

Dólar

Após uma alta pela manhã em meio a ruídos políticos e fiscais, o dólar à vista perdeu força ao longo da tarde e fechou em leve queda nesta sexta-feira, 12, alinhado ao comportamento da moeda americana no exterior. Apesar da inflação no atacado nos EUA levemente acima do esperado, cresce a expectativa de corte de juros pelo Federal Reserve a partir de setembro.

A recuperação do real na segunda etapa de negócios se deu em sintonia com o aumento dos ganhos do Ibovespa, que chegou a superar pontualmente a linha dos 129 mil pontos, e o aprofundamento das perdas do dólar em relação a outras divisas latino-americanas. Dados da B3 mostram retomada do apetite estrangeiro por ações domésticas, com saldo positivo de R$ 2,88 bilhões no mês, até o dia 10.

Com mínima a 5,4160 e máxima R$ 5,4656, o dólar à vista terminou o pregão em baixa de 0,21%, cotado a R$ 5,4311, acumulando perda de 0,57% na semana. Em julho, a moeda americana cai 2,81%. O real tem na semana e no mês desempenho inferior aos pesos mexicano, chileno e colombiano, fato atribuído por analistas ainda ao quadro fiscal doméstico.

Para operadores, parte da alta do dólar pela manhã esteve relacionada ao tom mais belicoso adotado pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, em fala durante o 9º Congresso Internacional de Jornalismo Investigativo, da Abraji.

Juros

Os juros futuros fecharam a sexta-feira em alta, apesar da queda dos rendimentos dos Treasuries e da melhora do câmbio durante o dia, pressionadas por mais um indicador surpreendente de atividade na semana – o de serviços – e pelas preocupações com o cenário fiscal, em especial os sinais de impasse nos projetos de desoneração da folha de pagamentos e o da renegociação da dívida dos Estados.

No fechamento, o contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2025 tinha taxa de 10,595%, de 10,590% no ajuste de ontem, e o DI para janeiro de 2026, taxa de 11,14%, de 11,07%. A do DI para janeiro de 2027 subia de 11,28% para 11,34% e a do DI para janeiro de 2029, de 11,60% para 11,65%.

A curva vinha devolvendo prêmios de forma consistente desde a sinalização de corte de R$ 25,9 bilhões em despesas obrigatórias no Orçamento de 2025, das declarações do presidente Lula em torno da responsabilidade fiscal e com o IPCA de junho abaixo do piso das estimativas nesta semana. O exterior também ajudou com aumento das apostas no início dos cortes de juros nos EUA em setembro e num orçamento total que pode chegar a 75 pontos este ano.

Na sexta-feira, porém, uma possível nova rodada de alívio ficou comprometida, a despeito dos rendimentos dos Treasuries terem caído mais, com o da T-Note de dez anos chegando ao fim do dia na casa de 4,18%, mesmo com a inflação no atacado norte-americano vindo acima do consenso.